8 projetos radicais para salvar o planeta
Da histérica proposta de extermínio de camelos na Austrália aos planos da geoengenharia de colocar em órbita um gigante "guardassol", confira uma seleção de ideias inusitadas para combater o aquecimento global
Vanessa Barbosa
Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 17h45.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h33.
São Paulo – O derretimento das geleiras da Groelândia e Antártida são a principal causa da elevação dos níveis dos mares. Para pôr um fim nesse problema, cientistas propõem o envolvimento da região em um cobertor high tech capaz de proteger as geleiras da incidência da luz solar, evitando assim o derretimento. À frente dessa ideia está o Dr. Jason Box, um glaciologista da Universidade Estadual de Ohio, que desde 1994 lidera expedições ao local. Para combater o rápido derretimento glacial, ele propõe cobrir uma área total de 10 mil metros quadrados na costa leste da Groelândia com uma manta branca de polipropileno feita a partir de uma resina termoplástica que possui a característica de refletir o sol e, ao mesmo tempo, resistir às temperaturas extremas do Ártico. A tecnologia não é tão inovadora quanto a dimensão de sua aplicação. Mantas de polipropileno são comumente utilizadas nos Alpes para preservar o gelo dos montes destinados às pistas de esqui durante o verão.
São Paulo – Em dias muito ensolarados, há quem só saia de casa munido de uma sombrinha. E se a mesma lógica fosse aplicada para combater os efeitos do aquecimento global no mundo? A ideia de bloquear a incidência de luz solar na Terra, por incrível que pareça, já existe e tem seus defensores. O professor Roger Angel, do Arizona, que ajudou a criar o maior telescópio do mundo, acredita que o poder do sol poderia ser reduzido pela colocação de um parassol gigante no espaço. O “guardassol” de 100 mil quilômetros quadrados seria composto de trilhões de lentes que reduzem em 2% a intensidade da luz solar. Essa estrutura colossal seria posicionada a 1,5 milhões de quilômetros do nosso planeta, para orbitar em um local conhecido como L1, um ponto de equilíbrio gravitacional entre o Sol e a Terra. Mas lançar no espaço 20 milhões de toneladas (peso estimado das placas) exigiria esforços extras e muito grana para desenvolver, por exemplo, um lançador eletromagnético, que seria posicionado no alto de uma montanha onde a resistência do ar é menor.
São Paulo - Stephen Salter, um físico especialistas em atmosfera terrestre da universidade de Edimburgo, acredita que nuvens podem ser criadas para proteger o mundo do raios do sol. Ele propõe o borrifamento de vapor de água salgada sobre o mar para induzir a formação de nuvens espessas e brancas capazes de refletir a luz solar, impedindo assim que o planeta aqueça. O objetivo é aumentar em 10% a reflexividade das nuvens marinhas do tipo etsrato-cumulus, que são baixas e cobrem pelo menos 25% dos oceanos. Mil e quinhentos navios monitorados por controle remoto seriam usados para espargir na atmosfera gotículas de água e sal. Como é de se esperar, o projeto encontra objeções de muitos cientistas, que afirmam ser difícil prever os efeitos colaterais dessa intervenção de geoengenharia no delicado ecossistema terrestre, o que poderia, levar, por exemplo, à maior incidência de chuvas.
São Paulo – No começo de junho, uma empresa australiana apresentou o que considera ser a solução para reduzir as emissões emissões de gases efeito estufa no país: matar toda a população de camelos, formada por cerca de 1,2 milhão de animais. O argumento é de que a cada camelo morto, 45 quilos de gás metano deixariam de ser emitidos por ano no ar, o que equivale a uma tonelada de dióxido de carbono. Absurda, mirabolante, perversa, chame como quiser, a proposta da companhia Northwest Carbon, está sendo estudada pelo governo do estado de Camberra como parte de um projeto de redução de emissões no setor agrícola. O extermínio em massa dos animais teria efeito similar ao de tirar de circulação cerca de 300 mil carros que percorrem, anualmente, 20 mil km, dizem seus defensores. Para erradicá-los, a empresa sugere usar helicópteros e carros com atiradores. Depois de abatidos, os camelos teriam a carne processada para uso em ração animal. Tudo bem que na Austrália, camelos são considerados pragas que se multiplicam aos montes e destroem plantações, mas um projeto de abate em massa é um pouco demais, não?
São Paulo – Que tal lançar na atmosfera milhões de toneladas de um poluente como o dióxido de enxofre (SO2), responsável pelas chuvas ácidas? Pois essas é a proposta de um grupo de climatologistas americanos para por um fim ao aquecimento global. Por mais polêmico que possa parecer, o projeto de Tom Wigley, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos EUA tem sua lógica, explicada pelo efeito das erupções vulcânicas. Segundo o cientista, ao ser espargido na atmosfera pelo vulcão em atividade, o SO2 oxida e adere ao vapor d'água para formar pequenas gotas de ácido sulfúrico, que ajudam a baixar a temperatura no entorno. Foi o que aconteceu, de forma natural, com a erupção do monte Pinatubo, nas Filipinas, em 1991. O ácido sulfúrico emitido fez com que a temperatura local diminuísse em média 0,5ºC. Wigley propõe reproduzir artificialmente os efeitos das erupções vulcânicas para combater o aquecimento global. No lugar dos vulcões, seriam usados aviões para lançar o dióxido de enxofre no ar.
São Paulo – Aqui, o famoso bordão ecológico “plante uma árvore” é menos modesto. Por que não plantar uma floresta inteira? E por que não fazer isso em um deserto? O consultor e engenheiro ambiental, Mark Hodges acredita que as florestas poderiam ser geradas em massa pela queda de "bombas árvore" de um avião. O método já foi usado para regenerar a floresta de mangue na Louisiana após o furacão Katrina. As mudas viriam em recipientes de cera cheios de fertilizante, que explodiriam quando atingissem o solo. Com esse sistema, desertos inteiros poderiam ser cobertos com árvores, que pela fotossíntese absorveriam CO2 da atmosfera. A água para irrigar essas florestas seria fornecida por usinas de dessalinização localizadas na costa e transportada por aquedutos. De todos os projetos da lista, este é talvez o mais exequível do ponto de vista prático, não fosse seu alto custo.
São Paulo – Imagine se pudéssemos acabar com o aquecimento global apenas retirando, por um processo mecânico, o dióxido de carbono da atmosfera, impedindo assim que ele se junte à camada de gases efeito estufa que sufocam o planeta? Essa é a ideia defendida pelo cientista canadense David Keith. Em sua empresa de tecnologia, ele desenvolve uma máquina que aspira o ar ambiente, pulveriza-o com uma solução de hidróxido de sódio e então o expele como ar limpo. O CO2 capturado é então armazenado no solo. A primeira versão do equipamento, que saiu em 2008, foi testada no Estádio de McMahon em Calgary, no Canadá. Com a instalação do sistema de purificação do ar em uma torre de captura, foi capturado o equivalente a 20 toneladas por ano de CO2 do ambiente utilizando somente 100 quilowatts hora de energia por tonelada de dióxido de carbono.
São Paulo – Cobrindo mais de 70% do planeta, os oceanos são um dos principais escoadores de CO2 de que a humanidade dispõe. Mas diante dos aquecimento global, o fitoplâncton que converte dióxido de carbono em matéria viva está se esgotando. O plano B aí seria derramar nos mares uma grande quantidade de ferro, que age como fertilizante para muitas plantas e alguns microorganismos - incluindo os fitoplanctons que, no processo de crescimento, devorariam o CO2. Em 2009, o governo alemão começou a testar essa técnica para avaliar o potencial de absorção de dióxido de carbono como medida de combate ao aquecimento global. O projeto, entretanto, foi interrompido pelas protestos constantes por parte de ambientalistas contrários à intervenção no oceano.