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6 grandes empresas de tecnologia com sérios problemas a resolver

Seis empresas que foram líderes, inspiraram gerações de empreendedores e agora enfrentam crises dramáticas

Gigantes em crise (Jonathan Ferrey / Getty Images)

Maurício Grego

Publicado em 14 de outubro de 2011 às 16h22.

Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h30.

São Paulo — Kodak, HP, Yahoo!, Nokia, RIM e Motorola são nomes emblemáticos do mundo da tecnologia . Cada uma na sua área, essas empresas foram líderes e inspiraram muitas outras a seguir seus passos. Mas agora elas estão em crise. Algumas enfrentam a amarga experiência de ver seus produtos ser considerados ultrapassados, sua participação no mercado encolher e seu valor despencar. Em certos casos, o cenário é de um rápido e inesperado colapso. Em outros, é de uma estagnação que se arrasta durante anos. Para a Motorola Mobility, o problema é a incerteza do que virá depois da compra pelo Google. Confira, a seguir, os erros e as transformações que levaram essas seis empresas a perder importância no mercado e o que poderá acontecer com elas.
  • 2. A Kodak perde o foco

    2 /7(Scott Olson / Getty Images)

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    O mundo da fotografia nunca mais foi o mesmo depois que os filmes deram lugar aos sensores digitais – especialmente para a Kodak . A empresa fundada por George Eastman era sinônimo de fotografia . Eastman criou a primeira câmera fácil de usar em 1888, quatro anos antes de fundar a Kodak. Seus filmes produziram desde incontáveis fotos casuais até obras de arte hoje expostas em museus. Sua marca é caso de estudo em cursos de marketing. A cor das suas embalagens – o “amarelo Kodak” – é prontamente reconhecida em dezenas de países. Foi um dos grandes fenômenos empresariais do século XX. Mas a tecnologia mudou e a empresa virou mera coadjuvante no mercado onde antes era a atriz principal. Apesar de produzir câmeras digitais (entre muitos outros produtos) a Kodak é uma marca secundária nesse ramo. Ao longo dos anos, fechou fábricas e encolheu. No final de setembro, circulou a notícia de que estava à beira da falência. A empresa negou, mas admitiu que havia contratado o escritório de consultoria Jones Day, especializado na restruturação de companhias em dificuldades. Desde o início do ano, a cotação das ações da Kodak despencou quase 70%. Agora, ela se apega a seu vasto acervo de patentes para tentar ganhar dinheiro com royalties, licenciando tecnologia para outras empresas. Não parece ser esse o futuro que George Eastman (que morreu em 1932) vislumbrava.
  • 3. A HP erra nas contas

    3 /7(Ken Funakoshi/Flickr/Creative Commons)

  • Maior fabricante de computadores do mundo, a HP parece ter sofrido um terremoto em agosto. O então CEO Leo Apotheker anunciou que a empresa sairia do negócio de PCs , origem de 31% do seu faturamento. Também decretou o fechamento da  área de smartphones e tablets, frustrando quem havia comprado esses produtos ou criado aplicativos para eles. Para completar, negociou a aquisição da Autonomy, produtora britânica de software, por um preço considerado exorbitante pelo mercado. Apotheker foi demitido e Meg Whitman, que havia sido CEO do EBay, foi chamada para substituí-lo. Mas, nesse momento, o valor de mercado da HP já tinha caído à metade. Agora, a empresa tenta definir para onde vai. A crise chama atenção não só porque a HP é uma das maiores companhias de tecnologia do mundo mas também porque ela foi modelo para muitas outras. Bill Hewlett e Dave Packard – os dois engenheiros da universidade de Stanford que montaram a HP em 1939 – são considerados os fundadores do Vale do Silício. A HP, que nasceu numa garagem (preservada como local histórico), tem inspirado várias gerações de empreendedores. Mas seu momento atual certamente não é nada inspirador.
  • 4. Yahoo! e seus pretendentes

    4 /7(Justin Sullivan / Getty Images)

    A história do Yahoo! , um dos principais portais globais da web, confunde-se com a da própria internet. Jerry Yang e David Filo fundaram a empresa em 1995, quando ainda eram estudantes na universidade de Stanford, no Vale do Silício. A empresa sobreviveu ao estouro da bolha da internet, em 2001, e cresceu faturando com publicidade online. Mas começou a patinar na metade da década passada. Em fevereiro de 2008, a Microsoft tentou comprar o Yahoo! por 44,6 bilhões de dólares, mas a empresa rejeitou a oferta. Hoje, o Yahoo! é avaliado em 21 bilhões de dólares – menos da metade daquele valor. Apesar de permanecer lucrativo, sua receita tem caído ano a ano desde 2008. No dia 2 deste mês, Jack Ma, CEO da chinesa Alibaba, declarou que tinha interesse em comprar o Yahoo! (que é dono de 40% da companhia asiática). Além disso, as apostas no mercado são que a Microsoft prepara uma nova tentativa de aquisição. Assim, é possível que, em breve, o Yahoo! deixe de existir como empresa independente.
  • 5. A ligação da Nokia caiu

    5 /7(Getty Images)

    O lançamento do iPhone , em 2007, iniciou uma transformação no mercado de celulares . Muito inovador, o smartphone da Apple partiu do zero e tornou-se o campeão de vendas. O Android, que adotou várias das características do iPhone, emergiu como sistema operacional dominante. Todos os produtos anteriores passaram a ser vistos como ultrapassados e perderam espaço. E o fabricante que teve o declínio mais espetacular foi a Nokia . Entre o segundo trimestre de 2010 e o mesmo período deste ano, sua participação no mercado de smartphones caiu de 41% para 22%. Considerando todos os tipos de celulares, a fatia da Nokia reduziu-se de 30% para 23%. A empresa fechou fábricas e demitiu milhares de pessoas. Ainda é a maior do mundo nessa área, mas a rapidez com que vem perdendo participação no mercado é dramática. A Nokia parece ter concluído que seu sistema operacional Symbian não tinha condições de evoluir com a necessária velocidade. E não havia tempo para desenvolver um novo. Evitando a opção mais óbvia – o Android – a empresa finlandesa resolveu adotar o Windows Phone em seus smartphones. Os primeiros aparelhos dessa nova safra devem chegar ao mercado em breve. Mas ninguém acredita que a Nokia possa recuperar a posição perdida – ao menos nos próximos anos.
  • 6. O BlackBerry já não brilha tanto

    6 /7(Reprodução)

    A canadense Research in Motion ( RIM ), fabricante dos smartphones BlackBerry, conquistou o posto de marca preferida no mundo corporativo e parece ter se acomodado com a conquista. Na visão do mercado (a empresa nega, é claro), sua ótima aceitação nas empresas levou-a a desprezar o usuário individual. Seus produtos são vistos como pouco amigáveis e parecem antiquados em comparação com o iPhone e os smartphones com o sistema Android . Mas o mercado de smartphones para uso pessoal cresce mais rapidamente que o de aparelhos para empresas. E, para complicar as coisas, Android e iPhone também circulam nos corredores das corporações, competindo com o BlackBerry. O resultado é que, comparando o segundo trimestre deste ano com o mesmo período de 2010, a participação da RIM no mercado de smartphones caiu de 19% para 13%, segundo o Gartner Group. Já as ações da empresa despencaram 60% neste ano. A renovação parecia estar chegando com o tablet PlayBook, principal novidade na linha BlackBerry neste ano. Mas, pelo que se sabe, suas vendas têm andado em marcha lenta. E a empresa não parece ter nenhum produto espetacular a caminho. Nesta semana, sua imagem já desgastada sofreu novo arranhão. O BlackBerry Messenger e outros serviços da rede da RIM falharam durante vários dias, deixando os usuários sem poder usá-los.
  • 7. A Motorola diz "hello" ao Google

    7 /7(Montagem com imagens de divulgação)

    Motorola Mobility e Google pareciam ser um casal improvável quando a gigante das buscas anunciou a compra da fabricante de celulares, em agosto. O Google não tem experiência com fabricação de equipamentos. Ter sua própria linha de smartphones e tablets parece criar um conflito com sua posição de parceiro de outros fabricantes, para quem licencia o sistema Android. Para completar, o Google divulgou, na época, que estava interessado basicamente no acervo de patentes da Motorola. Para a empresa que inventou o celular, isso trouxe uma chuva de incertezas.  A Motorola começou a operar em 1928 e adotou seu nome atual em 1947. Dois irmãos, Paul e Joseph Galvin, montaram a empresa para produzir componentes para receptores de rádio. Ela foi pioneira no desenvolvimento de equipamentos de comunicação em várias épocas. Nos anos 70, uma equipe da empresa liderada por Martin Cooper criou o primeiro celular. Depois, viriam aparelhos bem sucedidos como o MicroTac e o Razr. É um ícone da indústria e da inventividade americana. Nos últimos anos, porém, depois que a popularidade do Razr declinou, a Motorola nunca mais teve o mesmo sucesso. Em 2008, quando ela parecia caminhar para um desastre, Sanjay Jha, ex-executivo da Qualcomm, assumiu o comando. Ele demitiu muita gente e dividiu a companhia em duas. A metade responsável pelos produtos de uso pessoal, a Motorola Mobility, é a que foi comprada pelo Google neste ano. A empresa tem vários produtos elogiados e tecnicamente avançados, como os smartphones Atrix 2 e Milestone 3 (este recém-lançado no Brasil) e o tablet Xoom. Mas seu sucesso comercial tem sido modesto. E o Google ainda não deixou claro o que vai fazer com a empresa.
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