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10 erros das empresas de tecnologia em 2010

Da Microsoft ao Google, da Apple ao Facebook, gigantes da tecnologia mostraram este ano que erros fazem parte do jogo

Kin, a linha de celulares da Microsoft (Divulgação/Microsoft)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2010 às 05h00.

Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h38.

O anúncio foi feito no melhor estilo da concorrente Apple. Um evento à imprensa com assunto não divulgado previamente foi agendado, e lá a Microsoft revelaria ao mundo a linha de smartphones Kin. Para se diferenciar do iPhone e dos BlackBerries, o foco seriam os jovens e para isso a empresa fizera uma pesquisa sobre o comportamento desse público no mundo inteiro. Após anos de desenvolvimento e um bilhão de dólares de investimento, em maio os aparelhos Kin One e Kin Two chegariam ao mercado norte-americano, em uma parceria da Microsoft com a operadora Verizon.
Mas as vendas fracassaram. Alguns analistas de mercado calculam que foram comercializadas apenas 500 unidades da linha, enquanto os mais otimistas chegam a 10 mil. Fato é que em julho, apenas seis semanas depois do lançamento, os produtos foram retirados do mercado, e a participação da Microsoft entre os fabricantes de aparelhos, descontinuada.
Na semana passada, o site Engadget, especializado em tecnologia, informou que a Verizon está planejando retomar as vendas dos celulares Kin. Mas o movimento da operadora indica muito mais uma tentativa de acabar com os estoques remanescentes do que um retorno do produto aos planos de investimento da Microsoft.
  • 2. O iPhone 4 e o "Antennagate"

    2 /10(David Paul Morris/Getty Images)

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    A quarta geração do iPhone será lembrada por recursos como o FaceTime e a tela Retina, mas também pelo problema que ficou conhecido como Antennagate e que se tornou uma dor de cabeça para a Apple. Tudo começou no dia seguinte ao lançamento do produto. Vários consumidores reclamaram em sites e blogs que o iPhone 4 perdia sinal quando seguravam no canto inferior esquerdo do aparelho. Um cliente chegou a enviar um e-mail diretamente ao presidente-executivo da Apple, Steve Jobs, de quem teria recebido a resposta “evite segurá-lo desta forma”. Não demorou e o assunto virou alvo de piadas entre concorrentes da Apple ao mesmo tempo em que consumidores mais exaltados acionavam a empresa na Justiça norte-americana. A Consumer Reports, entidade que defende os interesses de consumidores nos Estados Unidos, chegou a recomendar que o aparelho não fosse comprado.
    A Apple acabou convocando uma entrevista coletiva às pressas cerca de duas semanas depois do lançamento, em uma atitude tomada raríssimas vezes na história da empresa. Jobs surgiu para dizer que o problema foi relatado por apenas 0,55% das pessoas que compraram o iPhone 4, mas a empresa teve de reconhecer que a falha de sinal existia, mesmo que para isso ressaltasse que não era característica exclusiva do aparelho. E se comprometeu a dar capinhas grátis para todos os clientes até o fim de setembro, um investimento que custou US$ 175 milhões aos cofres da empresa.
  • 3. Google Wave

    3 /10(Reprodução/Google)

  • O Google Wave estreou em 2009 e foi anunciado como o “e-mail do futuro”, por tentar unir características de diversos serviços de comunicação, como o próprio e-mail, comunicador instantâneo, wiki e rede social em um único ambiente, acessível a partir de qualquer navegador. No lançamento, feito durante a conferência Google I/O, a empresa considerava que o serviço revolucionaria a web. Mas foi só as pessoas começarem a usar para perceber que, além de a ferramenta ser complicada de se entender por si só, havia uma série de falhas ainda não resolvidas. Fora isso, uma rede que deveria funcionar na base da colaboração mas que era liberada apenas para usuários convidados não tinha muito para deslanchar. Em agosto deste ano, o Google reconheceu o fracasso da plataforma. Por conta da baixa adesão dos usuários, a empresa disse que ainda utilizaria a tecnologia desenvolvida para o serviço em outros projetos, mas que descontinuaria o Google Wave como um produto independente.
  • 4. Nexus One, o celular do Google

    4 /10(Divulgação/Google)

    Depois que a Apple se deu bem em lançar um celular com sua marca própria, o Google também embarcou na ideia e no dia 5 de janeiro de 2010 apresentou o Nexus One, que recebeu o apelido de “celular do Google”, embora fosse fabricado pela HTC. Com tela OLED de 3,7 polegadas, processador de 1GHz e todos os aplicativos móveis do Google instalados de fábrica, o smartphone não decepcionou como produto, mas a estratégia de vendas do aparelho fez com que a marca fracassasse. O aparelho foi disponibilizado nos Estados Unidos e em outros poucos países e em mais de dois meses vendeu só 135 mil unidades. Para se ter uma ideia, a Apple e a Motorola venderam um milhão de iPhones e Droids, respectivamente, no mesmo período.
    Seis meses depois, no dia 16 de julho, o Google anunciou que iria encerrar as vendas diretas do Nexus One nos Estados Unidos, mantendo o comércio apenas em mercados menores e em canais parceiros. “Embora a adoção mundial da plataforma Android tenha superado nossas expectativas, a loja virtual não fez o mesmo”, comunicou a companhia em nota. Na época, o presidente-executivo da empresa, Eric Schmidt, chegou a dizer que o Google não investiria mais em aparelhos celulares. Os planos acabaram mudando e tudo indica que o mundo conhecerá o sucessor do Nexus One, o Nexus S, em breve. Se a primeira tentativa tiver servido de lição, espera-se que o novo smartphone não figure na lista de fracassos de 2011.
  • 5. O iPhone 4 branco

    5 /10(Justin Sullivan/Getty Images)

    A ausência da versão branca do iPhone 4 no mercado não parece ter afetado o faturamento da Apple com vendas de celulares, segmento que somente no último trimestre representou US$ 8,6 bilhões da receita da companhia. Mas pegou mal para a empresa de Steve Jobs descumprir a promessa de lançar o modelo, especialmente porque não foi apenas uma, mas três vezes que isso aconteceu – até agora.
    O iPhone 4 branco foi apresentado pelo próprio presidente da empresa em junho, junto com o aparelho preto, e deveria começar a ser vendido no mesmo mês. A Apple acabou soltando uma nota afirmando que teria de adiar o início das vendas do modelo branco para o mês seguinte. Em julho, no entanto, a companhia voltou a protelar a chegada do produto, deste vez explicando que “fabricação do modelo é mais difícil do que o estimado a princípio”. A nova previsão era que as vendas começariam até o fim do ano.
    No fim de outubro, a companhia voltou a público para repetir o comunicado. “Sentimos muito por desapontar os consumidores que estão esperando pelo iPhone branco mais uma vez, mas decidimos atrasar seu lançamento até a primavera [do Hemisfério Norte, que começa em março de 2011]”. O site Boy Genius Report, citando fontes próximas à Apple, já publicou informações que dão conta de que a companhia teria cancelado a produção do modelo, uma vez que provavelmente em junho do ano que vem a empresa deve lançar uma nova versão do iPhone. No Twitter, na ocasião do último adiamento, a expressão “white iPhone 4” ficou associada às hashtags #fail e #epicfail.
  • 6. Google Buzz

    6 /10(Reprodução/Google)

    O Google Buzz foi lançado no dia 9 de fevereiro de 2010 como uma nova rede social que se integraria ao serviço de webmail Gmail. Dois fatores principais fizeram com que o serviço não desse certo. Primeiro foi a falta de timing do Google, que lançou o serviço quando Facebook e Twitter já dominavam o mercado de ferramentas sociais na internet. Rival do Google, a Microsoft alertou a concorrente na ocasião do lançamento. “Pessoas ocupadas não querem outra rede social, o que elas querem é a conveniência de agregação”, declarou a empresa em um comunicado. “Nós fizemos isso. Os clientes do Hotmail têm se beneficiado com o trabalho da Microsoft com o Flickr, Facebook, Twitter e 75 outros parceiros desde 2008”.
    O segundo e mais grave problema foi que, mesmo atrasado, o Google estreou o Buzz incompleto e sem a realização de todos os testes necessários, o que levou a um serviço cheio de falhas. O pior de todos foi o fato de expor informações de contatos de pessoas que se relacionavam na rede. Depois de uma série de críticas, a empresa resolveu alterar as configurações de privacidade, mas até hoje responde a processos na Justiça dos Estados Unidos e do Canadá por conta das falhas de segurança. Em meio a tantos obstáculos, o serviço jamais ganhou popularidade suficiente para concorrer com o Facebook, atualmente um dos maiores concorrentes do Google na internet.
  • 7. O dia em que o Twitter zerou

    7 /10(Reprodução/Twitter)

    Uma das falhas mais simples cometidas pelo Twitter acabou por afetar absolutamente todos os 100 milhões de usuários da rede de microblogs no dia 10 de maio. De repente, todos os contadores de seguidores e seguidos estava zerado. O assunto virou o mais comentado dos usuários da rede em nível mundial e muitos atribuíam o problema à ação de hackers.
    Para entender o que ocorreu, é preciso antes saber que há uma série de comandos no Twitter que podem ser executados no espaço para envio de mensagens. Assim, se alguém quiser seguir um perfil, é possível apenas escrever “follow” seguido do nome do usuário, da mesma forma que para enviar uma mensagem privada basta digitar “DM” antes do nome da pessoa. Para os que mantém suas mensagens restritas apenas a perfis autorizados, a palavra “accept” seguida do nome de alguém deveria liberar o acesso à timeline para quem o requisitou. O turco Bora Kirca nem sabia deste comando quando quis se declarar fã da banda Accept por meio da mensagem “accept pwnz” (algo como “accept domina”). A mensagem não apareceu, mas ele percebeu que o usuário @pwnz, que sequer havia requisitado segui-lo, havia se tornado seu seguidor. Descoberta a falha, ele começou a adicionar perfis de pessoas famosas como seus seguidores e a divulgar o comando.
    Quando a equipe do Twitter percebeu já havia virado festa, e para desfazer a bagunça todos os usuários tiveram os contadores de seguidos e seguidores zerados temporariamente. No fim, a falha não chegou a gerar grandes problemas, mas mostrou que os sistemas de grandes sites estão vulneráveis. Caso o comando permitisse tomar outras ações, como escrever mensagens em nome de outras pessoas, a brecha poderia ter se tornado um desastre.
  • 8. Twitter: o caso onMouseOver

    8 /10(Reprodução/Twitter)

    Pior do que permitir “forçar” qualquer pessoa a seguir um usuário no Twitter foi a falha que proliferou uma série de códigos maliciosos pela rede de microblogs em pouquíssimas horas. O bug, que chegou a ser apelidado de “vírus do Twitter”, foi explorado no dia 21 de setembro, e permitia a execução de scripts publicados nas timelines do site.
    No episódio que parou o Twitter, os responsáveis pelos ataques inseriram códigos que eram executados quando o usuário passava o mouse sobre determinado trecho de texto, por meio do comando “onMouseOver”. A falha foi utilizada por diversos hackers, em versões de códigos que levavam a sites pornográficos, abriam mensagens pop-up ou simplesmente retuitavam um falso link com cores ou tamanhos de fonte para chamar ainda mais a atenção das vítimas.
    Mais grave do que a brecha existir é o fato de que ela já havia sido detectada pela equipe do Twitter e inclusive corrigida um mês antes do caos. “No entanto, uma atualização recente do site (não-relacionada ao ‘Novo Twitter’) de maneira desconhecida fez com que o problema ressurgisse”, declarou Bob Lord, da equipe de segurança da empresa. O Twitter acabou vindo a público para pedir desculpas aos usuários pelos inconvenientes, apesar de garantir que nenhuma informação pessoal chegou a ser comprometida.
  • 9. MySpace desiste e se rende ao Facebook

    9 /10(Jerod Harris/Getty Images)

    Fundado em 2003, o MySpace chegou ocupar o posto de rede social mais popular do mundo e foi a primeira a chegar aos 100 milhões de usuários cadastrados. Em seu auge, em 2005, foi vendido à News Corp por 580 milhões de dólares. O crescimento meteórico do Facebook, entretanto, fez com que o site perdesse cada vez mais espaço, embora ainda insistisse em manter a essência que o tornou tão conhecido. Em agosto de 2010, o MySpace que já havia ficado para trás do Facebook perdeu espaço também para o Twitter, que desbancou a rede social no ranking da consultoria comScore.
    Por causa da má fase, surgiram especulações de que o MySpace estaria à venda e que poderia até mesmo fechar definitivamente as portas. O executivo-chefe da empresa, Mike Jones desmentiu os boatos, mas admitiu que não tem mais condições de concorrer na guerra entre as redes sociais. No fim de outubro deste ano, o MySpace foi reformulado, ganhou novo layout, nova logo e, com isso, mudou também de estratégia. Mantendo o foco em música e bandas, o site busca agora um público entre 13 e 35 anos apenas como um serviço complementar ao Facebook. “O MySpace não é mais uma rede social”, decretou Jones no início de novembro em uma entrevista ao jornal “The Telegraph”.
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