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Seguradoras de veículos dão desconto para reter clientes na pandemia

Com a crise provocada pela pandemia de coronavírus, preço do seguro caiu, em média, 10% no Rio de Janeiro a junho

A arrecadação do Seguro Auto acumula queda de 5,3% em relação ao mesmo período de 2019 (Levi Bianco/Getty Images)

A arrecadação do Seguro Auto acumula queda de 5,3% em relação ao mesmo período de 2019 (Levi Bianco/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 21 de setembro de 2020 às 07h34.

Com a crise provocada pela pandemia, as seguradoras de veículos estão oferecendo condições especiais para a renovação dos contratos, que incluem descontos e coberturas personalizadas. Segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), de janeiro a julho, a arrecadação do Seguro Auto acumula queda de 5,3% em relação ao mesmo período de 2019, resultado de descontos oferecidos e menos apólices vendidas. Ou seja, antes de renovar ou contratar um seguro novo, é preciso pesquisar e negociar o melhor custo-benefício.

A maior parcela de contratação de seguros vem de veículos novos, cujas vendas caíram durante a pandemia. Por isso, a estratégia tem sido focar na renovação.

— As empresas começaram a oferecer descontos em relação ao valor do ano passado, mais opções de parcelamento e até estenderam o bônus para a renovação fora do prazo. Entendemos que todos estão tentando redirecionar melhor os seus recursos, e é preciso dar opções — explica Walter Pereira, presidente da Comissão de Automóvel da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).

Quem não oferece uma boa proposta pode perder o cliente. Os microempresários Rachel Zan, de 48 anos, e Ronaldo Zan, de 54, trocaram a seguradora com a qual trabalharam por dez anos por uma outra concorrente que ofereceu um preço melhor:

— O corretor nos recomendou a mudança, já que conseguimos um valor R$ 800 mais barato, podendo ser parcelado. Nunca tivemos problema com a seguradora anterior, mas agora na pandemia estamos buscando o que é melhor para o bolso — conta Rachel.

Atenção à cobertura

Fabio Izoton, presidente do Clube dos Corretores de Seguros do Estado do Rio de Janeiro, ressalta que a ajuda de um especialista é necessária na hora de avaliar se uma proposta é mesmo vantajosa, fazendo uma comparação entre as ofertas disponíveis no mercado.

Como muitas pessoas começaram a questionar se precisavam mesmo de seguro, já que o carro tem ficado na garagem a maior parte do tempo, os especialistas lembram que seguro é uma prevenção e os riscos, mesmo que menores, existem. Uma saída é optar por uma cobertura menor.

— Mesmo não saindo de casa, há alguns danos e eventos que independem disso. E sempre há o risco de o dia em que sair ocorrer um sinistro. O importante é ver do que realmente se precisa, que às vezes não é exatamente o pacote padrão. Pode-se optar por uma cobertura de valor mínimo — explica Paula Sauer, planejadora financeira.

 

 

As corretoras estão investindo nessa cobertura personalizada, diz Izoton, mais econômica se uma proteção contra tudo não é necessária. Pode-se escolher proteger só contra roubo e não contra colisão, por exemplo. Um corretor pode ajudar com sugestões sobre como cortar os custos, já que está informado sobre os riscos de determinada área ou do modelo do veículo, e como a empresa avalia isso. As seguradoras dão cotações diferentes dependendo da região em que se mora, do carro, do uso e mesmo do sexo do motorista. Então, pode ser difícil avaliar condições diferentes.

Há também a opção de seguro tipo “liga e desliga”. Este só é válido para momentos contratados.

— Esse tipo de seguro é interessante para quem tem uma utilização baixa dos veículos, mas para quem usa mais, vai ver que sai caro e não compensa — diz Izoton.

Riscos menores

Para manter o segurado, as empresas negociam como podem. Em parte, os riscos diminuíram, o que permitiu que as empresas repassassem essa economia. No Rio, que tem um dos seguros mais caros do país devido ao elevado índice de roubo de carros, esse tipo de crime caiu 32% até julho. Com isso, a queda no valor do seguro foi maior que a média nacional.

— O Rio tem a peculiaridade do risco alto de roubo, que caiu bastante. Com a crise, o preço do seguro caiu, em média, 10%, de janeiro a junho. Mas o cenário já parece estar mudando com a reabertura — diz Antonio Carlos Costa, presidente do Sindicato das Seguradoras/RJ.

 

 

O desafio das empresas é conseguir prever esses riscos para passar a cotação mais justa, facilitar o pagamento em parcelas ou oferecer outra opção mais em conta. Mas há espaço para negociar.

— Fizemos uma reavaliação dos riscos para ver o que podíamos repassar. Oferecemos descontos e produtos com uma cobertura um pouco menor, ou apenas para um risco específico, como roubo. Oferecemos até opções da nossa marca low cost, Azul. O importante é deixar o cliente satisfeito dentro do grupo — Gilmar Pires, diretor executivo da Azul Seguros, empresa do Grupo Porto Seguro.

A oportunidade foi tanta que algumas seguradoras conseguiram até aumentar as renovações.

— Demos 20% de desconto, em média, para quem renovasse agora. Com isso, vimos as taxas de renovação aumentarem mais de 20 pontos percentuais entre abril e julho, frente ao mesmo período do ano passado — diz José Luiz Machado, gerente de produtos na Youse.

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