Executivo com luvas de boxe: Investimentos conservadores têm batido a rentabilidade da poupança (Thinkstock/ismagilov)
Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2015 às 10h17.
São Paulo - A poupança rendeu 7,33% nos últimos 12 meses, encerrados no dia 28 de maio. O retorno é inferior à inflação medida pelo IPCA no mesmo período, que segundo os Indicadores Econômicos do Banco Central deve ficar em 8,27%.
Além de não manter o poder de compra do investidor, a caderneta tem perdido para outros investimentos do mercado que também são conservadores, como o Tesouro Selic - título do Tesouro Direto que acompanha a variação da taxa Selic -, que rendeu 12,55% nos últimos 12 meses.
A poupança também tem ficado na lanterna na comparação com os Certificados de Depósito Bancários (CDBs), títulos de dívidas emitidos por bancos, e também com os fundos de renda fixa e fundos DI, que são fundos de investimento que aplicam em ativos de renda fixa.
Mesmo contando com a isenção do Imposto de Renda (IR), nos últimos 12 meses a poupança apresentou um rendimento inferior ao de outros investimentos, que mesmo sofrendo o desconto do IR apresentam resultados melhores do que a caderneta. Veja na tabela a seguir:
Investimento | Rentabilidade bruta nos últimos 12 meses | Rentabilidade nos últimos 12 meses, descontado o IR |
---|---|---|
Caderneta de poupança | 7,33% | 7,33% |
Tesouro Direto (Tesouro Selic) | 12,55% | 10,08% |
Fundos referenciados DI | 11,73% | 9,68% |
Fundos de renda fixa | 12,35% | 10,19 |
CDB com rendimento de 90% do CDI | 10,34% | 8,53% |
CDB com rendimento de 100% do CDI | 11,55% | 9,53% |
Fonte: Banco Central do Brasil, Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima) e calculadora do professor Samy Dana, da Fundação Getúlio Vargas.
Mas, por que exatamente a poupança tem perdido de outros investimentos? Por causa da sua forma de remuneração. A caderneta rende 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR - taxa que fica próxima a zero) quando a taxa Selic é maior que 8,5% ao ano, como é o caso neste momento.
Essa regra de remuneração pode ser vista como uma trava quando a poupança é comparada a outros investimentos.
Isso acontece porque a maioria das aplicações de renda fixa do mercado segue o comportamento da taxa Selic. Portanto, conforme a taxa sobe, esses investimentos tendem a acompanhar essa alta e elevar sua rentabilidade, enquanto a caderneta fica restrita ao rendimento de 0,5% mais a TR.
Dessa forma, como a Selic tem passado por consecutivas elevações, cada vez mais esses outros investimentos ampliam sua vantagem sobre a caderneta. A poupança só fica atrelada à Selic se a taxa básica for menor ou igual a 8,5% ao ano, quando a caderneta passa a render 70% da taxa Selic mais a TR (regra válida para depósitos realizados a partir de 04 de maio de 2012).
E a poupança tende a ficar ainda menos atrativa. Na semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá para definir se a taxa Selic sofrerá alguma alteração e, segundo perspectivas de economistas ouvidos pelo Boletim Focus do Banco Central, os juros devem passar dos atuais 13,25% para 13,75% ao ano na próxima reunião, marcada para os dias 04 e 05 de junho e devem se manter assim até o final do ano.
Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a taxa de juro pode subir ainda mais e chegar a 14,5% até o final do ano. “Eu acredito que a taxa só volta a cair a partir do segundo trimestre do ano que vem”, afirma.
A elevação da taxa é uma estratégia do governo para tentar conter a inflação. Como os juros básicos dizem qual é o preço do dinheiro naquele momento, quando a taxa sobe o crédito fica mais caro e o consumo tende a cair, diminuindo a demanda e consequentemente reduzindo a inflação.
Em abril, a poupança teve sua pior captação desde 1995. No mês, os brasileiros retiraram 5,85 bilhões de reais a mais do que depositaram na poupança.
Apesar da baixa atratividade da poupança em relação a outros investimentos, a menor captação é mais justificada pelo aperto no orçamento das famílias, na opinião de André Perfeito.
"A poupança é um investimento principalmente para pessoas de baixa renda, que só poupam quando sobra dinheiro. A taxa de juro não é um grande chamariz, o que tem provocado de fato a baixa captação da poupança é o aumento da inadimplência e da inflação, que deixam as famílias sem dinheiro para investir", afirma o economista-chefe da Gradual.
Veja, no vídeo a seguir, como usar o Tesouro Direto como alternativa à poupança:
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