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Por que o Tesouro Direto é a bola da vez

Com Selic de volta à casa dos dois dígitos, rentabilidade do Tesouro Direto deixou o investimento atrativo; mas é preciso ter cuidado com prazos e objetivos

Bolas de bilhar: momento é propício para quem quer comprar títulos do Tesouro (Gary Scott/SXC)

Bolas de bilhar: momento é propício para quem quer comprar títulos do Tesouro (Gary Scott/SXC)

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Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2013 às 14h35.

São Paulo – Com a taxa básica de juros de volta à casa dos dois dígitos, o Tesouro Direto ficou ainda mais atrativo, oferecendo boas remunerações acima da inflação para curto, médio e longo prazo. O momento se tornou propício para quem deseja comprar títulos públicos, pois as taxas oferecidas pelas Notas do Tesouro Nacional-série B estão na casa de 6% acima da inflação, e as Letras Financeiras do Tesouro (LFT) vão se beneficiar dos juros altos.

O Tesouro Direto é bastante indicado para o pequeno investidor por ser um investimento rentável, seguro, barato e que requer aportes baixos. A plataforma online do Tesouro Nacional para a compra e venda de títulos públicos por pessoas físicas oferece títulos pós-fixados – atrelados à Selic –, pré-fixados – com uma taxa estabelecida na hora do investimento – e híbridos de pré e pós-fixados – com parte da remuneração pré-fixada e a outra parte atrelada à inflação.

Ocorre que todas as taxas dos títulos públicos – tanto as pré quanto as pós-fixadas – são afetadas pela taxa Selic. No caso das LFTs, que são pós-fixadas, quanto mais a taxa Selic sobe, maior a remuneração do investidor que as detém. No caso dos títulos que têm parte ou toda a remuneração pré-fixada, uma Selic maior se traduz em uma taxa pré-fixada maior no ato da compra.

Por exemplo, no início de novembro de 2012, quando a Selic tinha acabado de passar para sua mínima histórica de 7,25% ao ano, as Letras do Tesouro Nacional (LTN), que são pré-fixadas, pagavam entre 7% e 8% ao ano, dependendo do prazo. Hoje, quem comprar esses mesmos títulos vai receber em torno de 12% ao ano no vencimento.

O mesmo acontece com as NTN-Bs, que têm a vantagem de protegerem o dinheiro investido contra a inflação. Quem comprou um título desses no início de novembro do ano passado, por exemplo, vai receber um juro real (remuneração acima da inflação) entre 2% e 4% no vencimento, dependendo do prazo.

Já quem comprar um título desses agora vai receber em torno de 6% acima da inflação no vencimento. “É um juro real bastante elevado, em um cenário em que a inflação não deve ser muito baixa”, diz Arnaldo Curvello, diretor de gestão de recursos da Ativa Corretora.

Tesouro Direto deixa poupança e renda fixa conservadora no chinelo

Agora que a remuneração da poupança estacionou em 0,5% ao ano mais Taxa Referencial (TR) – rentabilidade fixa para cenários em que a Selic estiver acima de 8,50% ao ano – todas as demais aplicações conservadoras de renda fixa ganham da caderneta. O Tesouro Direto é a melhor delas, sendo mais interessante que os CDBs, por exemplo.

Em comparação com outras aplicações atreladas à taxa de juros, as LFT são as mais rentáveis, uma vez que a Selic costuma ser ligeiramente maior do que a taxa CDI, que baliza aplicações como CDBs e fundos DI.


Cuidado com os pré-fixados

O Tesouro Direto oferece a segurança da garantia do governo e uma alta liquidez, uma vez que é possível vender os títulos mesmo antes do vencimento, toda quarta-feira. Isso não quer dizer, porém, que o investimento seja imune a perdas, então é preciso tomar alguns cuidados.

Investir em LFT é tranquilo, pois esses títulos se beneficiam da alta de juros, e mesmo quando a taxa básica entra em queda, eles continuam remunerando o que propõem: uma taxa próxima à Selic. Por mais que o investidor fique sujeito ao sobe-e-desce dos juros, sem previsibilidade de quanto exatamente vai ganhar, ele sabe que vai receber algo próximo da taxa Selic, auferindo rentabilidade positiva ainda que venda o título antes do vencimento.

O mesmo, porém, não ocorre com os títulos que têm parte ou a totalidade da remuneração pré-fixada. Deve haver um equilíbrio entre a taxa de juros que eles pagam e o valor do título, para a formação do valor do vencimento. Assim, se a Selic tem perspectiva de alta, a taxa pré-fixada também sobe e o valor do título cai. Quando a Selic tem perspectiva de queda, o juro pré-fixado também cai, e o valor do título sobe.

Esse mecanismo, chamado de marcação a mercado, não afeta quem carrega o título até o vencimento - este investidor vai receber exatamente a remuneração acordada no ato da compra. Mas quem vender o título antes do término do prazo pode perder dinheiro se, naquele momento, a Selic tiver perspectivas de elevação. É o que ocorre com LTNs, NTN-Fs (pré-fixadas) e NTN-Bs (atreladas à inflação).

Isso significa que quem comprar uma NTN-B agora, por exemplo, vai obter uma excelente taxa de 6% acima do IPCA caso leve esse título ao vencimento. Contudo, a Selic pode subir mais, penalizando estes papéis e tornando a compra de novas NTN-Bs ainda mais interessante no futuro. “O mercado já prevê uma alta da Selic a até 10,50%, mas há alguns que acreditam que pode ser mais que isso, uma vez que a barreira dos dois dígitos já foi vencida”, observa Paulo Bittencourt, diretor técnico da Apogeo Investimentos.

No entanto, se ainda mais futuramente a taxa básica de juros voltar a cair, os títulos comprados hoje vão se valorizar, uma vez que novas aplicações em NTN-Bs passarão a pagar juros reais menores.

Por exemplo: quem comprou NTN-Bs no início do ano, com a remuneração na casa dos 2% ou 3% acima do IPCA, viu seus títulos se desvalorizarem ao longo de 2013. Porém, mais vale comprar novas NTN-Bs agora, com remuneração mais alta, do que se desfazer daqueles títulos e amargar perdas no principal investido. Afinal, se carregados ao vencimento, os títulos menos rentáveis ainda assim vão pagar juros acima da inflação, o que não é desprezível.


O mais indicado quando se compra uma NTN-B, LTN ou NTN-F, portanto, é ficar com o título até o vencimento. Por isso, a boa escolha dos prazos é crucial: quanto maior o prazo do título, mais alta é a remuneração, mas é importante casar a data de vencimento com o objetivo, a fim de não ficar com o dinheiro “preso”. Apesar da alta liquidez do Tesouro Direto, na prática a possibilidade de perder dinheiro desestimula o investidor a resgatar seu dinheiro antes da hora.

“As pessoas podem ficar frustradas porque se amarraram a títulos longos que tinham uma remuneração interessante no momento da compra, mas que deixa de ser interessante num cenário posterior”, diz Paulo Bittencourt.

Se você está poupando para a aposentadoria e compra uma NTN-B de 30 anos, por exemplo, obter um juro real de 5% ao ano provavelmente vai ser bem vantajoso quando você se aposentar. Mas se a Selic subir mais nesse meio tempo, aparecerão outras NTN-Bs ainda mais rentáveis, e a de 5% que você detém verá uma desvalorização momentânea. Cabe ao investidor resistir à tentação de vender os títulos que perdem no curto prazo e permanecer firme na compra de novos títulos mais rentáveis.

Vídeo: Qual o maior risco do Tesouro Direto?

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