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CRIs e CRAs são a nova moda da renda fixa. Vale a pena investir?

Em busca de retornos maiores na renda fixa, investidores correram para CRAs e CRIs, isentos de Imposto de Renda. Mas é preciso cautela antes de aplicar

Risco X retorno: CRIs e CRAs são mais arriscados do que outros títulos de renda fixa (Phil Ashley/Thinkstock)

Risco X retorno: CRIs e CRAs são mais arriscados do que outros títulos de renda fixa (Phil Ashley/Thinkstock)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 05h00.

Última atualização em 20 de fevereiro de 2017 às 09h21.

São Paulo - É provável que você nunca tenha ouvido falar dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), mas eles estão na moda. O CRA foi o investimento de renda fixa que mais cresceu em emissão para pessoas físicas em 2016, e o CRI não ficou muito atrás.

Em dezembro passado, o volume de emissões de CRAs era 10 vezes maior do que no ano anterior e atingiu 4,8 bilhões de reais. Já o volume de emissões de CRIs era quatro vezes maior e chegou a 8,6 bilhões de reais em dezembro. Os dois bateram seu recorde histórico.

A emissão de CRAs e CRIs ainda é pequena se comparada à de outras aplicações de renda fixa, como títulos públicos e CDBs. No entanto, esses títulos atraem investidores porque são isentos de Imposto de Renda e podem oferecer retornos mais agressivos, de 100% do CDI ou mais.

Ou seja, sem descontos de imposto e de outras taxas, sua rentabilidade pode ficar muito próxima da taxa Selic, referência dos investimentos de renda fixa, atualmente em 13% ao ano.

Os CRAs e os CRIs são muito parecidos com as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e com as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), que roubaram a cena em 2015 e ganharam fama entre investidores pessoa física. Assim como as LCAs e LCIs, esses papéis são emitidos para captar dinheiro para as empresas do agronegócio e do setor imobiliário.

A diferença é que as LCAs e LCIs são emitidas pelos bancos para financiar esses setores, enquanto os CRAs e CRIs são emitidos diretamente pelas empresas. Assim, o risco de investir nesses papéis é maior, já que eles não são protegidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que garante até 250 mil reais ao investidor se o banco quebrar.

Apesar do risco, muitos investidores correram para os CRAs e CRIs pela falta de LCAs e LCIs no mercado. Com a crise econômica, os bancos restringiram o crédito para o agronegócio e para o setor imobiliário e passaram a emitir menos LCAs e LCIs.

Por outro lado, emitir CRAs e CRIs era uma forma das empresas captarem recursos. Resultado? “Os CRAs e CRIs viraram as novas LCAs e LCIs”, resume Fábio Zenaro, superintendente de produtos da Cetip, companhia responsável por depositar e liquidar os títulos privados no Brasil.

Vale a pena o risco?

Apesar de serem investimentos de renda fixa, ou seja, de permitirem ao investidor conhecer a forma de rentabilidade antes de aplicar, os CRAs e CRIs exigem mais cautela do investidor. “Eles viraram moda assim como as LCAs e LCIs já foram um dia, mas o seu risco é maior”, explica o professor Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper.

Se a empresa quebrar, o investidor não recebe seu dinheiro de volta, já que a aplicação não é protegida pelo FGC, destinado somente aos bancos. No entanto, empresas com fluxo de caixa estáveis oferecem menos risco de crédito.

Então como se investe em CRI e CRA? Em primeiro lugar, não deposite todo o seu dinheiro disponível para investimento nesse tipo de aplicação. Depois, não aplique mais do que 10% dos seus recursos em papéis de uma mesma empresa, como aconselha Viriato.

É preciso conhecer os papéis e as empresas que estão por trás dos títulos antes de investir, como recomenda Marcio Cardoso, sócio-diretor da corretora Easynvest. Para isso, o consultor financeiro da corretora pode ajudar, mas as avaliações das agências de rating são um bom indicativo.  

As empresas com os maiores estoques de CRAs no Brasil são a BRF, a Fibria e o GPA (Grupo Pão de Açúcar), segundo  Cetip. Já as que têm os maiores estoques de CRIs são a Multiplan e a Direcional.

Em geral, quanto maior o risco da empresa emissora dar calote no investidor, maior a taxa de retorno oferecida, segundo Fábio Zenaro, da Cetip. Por isso, desconfie de taxas muito acima de 100% do CDI.

A isenção de Imposto de Renda no resgate é o principal atrativo dos CRIs e CRAs. O benefício permite um ganho de 3 pontos percentuais no CDI, em média, como destaca Mauro Mattes, gerente da corretora Concórdia.

É importante lembrar que esses papéis não têm liquidez diária, ou seja, eles não são um bom investimento para quem pretende resgatar o dinheiro no curto prazo ou quer ter os recursos à disposição para quando precisar. Em média, os CRIs e CRAs têm prazo de vencimento de quatro anos, mas pagam juros semestrais ou anuais.

É possível investir em CRIs com investimento inicial de 1.000 reais, segundo Cardoso, da Easynvest. Já os CRAs são bem menos acessíveis e, em alguns casos, só são oferecidos para milionários.

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