Minhas Finanças

Cotação do ouro sobe 25% em três meses. Vale a pena investir?

Metal precioso é valorizado em tempos de temores de recessão global e estresses provocados pela guerra comercial. Veja como aplicar

Ouro pode voltar a se fortalecer com nova queda do dólar, avalia EXAME Gavekal (Getty Images/Getty Images)

Ouro pode voltar a se fortalecer com nova queda do dólar, avalia EXAME Gavekal (Getty Images/Getty Images)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 27 de agosto de 2019 às 18h05.

Última atualização em 27 de agosto de 2019 às 23h56.

São Paulo - Refúgio de investidores em períodos de incerteza, a cotação do ouro disparou nos últimos três meses: passou de 165 reais para 221 reais o grama, um crescimento de 25%. No mesmo período, o Ibovespa subiu 17,3%, segundo dados da Economatica.

O levantamento considera a cotação do contrato financeiro de ouro padrão no período entre 22 de maio e 22 de agosto. Nos últimos 12 meses, a valorização do metal é ainda maior: 29,87%. Afinal, vale a pena investir no ouro?

Antes de aplicar dinheiro no metal, é necessário entender o contexto econômico no qual a cotação aumentou, já que a valorização do ativo está intimamente relacionada à busca por segurança em momentos de estresse no mercado financeiro.

Fernando Friedman, responsável pela área de produtos da Ourinvest, aponta que um dos principais incentivos para o aumento da cotação do metal precioso é a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos.

A guerra cambial atropelou a política monetária de aumentar os juros nos Estados Unidos quando se verificou que a economia estava andando sozinha, sem pressão inflacionária e com diminuição do desemprego. Em um curto espaço de tempo, o Fed optou pela direção contrária: voltou a reduzir os juros como forma de aplacar a crise que começou a atingir a indústria.

Como resultado, no final de julho os EUA cortaram os juros pela primeira vez desde 2008, quando eclodiu a última grande crise no país. Foi nesse momento que o metal precioso passou a se valorizar, analisa Friedman. "Além da crise na indústria americana, a cotação do metal é impulsionada por esse jogo de poder entre as potências. Desde que a guerra comercial começou, países como China e Rússia diminuíram suas reservas em dólar e aumentaram as reservas em ouro".

A perspectiva, aponta Friedman, é que os juros americanos caiam ainda mais, conforme crescem os temores sobre uma recessão global, outro reforço para a valorização do ouro.

Portanto, a valorização do metal deve persistir. "O ouro ainda deve subir, mas o quanto esse cenário deve se manter depende do quanto os bancos centrais vão se antecipar para evitar um cenário de recessão. Não vejo um cenário de forte crise agora, e parece que o ponto de maior tensão da guerra comercial já passou. O presidente americano Donald Trump tem feito declarações mais amenas".

Estratégia de diversificação

Especialistas entram em consenso quando apontam que investir em ouro só vale a pena se fizer parte de uma estratégia de diversificação da carteira de aplicações financeiras.

O ouro não paga juros. A valorização do metal acontece em situações nas quais sua exploração se torna mais difícil. O preço do metal depende mais de questões como clima e o preço de combustíveis, que influenciam diretamente na extração.

Portanto, o ativo é indicado como uma forma de proteção para carteiras que têm ativos mais expostos ao cenário econômico, como ações de empresas que são impactadas pela guerra comercial entre a China e os Estados Unidos. Portanto, não há um porcentual indicado do ativo. Esse número vai depender do equilíbrio que se quer buscar na carteira, e o quão exposta ela está.

Nesse caso, é importante que a proteção seja planejada, diz o professor de finanças da PUC-SP, Fábio Gallo, "Caso o risco do ambiente econômico diminua, talvez seja interessante se desfazer do metal. No longo prazo, em cenário de menor risco, ele pode se tornar uma 'abobrinha'".

Portanto, investir no metal não faz sentido para quem tem uma carteira formada apenas por ativos de renda fixa, por exemplo, explica Gallo. O especialista também não indica a aplicação para especuladores. "Quem compra ouro apenas por oportunismo, porque a cotação está subindo, corre um grande risco de entrar e sair na hora errada".

Como investir

Existem no mercado fundos de investimentos lastreados em ouro e COEs atrelados e alavancados no metal. Mas a forma mais acessível de se investir, e com maior liquidez, é adquirir contratos de ouro negociados na B3.

Atualmente, o preço do lote de ouro padrão, de 250 gramas, supera 55 mil reais. Mas são negociados também contratos mais acessíveis para o pequeno investidor, chamados fracionários. O Fracionário 1 negocia 10 gramas de ouro. Já o Fracionário 2 comercializa 0,225 grama de ouro,

Para investir no metal é necessário abrir conta em uma corretora. Ao adquirir os contratos, paga-se uma taxa de custódia mensal à B3 e uma taxa de corretagem.

Quem aplica em ouro tem isenção de Imposto de Renda, exceto se o ganho da operação ultrapassar 20 mil reais por mês. Nesse caso, a alíquota sobre o ganho de capital é de 15%.

Acompanhe tudo sobre:aplicacoes-financeirasInvestimentos-pessoaisorcamento-pessoalOuro

Mais de Minhas Finanças

O que fazer se você não recebeu 13º salário? Veja como agir e seus direitos

PIS/Pasep 2024 pode ser sacado até 27 de dezembro; veja quem tem direito

PIS/Pasep vai mudar; entenda a alteração aprovada no Congresso

O que fazer com a 2ª parcela do 13° salário? Benefício é pago até hoje