Barulho de trânsito pode aumentar ansiedade e estresse, diz estudo
Sons naturais, no entanto, podem trazer benefícios, segundo pesquisa publicada na revista PLOS One
Redator na Exame
Publicado em 2 de dezembro de 2024 às 23h22.
O barulho do trânsito, além de ser um incômodo diário, pode causar danos mais profundos à saúde mental do que se imaginava. Pesquisadores da Universidade do Oeste da Inglaterra descobriram que a exposição ao ruído das ruas aumenta o estresse e a ansiedade, além de mascarar os benefícios dos sons da natureza. A pesquisa foi publicada no dia 27 de novembro na revista PLOS One e destaca a importância de incorporar áreas verdes nos centros urbanos para promover o bem-estar.
De acordo com a Fortune , os pesquisadores analisaram o impacto de diferentes paisagens sonoras em 70 participantes com idades entre 18 e 42 anos. Inicialmente, os voluntários assistiram a um vídeo projetado para induzir estresse. Em seguida, ouviram três tipos de áudios:
- Som natural de pássaros ao amanhecer, gravado em West Sussex, no Reino Unido.
- Som de pássaros com trânsito a 32 km/h, gravado durante o horário de pico em Bath, Reino Unido.
- Som de pássaros com trânsito a 64 km/h, também registrado em Bath no mesmo contexto.
Após cada experiência sonora, os participantes relataram seu nível de estresse, ansiedade e prazer.Embora todos os sons tenham reduzido os sentimentos negativos causados pelo vídeo inicial, os efeitos positivos foram significativamente menores quando os áudios incluíam o barulho do trânsito.
Impacto do barulho do trânsito no bem-estar
Os resultados confirmaram que sons naturais são altamente eficazes para aliviar estresse e ansiedade. No entanto, o ruído do trânsito, mesmo em velocidades moderadas, diminui drasticamente esses benefícios.O som do tráfego a 64 km/h teve o impacto mais negativo, reduzindo o prazer e aumentando os níveis de estresse e ansiedade.
Os autores do estudo ressaltaram que o ruído urbano, uma forma de poluição sonora, é uma ameaça global à saúde, relacionada a problemas como distúrbios do sono, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. O estudo destaca que criar ambientes sonoros mais tranquilos nas cidades pode melhorar significativamente a qualidade de vida de seus moradores.
Soluções urbanas e o papel das áreas verdes
Para mitigar os efeitos negativos do barulho do trânsito, os pesquisadores sugerem estratégias como a redução da velocidade em áreas urbanas e a expansão de espaços verdes. Eles também defendem o uso de planejamentos urbanos que promovam o contato com a natureza.
A pesquisa reforça a ideia de que sons naturais não apenas ajudam na recuperação do estresse, mas também podem promover benefícios emocionais e cognitivos. A inclusão de mais áreas verdes e o incentivo ao uso de tecnologias que reduzam o ruído são passos importantes para melhorar a saúde pública.
Dicas para aproveitar sons naturais no dia a dia
Mesmo em cidades barulhentas, é possível colher os benefícios dos sons da natureza. Aqui estão algumas sugestões práticas:
- Escute gravações de sons da natureza: disponíveis em aplicativos e plataformas digitais, essas gravações podem ser reproduzidas durante pausas no trabalho ou antes de dormir para criar um ambiente relaxante.
- Pratique caminhadas conscientes em parques: caminhar em locais tranquilos, mesmo que brevemente, ajuda a reduzir o estresse acumulado.
- Leve atividades ao ar livre: reserve tempo para ler, meditar ou desenhar em um espaço verde próximo.
- Faça exercícios externos: substitua a academia por uma corrida no parque ou uma prática de yoga ao ar livre.
- Experimente meditação guiada com sons naturais: use aplicativos ou vídeos que combinem técnicas de relaxamento com sons da natureza.
Embora inovador, o estudo possui limitações.A maioria dos participantes era mulheres jovens e brancas, restringindo a diversidade de resultados. Além disso, pessoas com diagnósticos psiquiátricos foram excluídas, o que significa que o impacto dos sons em indivíduos com transtornos de ansiedade ou depressão ainda precisa ser investigado.
Os pesquisadores acreditam que estudos futuros podem explorar como fatores socioculturais influenciam a percepção de paisagens sonoras e se ambientes mais biodiversos poderiam intensificar os benefícios observados.