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A Sanofi batalha por uma vacina contra a dengue

O presidente da farmacêutica Sanofi fala dos ajustes que está fazendo na operação brasileira — e sobre a promessa de uma vacina contra a dengue

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Chris Viehbacher: “Gastamos 2 bilhões de dólares com uma doença que só existe no Hemisfério Sul” (Fabiano Accorsi/EXAME)

Chris Viehbacher: “Gastamos 2 bilhões de dólares com uma doença que só existe no Hemisfério Sul” (Fabiano Accorsi/EXAME)

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Tatiana Bautzer

Publicado em 7 de agosto de 2014 às, 13h44.

São Paulo - O alemão Chris Viehbacher, presidente do laboratório farmacêutico Sanofi, quer começar a vender no ano que vem a primeira vacina mundial contra a dengue. Se aprovada, a vacina traria receitas bilionárias à empresa suíça, que enfrentou prejuízos com medicamentos genéricos no Brasil. Em visita ao país, Viehbacher falou a EXAME na sede da empresa, em São Paulo.  

1) EXAME - A vacina contra a dengue é o produto mais promissor da Sanofi hoje? 

Chris Viehbacher - Estamos em fase final dos estudos clínicos com 20 000 pacientes na América Latina e 11 000 na Ásia. Tivemos resultados animadores e esperamos pedir as autorizações aos reguladores no ano que vem.

Foi a primeira vez que gastamos quase 2 bilhões de dólares com uma doença que só existe no Hemisfério Sul, e tive dificuldades para explicar isso aos investidores em Paris e Nova York. Mas o potencial da vacina é grande, de até 100 milhões de doses por ano. Seremos a única empresa com um produto contra a dengue nos próximos cinco anos. 

2) EXAME - Quanto a vacina pode render para a Sanofi? 

Chris Viehbacher - Os preços ainda estão em discussão — serão diferentes por país. Por isso, não estimamos a receita ainda. 

3) EXAME - O senhor demitiu executivos da farmacêutica Medley, responsáveis pelo que chamou de “bagunça” na operação brasileira. É possível ganhar dinheiro com medicamentos genéricos no país? 

Chris Viehbacher - Atuar em genéricos é fundamental para nossa estratégia em mercados emergentes, em que a maior parte dos pacientes paga os remédios do próprio bolso. A presença em genéricos garante volume maior em mercados que estão crescendo e complementa o negócio de remédios de marca.

É um mercado muito competitivo, e não apenas no Brasil. A gestão precisa ser diferente, e às vezes pessoas que vêm da área de remédios de marca erram. A parte boa é que os genéricos nos forçam a ser eficientes. 

4) EXAME - A Sanofi se arrependeu da aquisição? 

Chris Viehbacher - Não. Estamos satisfeitos com a marca Medley e retomamos um bom ritmo de lançamentos.  

5) EXAME - O baixo crescimento do país está decepcionando? 

Chris Viehbacher - Os fundamentos da economia ainda são atrativos, mas há sinais de alerta, como a inflação. Acredito que virão ajustes depois das eleições, qualquer que seja o novo governo.  

6) EXAME - A tentativa do governo de trazer inovação ao Brasil com parcerias internacionais na área de remédios é eficaz?  

Chris Viehbacher - O Brasil já não consegue competir em custo de produção — produzir aqui é tão caro quanto na França. Vocês precisam de inovação e tecnologia. A curto prazo, a estratégia do governo é correta.

Mas o país precisa construir a própria capacidade de pesquisa e desenvolvimento, e não viver só da tecnologia dos outros. Um passo nessa direção é o programa Ciência sem Fronteiras, que ainda está no início.   

7) EXAME - O que está levando à atual onda de fusões de companhias farmacêuticas?  

Chris Viehbacher - Quando cheguei à Sanofi, dois terços das vendas vinham de dois remédios. Gastamos 30 bilhões de dólares em aquisições, e hoje só 60% da receita vem dos medicamentos com patente.

O resto vem de produtos de consumo (sem prescrição), vacinas e saúde animal. Algumas empresas demoraram mais nesse ajuste. Até poderia comprar mais empresas hoje, mas não vejo boas oportunidades.

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