Revista Exame

Um vírus no caminho da Casa Branca

Pandemia atrapalha o processo eleitoral e já há quem fale em adiamento da disputa

Ilustração: Catarina Bessell /

Ilustração: Catarina Bessell /

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Da Redação

Publicado em 9 de abril de 2020 às 05h00.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 14h53.

A confusão que cercou as primárias no estado de Wisconsin, na terça-feira dia 7 de abril, é um sinal do que pode estar por vir nas próximas semanas e meses nos Estados Unidos. Diversos estados ainda não realizaram suas primárias (eles estão indicados em vermelho no mapa). Alguns adiaram, outros aceitarão apenas votos enviados pelo correio. A realização das convenções dos dois grandes partidos está em xeque. Não há segurança nem sequer em relação ao que vai acontecer no dia 3 de novembro, data programada para a eleição presidencial. A pandemia do coronavírus virou de cabeça para baixo o processo eleitoral americano.

Depois de idas e vindas, recursos na Justiça e clamores sobre o risco à saúde pública, o governador de Wisconsin, Tony Evers, havia adiado para 9 de junho as primárias de seu estado na tarde anterior ao do início da votação. Horas depois, a Suprema Corte do estado revogou o adiamento, decisão ratificada pela Suprema Corte federal. Até o fechamento desta edição, não se sabia que porcentagem da população de Wisconsin tinha decidido contrariar a determinação de autoisolamento para votar. Em Milwaukee, maior cidade do estado, apenas cinco dos 180 locais de votação estavam funcionando.

Outros 15 estados também postergaram suas primárias — ou empurraram o problema para a frente, pois ninguém sabe quando as ordens de isolamento serão relaxadas. Uma solução possível é a votação pelo correio. Essa modalidade de voto é relativamente comum nos Estados Unidos e costuma ser utilizada para permitir que as pessoas fora do estado no dia da eleição também possam votar. Havaí, Wyoming e Alasca já determinaram que não haverá votação presencial nas primárias.

Há poucas dúvidas de que Joe Biden vencerá a disputa interna do Partido Democrata, apesar de o socialista Bernie Sanders recusar-se a abandonar sua candidatura. Os democratas pretendiam realizar sua convenção em julho. A data foi alterada para agosto, mas, no domingo passado, Biden afirmou ser “muito possível” que o evento aconteça online. No Twitter, Donald Trump fez uma provocação com a declaração do provável adversário, mas a verdade é que, por enquanto, não há nenhuma certeza de que os republicanos serão capazes de fazer a tradicional celebração, que culmina com a queda de balões vermelhos, azuis e brancos do teto.

Novembro ainda está distante, mas muitos já se atrevem a pensar no impensável: será que a eleição presidencial pode ser adiada? Uma lei de 1845 determina que eleições federais devem ocorrer “na terça-feira seguinte à primeira segunda-feira do mês de novembro.” Uma mudança só seria possível caso o Congresso aprovasse uma nova legislação, que tem de ser sancionada pelo presidente. Isso é considerado altamente improvável. Mesmo que a data venha a ser alterada, a margem para remarcar a votação é muito pequena, pois a Constituição afirma que o presidente deve assumir o mandato em 20 de janeiro, data que só pode ser mudada mediante emenda constitucional. Em 233 anos de história, houve apenas 27 emendas constitucionais — será que a pandemia do coronavírus poderá ser responsável pela 28a

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