Revista Exame

Um museu dentro de casa

Exposições de arte ao redor do mundo são opções de entretenimento virtual em cenário de portas fechadas e quarentena

Office in a Small City, de Edward Hopper: retrato da solidão (Metropolitan | Granger/Fotoarena)

Office in a Small City, de Edward Hopper: retrato da solidão (Metropolitan | Granger/Fotoarena)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 9 de abril de 2020 às 05h30.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 14h43.

Solidão dentro de casa, sensação de isolamento, silêncio. Esses parecem ser alguns dos sentimentos de cerca de um terço da população mundial em quarentena desde o agravamento da pandemia de coronavírus. Nesse cenário, não demorou a circular nas redes sociais algumas imagens de quadros do pintor americano Edward Hopper (1882-1967). O artista ficou famoso por representar cenas americanas de afastamento e melancolia. Em alguns momentos, figuras humanas isoladas em quartos, escritórios, restaurantes: somente o indivíduo com seus pensamentos. Em outros, quadros que mais parecem fotografias dos tempos de quarentena: ruas desertas, horizonte de casas sem humanos à vista.

Hopper mostrou que a vida moderna podia ser extremamente desagregante e solitária, décadas antes do coronavírus. Diante da crise de falta de contato, diálogo e empatia, arte é preciso. Por sorte, museus ao redor do mundo, obrigados a fechar as portas por tempo indeterminado, têm oferecido experiências virtuais nestes dias difíceis. É possível apreciar obras de Hopper em alguns deles, como no Metropolitan Museum de Nova York. Tempos difíceis, que mereceriam ser retratados pelo pintor: o museu, um dos mais importantes do mundo, prevê prejuízo de 100 milhões de dólares com a ausência de público. Acompanhe alguns tours sem sair de casa.

Art Institute of Chicago

Na coleção virtual, é possível olhar com minúcia trabalhos como American Gothic (1930), de Grant Wood, A Sunday on La Grande ­Jatte (1886), de Georges Seurat, e a pintura mais famosa de Hopper, ­Nighthawks (1942). Para cada obra há áudio explicativo e material didático complementar. Também há uma seção interativa com objetos que podem ser vistos em 360 graus, com textos, fotos e vídeos. Há, por exemplo, um cocar da Guiné usado por tribos em cerimônias de dança. O museu também disponibilizou a mostra sobre El Greco, em cartaz antes da quarentena.

The Metropolitan Museum of Art

O museu oferece em seu site tour virtual com visão 360 graus das principais salas e corredores do prédio histórico da Quinta Avenida, além de fotos e descrições de sua coleção. O MET também disponibiliza mais de 406.000 imagens em alta resolução de trabalhos de sua coleção que estão em domínio público e podem ser baixadas, compartilhadas e usadas sem restrições. No MET virtual é possível ver Office in a Small City (1953), um dos mais célebres trabalhos de Hopper.

Museu de Arte de São Paulo (Masp)

Via Google Arts & Culture, o museu oferece de visitas virtuais a exposições como Arte da Itália: de Rafael a Ticiano e Arte do Brasil até 1900. Também é possível ver 1.011 itens do museu, como O Lavrador de Café (1934), de Candido Portinari, Moema (1866), de Victor Meirelles, e Rosa e Azul ­— As Meninas Cahen d’Anvers (1881), de Renoir. Em seu site, o Masp disponibiliza um aplicativo com comentários das obras feitos por especialistas.

Mercedes-Benz Museum

O museu em Stuttgart, na Alemanha, criou um tour virtual com fotos em 360 graus e informações de suas cinco coleções. Também há material no YouTube com o apresentador Shmee150 mostrando cinco vídeos de realidade aumentada de 180 graus sobre a história da montadora. No Instagram, guias do museu compartilham fotos e vídeos sobre as exposições, da permanente, que apresenta 160 veículos, às temporárias, como a recente 40 Anos de Mercedes-Benz G-Class.



SÉRIES

Cestas épicas

A série Arremesso Final traz a incrível temporada final de Michael Jordan pelo Chicago Bulls Marcelo Orozco

Arremesso Final | Série de Jason Hehir | Com Michael Jordan, Scottie Pippen, Phil Jackson | Disponível a partir de 20/4 (Netflix)

Despedir-se no auge da carreira é um ideal que poucos esportistas realizam. Alcançar isso com o ponto de um título a poucos segundos do fim de uma decisão, só Michael Jordan conseguiu. A história da última temporada no Chicago Bulls do maior (para muitos) do basquete é recontada em dez episódios na série documental Arremesso Final. A previsão era para junho, mas a quarentena antecipou o lançamento. A cada semana, até 18 de maio, dois episódios inéditos serão disponibilizados.

A temporada 1997-1998 do seriado nem foi a última de Jordan. Ele se aposentou na época, mas voltou a jogar em 2001 pelo Washington Wizards durante duas temporadas — lembra Pelé por dois anos no New York Cosmos, após a carreira no Brasil. Só que, simbolicamente, é sua despedida de fato. Há a sensação de que a cesta a 5 segundos do final que garantiu a vitória por 1 ponto e o sexto título da NBA para os Bulls foi o derradeiro momento dele numa quadra.

A série contextualiza o domínio dos Bulls nos anos 1990 e as incertezas pela iminente despedida de sua joia. Compreensível: os únicos títulos do Chicago foram com Jordan — seis entre 1991 e 1998. 

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