Revista Exame

EXAME SuperAgro: Um dia de campo em São Paulo

Em sua terceira edição, o SuperAgro, realizado pela EXAME, debateu principais desafios do setor, adiantou assuntos quentes e projetou um futuro mais verde

SuperAgro, da EXAME: a repórter Mariana Grilli modera painel sobre bioeconomia com Marcelo Morandi, da Embrapa, Raul Protázio Romão, secretário adjunto do Pará, e Daniel Vargas, professor da FGV (Eduardo Frazão/Exame)

SuperAgro, da EXAME: a repórter Mariana Grilli modera painel sobre bioeconomia com Marcelo Morandi, da Embrapa, Raul Protázio Romão, secretário adjunto do Pará, e Daniel Vargas, professor da FGV (Eduardo Frazão/Exame)

Mariana Grilli
Mariana Grilli

Repórter de Agro

Publicado em 14 de junho de 2023 às 06h00.

O que tem a ver manter a Floresta Amazônica em pé com a frequência de pagamentos de dividendos em Fiagro — o instrumento financeiro que já vale 10 bilhões de reais e conta com 168.000 cotistas desde 2021? Mais: por que a votação do marco temporal das terras indígenas importa para o agro brasileiro? Como será a regulação do mercado de carbono e as leis que regerão o hidrogênio verde no país? Em comum, todas essas perguntas foram respondidas na 3a edição do evento SuperAgro, organizado pela EXAME e que reuniu as principais autoridades e lideranças do agronegócio brasileiro em São Paulo, na terça-feira 30 de maio. Com sete painéis, o SuperAgro permitiu um “dia de campo” na cidade entre membros da agropecuária, autoridades e agentes de mercado. 

Em seu painel sobre financiamento no campo, Marcus Maia, diretor executivo do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), e Paulo Froés, diretor de mercado de capitais da StoneX, debateram um fator-chave para o sucesso dos ­Fiagros: quando devem ser pagos os dividendos? Atual­mente, esse critério é feito caso a caso, e acabou seguindo o modelo dos fundos imobiliários, de pagamentos mensais. Ocorre que, no agro, o ritmo da safra impõe riscos que dificultam dividendos mensais. Para eles, com uma clareza regulatória maior, por meio do arcabouço próprio dos Fiagros na Comissão de Valores Mobiliá­rios (CVM), o patrimônio dos Fiagros pode chegar a 40 bilhões de reais nos próximos dois anos. 

Mais tarde, George Santoro, secretário executivo do Ministério dos Transportes, e o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, discutiram a infraestrutura no agro. A conversa acabou na Ferrogrão, ferrovia que ligaria o Centro-Oeste aos portos do Norte do país. Ambos contaram os movimentos feitos para tentar destravar o projeto, cujos estudos estão parados desde 2021 por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). “A visão do ministério é de que a gente precisa atualizar os estudos da Ferrogrão”, disse Santoro. Coincidência ou não, dois dias após o ­SuperAgro o ministro Alexandre de Moraes, do STF, acatou um pedido do governo e autorizou a retomada dos estudos. 

Houve espaço para discussões que estão na fronteira do agro. Um dos painéis mais aguardados foi o de ESG e agro, que reuniu membros de grandes associações setoriais e executivos para traçar o desafio de comunicar e pensar o futuro da agricultura brasileira. Na mesma toada, Raul Protázio Romão, secretário adjunto de Gestão de Recursos Hídricos e Clima do Pará, que sediará a COP-30, em 2025, mostrou em painel voltado para a bioeconomia como o estado pretende ser protagonista na agenda verde. 

No encerramento do evento, Mikael Djanian, sócio da consultoria McKinsey, apresentou recortes exclusivos da pesquisa Mente do Agricultor, que ouviu mais de 5.000 produtores pelo mundo. Os dados permitem enxergar as vantagens — e as desvantagens — dos agricultores nacionais em relação ao mundo. Se 92% dos nossos produtores relatam que a taxa de juro é um grande desafio — valor bem superior ao de outros países —, fica claro que a política monetária adentra as porteiras. Ao mesmo tempo, mais da metade dos produtores diz utilizar bioinsumos em suas culturas — nível muito superior ao do restante do mundo. O SuperAgro garantiu espaço para debater os principais temas do setor, adiantou assuntos importantes da pauta nacional e projetou um futuro mais verde. Nada mau para um “dia de campo” em São Paulo.  

(Patrocinadores/Exame)


(Publicidade/Exame)

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