(Leonardo Yorka/Exame)
Publicado em 14 de junho de 2023 às 06h00.
Última atualização em 15 de junho de 2023 às 10h09.
Com uma frota de quase 600.000 veículos e aproximadamente 15 milhões de clientes, a Localiza percebeu que sem uma plataforma de mobilidade sustentável o futuro da companhia poderia se tornar cada vez mais contestado por investidores, setor financeiro e consumidores. Afinal, em um negócio que se baseia no uso de veículos por terceiros, controlar as emissões de carbono é um desafio permanente.
Para diminuir a exposição a questões ambientais, um dos pilares do ESG dentro da companhia é a redução e a neutralização de carbono, que se soma à transformação social (com a igualdade de oportunidades por meio do empreendedorismo) e à governança.
No dia a dia do negócio, a Localiza tem colocado em prática ações para diminuir as emissões. Hoje, 54% de toda a energia consumida vem de fontes renováveis, por meio de fazendas solares e painéis fotovoltaicos instalados nas agências.
Desde 2019, a Localiza já neutraliza as emissões dos escopos 1 e 2. Bruno Lasansky, CEO da Localiza, diz ver “uma grande oportunidade” no escopo 3, relacionado aos clientes.
“O Brasil tem uma grande tecnologia, que é o motor flex. Quando consideramos o dióxido de carbono capturado desde o plantio da cana-de-açúcar, temos uma realidade comparável à do carro elétrico na Europa. Essa performance é ainda melhor quando pegamos o motor a etanol e adicionamos a eletrificação [gerador no carro ou plug in”, diz Lasansky.
Como líder no segmento de mobilidade, o executivo explica que uma das prioridades da companhia é aumentar a conscientização entre os clientes sobre o uso do etanol — 70% deles, segundo levantamento, já optam por esse combustível. Internamente, a adoção do etanol é de 100%.
Outra forma encontrada pela empresa de levar informação e engajamento aos motoristas é por meio do programa Neutraliza, que oferece a possibilidade de neutralizar a pegada de carbono durante a locação do veículo por meio do pagamento de uma taxa diária de 1,99 real.
“Enquanto líderes do mercado, temos de construir pontes para o futuro. Acredito que ainda vamos passar por muitas soluções. Agora, por exemplo, estamos desbravando o carro elétrico”, conta o CEO.
Desde o ano passado, a Localiza tem um programa com a participação de 200 motoristas de aplicativos que utilizam veículos elétricos da Renault. Em parceria com a Raízen, os carros são abastecidos nas agências da locadora a um valor subsidiado.
Segundo Lasansky, a empresa entendeu que tinha de “sentir o carro elétrico”. Claro que há entraves, como o desafio de expandir a rede de abastecimento, ainda muito restrita aos grandes centros urbanos, e o custo desse tipo de veículo. O programa foi lançado em setembro do ano passado e, ao completar o primeiro ano, será feita uma avaliação sobre os pontos positivos e os desafios. “Até que tenhamos mais clareza dos resultados e para onde seguir, manteremos em paralelo o esforço de conscientizar os clientes com ações como o Neutraliza e o estímulo ao uso do etanol, tanto em contratos com empresas quanto para a pessoa física”, detalha.
Paula Pacheco
O ESG tem se tornado uma preocupação prioritária no radar dos executivos do setor de mobilidade e transporte, como é o caso da CCR, que define a questão sustentável como “responsabilidade corporativa e estratégica” para o setor de concessões de serviços públicos. É o que comenta Pedro Sutter, vice-presidente de governança, riscos e compliance da CCR. Segundo o executivo, as metas de sustentabilidade da companhia são apresentadas à diretoria executiva, de modo constante, e ao conselho de administração, trimestralmente.
“O foco desses últimos três anos foi mostrar o que estamos fazendo para diminuir os nossos impactos, do ponto de vista ambiental e, ao mesmo tempo, aumentar o nosso impacto social, melhorando também o aspecto da governança e a responsabilidade corporativa”, explica Sutter. No ano passado, a CCR implantou 12 usinas fotovoltaicas nas estradas e metrôs, com a meta de duplicar a rede neste ano. Além disso, em 2022, a empresa utilizou 44.000 toneladas de asfalto reciclado (RAP) — correspondendo a 74% das emissões no escopo 2. Em replantio, restaurou 207 hectares, o equivalente a 279 campos de futebol, sendo que, do total, 150 foram por meio de plantio; e cerca de 50, por regularização fundiária. O executivo explica que as metas do ano passado foram atualizadas para ser trabalhadas ainda em 2023.
Fernanda Bastos
Em 2022, a Rumo se tornou a primeira operadora do setor ferroviário brasileiro a fazer parte do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da B3. No final do ano veio a confirmação de que a empresa seguiria na carteira por causa de suas práticas empresariais de sustentabilidade. O compromisso com a eficiência energética e a redução de emissões na operação ferroviária foram os aspectos que mais pesaram a seu favor.
Segundo Cristiano Brasil, vice-presidente de gente e ESG da Rumo, a companhia saiu de um modelo voltado principalmente para a capacidade operacional para uma abordagem ligada ao impacto em seus stakeholders. “Observamos uma crescente demanda por recursos que os ajudem no cumprimento de metas dentro da agenda ESG. Com isso, realizamos diversas agendas positivas, a fim de demonstrar os avanços e o posicionamento da Rumo em relação à sustentabilidade, além da vantagem competitiva do transporte por ferrovia”, explica o vice-presidente.
Além do compromisso de cocriar com os clientes para chegar a alternativas adequadas às necessidades predefinidas na estratégia da companhia atrelada à sustentabilidade, a Rumo prioriza a transparência. Um material em formato One Page Report, demonstrando o valor quantitativo de emissões estimadas e emissões evitadas que eles atingem ao transportar com a Rumo, é enviado todos os meses aos clientes.
Paula Pacheco