Rafael Grisolia, presidente da Petrobras Distribuidora: rede de 7.700 postos de combustível e planos para manter a liderança (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2019 às 05h02.
Última atualização em 29 de agosto de 2019 às 14h35.
No ano passado, a greve dos caminhoneiros, em maio, parou o país por mais de uma semana e causou grande prejuízo a muitas empresas. O setor de distribuição de combustíveis foi um dos mais atingidos pela paralisação e deixou de vender o equivalente a cerca de 11 bilhões de dólares — o governo decidiu reduzir o preço do diesel para colocar fim à greve. Esses reveses, no entanto, não chegaram a colocar em risco o desempenho da Petrobras Distribuidora, conhecida simplesmente como BR.
A empresa encerrou o ano com uma receita superior a 25 bilhões de dólares, 11% mais do que em 2017. O lucro foi de 805 milhões de dólares, duas vezes e meia o valor registrado no ano anterior, proporcionando um retorno de 27% sobre o patrimônio líquido. Contribuiu para o bom resultado o recebimento de parte de uma dívida bilionária que o grupo Eletrobras tem com a BR relativa ao não pagamento de combustíveis fornecidos a usinas termelétricas na Região Norte. O montante dessa dívida amortizado pela Eletrobras passa de 2 bilhões de reais. “A operação resultou em uma grande redução de nossas despesas financeiras no ano”, afirma Rafael Grisolia, executivo que assumiu a presidência da BR no início de maio.
Os últimos meses foram marcados não somente pelos bons indicadores mas também por fatos que deram início a uma nova etapa na trajetória dessa subsidiária da Petrobras criada em 1971. Em dezembro de 2017, a BR abriu o capital com a maior oferta inicial de ações no Brasil em quase cinco anos — a operação captou cerca de 5 bilhões de reais. Em julho deste ano, a Petrobras aprovou a venda de mais 30% de sua participação na companhia por meio de uma oferta secundária de ações, por 9,6 bilhões de reais.
Depois dessas operações, a Petrobras passou a deter 37,5% das ações da BR e deixou de ser sua acionista majoritária. Na prática, a BR tornou-se uma empresa privada, com o capital pulverizado na bolsa. Esse movimento é resultado do amplo programa de desinvestimento da Petrobras, que está se desfazendo de ativos considerados não essenciais para focar a exploração e a produção de petróleo e gás.
Mesmo sendo a líder do setor, com mais de 7.700 postos de combustível em todo o país, a BR não parece que pretende se acomodar no topo do pódio. É bom mesmo. O setor, altamente concentrado, começou a atrair concorrentes de peso, como a holandesa Vitol, que anunciou em julho a compra de 50% da GDE (Grupo Dislub Equador), sexta maior rede de postos do país. O grupo anglo-suíço Glencore também entrou no jogo. No ano passado, adquiriu 78% da distribuidora de combustíveis Alesat, proprietária da rede Ale, com cerca de 1.500 postos em 22 estados, além de 260 lojas de conveniência. A BR está atenta à chegada das novas concorrentes. “A maior aspiração da BR é continuar a ser não somente a maior distribuidora de combustíveis do mercado como também a mais rentável”, afirma Grisolia.
Para manter a competitividade e a liderança, a BR prepara uma série de ações. Nos próximos anos, a meta é ampliar a capacidade de distribuição de lubrificantes de 27 milhões de litros por mês para 42 milhões. Outro projeto é a criação de um sistema próprio de pagamento para a fidelização dos clientes. Também está nos planos expandir a malha de lojas de conveniência. Hoje, são 1.254 unidades da marca BR Mania e outras 1.673 da Lubrax+. “Estamos analisando parcerias estratégicas para a expansão do segmento, que é importante para o crescimento da companhia”, diz Grisolia.