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Taça meio cheia: cresce o interesse de brasileiros por vinhos

O consumo médio per capita de vinho no Brasil saiu de 1,8 litro em 2019 para 2,7 em 2022. E permanece nesse patamar

Loja da Evino em São Paulo: o Brasil é um dos dez principais mercados de bebida (Leandro Fonseca/Exame)

Loja da Evino em São Paulo: o Brasil é um dos dez principais mercados de bebida (Leandro Fonseca/Exame)

Gilson Garrett Jr.
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 22 de março de 2024 às 06h00.

O governo francês gastou 200 milhões de euros para comprar e destruir parte da produção de vinhos do ano passado. O objetivo foi ajudar produtores a passar por uma das maiores crises do setor. Em 2023, a produção na França cresceu 4%, enquanto o consumo caiu 15%, segundo dados do governo, gerando excesso de garrafas e derrubando preços. Segundo os especialistas, não há razão única para isso, mas uma das principais é a mudança de comportamento. Basicamente, as novas gerações consomem menos álcool.

A expectativa global é que o consumo de vinho caia 1% todos os anos até 2026, de acordo com a consultoria IWSR, especializada no mercado de bebidas. Aqui no Brasil a situação é outra. O consumo médio per capita saiu de 1,8 litro em 2019 para 2,7 em 2022, e permanece nesse patamar.

“Durante o confinamento da pandemia os consumidores passaram a beber vinho não só em ocasiões festivas. E esse comportamento se manteve”, avalia Ari Gorenstein, co-CEO do Víssimo Group e co-founder da Evino, uma das maiores importadoras do país.

Nesse cenário, é natural que o olhar dos produtores do Velho Mundo para o mercado brasileiro cresça. Um exemplo é a relação comercial com Portugal, que movimenta cerca de 70 milhões de euros por ano no segmento. “Somos o terceiro maior mercado no Brasil, só atrás de Chile e Argentina. Falamos a mesma língua, e os brasileiros estão buscando vinhos mais caros e com melhor qualidade. Isso é ótimo para nós”, afirma Frederico Falcão, presidente da Vinhos Portugal, agência de promoção dos rótulos lusitanos.

Malu Sevieri, diretora da ProWine, a maior feira de vinhos da América Latina, avalia que o consumidor brasileiro está ávido por experimentar bebidas novas. Somente no evento realizado no fim do ano passado estavam presentes 1.300 vinícolas, de 26 países. “O consumidor brasileiro ainda é jovem, está aprendendo a entender sobre o vinho, e isso faz com que ele esteja aberto a novidades”, diz.

As vinícolas estão atentas a essas mudanças. A Casillero del Diablo, marca do grupo Concha y Toro, escolheu o Brasil para lançar um novo rótulo. Chamada de Devil’s Carnaval, a linha conta com quatro rótulos, sendo três tintos e um branco. As bebidas têm um perfil mais suave e fácil de apreciar.

A brasileira Cooperativa Vinícola Aurora também colocou no mercado a linha zero álcool com um “espumante” branco. A bebida virou um sucesso, com venda de mais de 250.000 litros por ano e um crescimento médio anual de 20%. O Brasil é um dos dez principais mercados de bebida do mundo, com 11 bilhões de dólares em vendas por ano, segundo a IWSR. E tem tudo para seguir nesse patamar.

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