Necker Island: busca por experiências privativas inclui aluguel de ilhas (Necker Island/Divulgação)
Repórter de Casual
Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 06h00.
A forma de viajar está mudando. Antes, escolhia-se primeiro o destino e, em seguida, a acomodação. Isso se inverteu, com as hospedagens se tornando o principal motivo de viajar. De acordo com uma pesquisa do Skyscanner, 61% dos viajantes já selecionaram um destino exclusivamente com base na acomodação. Os hotéis, antes vistos apenas como locais para repouso, tornaram-se os destinos de viagem. E as redes hoteleiras estão respondendo a essa tendência com ofertas cada vez mais exclusivas.
As expectativas dos hóspedes modernos são altas, com buscas por experiências personalizadas. Para Sir Rocco Forte, CEO da rede de hotéis Rocco Forte, para o luxo ser genuíno, ele deve ser individualizado. “As pessoas que estão gastando muito dinheiro em hospedagens querem retorno no desenvolvimento, na decoração, no serviço do hotel.” Para ele, a chave para o sucesso é manter o hotel não apenas como um lugar de descanso, mas como um reflexo do destino, fazendo com que o visitante se sinta verdadeiramente imerso na cultura local.
Apesar dos planos de expansão, com inaugurações previstas nos Estados Unidos e na Arábia Saudita, a Rocco Forte pretende manter a “identidade e o senso de lugar” dos hotéis. Forte destaca a importância de manter a individualidade de cada propriedade, evitando a padronização que caracteriza muitas das grandes redes do setor. A ideia é que cada hotel ofereça uma experiência única, alinhada aos valores da marca, em vez de seguir um modelo rígido que pode tirar o charme da hospedagem.
Brown's Hotel: uma das propriedades da rede Rocco Forte (Divulgação/Divulgação)
Simone Mariote, VP da Preferred Hotels para a América do Sul, também vê essa tendência como central para a mudança no comportamento dos turistas. Neste ano, a empresa apresentou a campanha “Live Like a Legend”, onde o hotel é a razão da viagem, e não apenas um ponto de apoio para explorar a cidade. “Criamos uma curadoria de hotéis Legend que são verdadeiros destinos”, diz, destacando propriedades como o Armani Hotel em Milão, que oferece experiências como acesso a desfiles de moda, jantares exclusivos e até vestidos feitos sob medida para o evento. A experiência de três noites custa a partir de 100.000 euros para duas pessoas.
“Quando o viajante já conhece muitos destinos, ele procura por atividades inéditas. Nesse caso, Milão se torna uma experiência que é intrinsecamente ligada à identidade do próprio hotel.”
A opção de escolher um hotel pelo que ele oferece — seja a localização, a exclusividade, sejam as atividades proporcionadas — reflete a mudança nas prioridades dos viajantes modernos. Segundo o Skyscanner, o uso do filtro “estadias únicas” aumentou 60% globalmente em relação ao ano passado. Cerca de 66% dos usuários que escolhem essa categoria são da geração millennial.
A tendência de viajar com foco nos hotéis também se volta para viajantes que buscam algo um pouco mais reservado.
“Os clientes estão cada vez mais evitando os hotéis conhecidos pelos influenciadores e preferindo lugares onde podem viver uma experiência única, longe dos holofotes e das redes sociais”, diz Mariote. De fato, há uma crescente busca por privacidade e exclusividade, o que destaca hotéis independentes e de luxo para quem deseja fugir do comum.
Um exemplo é a possibilidade de reservar um hotel inteiro — ou, por que não, uma ilha. Nas Ilhas Virgens Britânicas está a Necker Island, propriedade do empresário britânico Sir Richard Branson, que possui 11 quartos na Great House e nove Bali Houses individuais espalhadas pela ilha, que acomodam até 48 adultos e seis crianças, a partir de 145.000 dólares. Exclusividade tem seu preço.