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Quando o futuro sucessor decide ser o futuro sócio

1 - Tenho 19 anos e sempre me preparei para fazer carreira na empresa fundada por meu pai. Pensei em concluir a graduação e ganhar experiência no mercado antes de voltar para trabalhar com ele. Um curso no exterior também faz parte de meus planos. Qual sua opinião sobre a formação profissional de um futuro sucessor? Arthur […]

Ilustração - Sucessão familiar nas empresas (Franscisco Martins/EXAME.com/Exame)

Ilustração - Sucessão familiar nas empresas (Franscisco Martins/EXAME.com/Exame)

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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2014 às 20h10.

1 - Tenho 19 anos e sempre me preparei para fazer carreira na empresa fundada por meu pai. Pensei em concluir a graduação e ganhar experiência no mercado antes de voltar para trabalhar com ele. Um curso no exterior também faz parte de meus planos. Qual sua opinião sobre a formação profissional de um futuro sucessor? Arthur Notaro, de Pernambuco

Acredito que sua pergunta pode ser útil para muitos jovens brasileiros. Mas, talvez, seja melhor colocar essa questão de outra maneira — você deveria ser o “futuro sucessor” ou considerar se tornar um “futuro sócio”? São dois caminhos possíveis e ambos podem satisfazê-lo pessoalmente.

Ser sucessor significa que você terá de assumir o dia a dia da empresa e ser um profissional igual a seu pai ou melhor que ele. Ser sócio significa que você poderá ser conselheiro e estar preparado para cobrar dos executivos resultados financeiros esperados pelos sócios — e, nos casos em que eles não são sistematicamente atingidos, cabe aos conselheiros trocar toda a diretoria.

Sua chance de ser bem-sucedido em sua vida, sentindo-se plenamente realizado e feliz, será dramaticamente maior se você sempre optar por aquilo que ama fazer. Trabalhar no mesmo ramo que seu pai escolheu pode não ser, necessariamente, o melhor caminho para você. Existem várias opções que se abrirão à sua frente.

Se, por acaso, você acabar gostando muito do trabalho no mesmo ramo que seu pai, então, ótimo. Mas lembre-se: se você não amar o que faz, nunca será tão bom como precisa ser. 

Não importa qual seja sua decisão, será fundamental preocupar-se com outro ponto importante — sua formação. Sua chance de tomar uma decisão mais correta e encontrar um bom caminho será maior quanto melhores forem a qualidade e a profundidade de sua formação. Ir para o exterior, principalmente para os Estados Unidos, é algo que considero muito importante.

O país é exemplar sob os mais variados pontos de vista e tem uma educação superior do mais alto nível. O simples fato de viver lá alguns anos já pode ser fundamental para sua vida. Se puder estar em universidades como Harvard ou Stanford, então, nem se fala. Existem várias outras opções nos Estados Unidos que você também deve considerar. 

Nesse aspecto, minha opinião é: não perca tempo, você ainda é novo e seu foco agora deve ser sua educação. Prepare-se para o mundo novo e com a economia profundamente baseada em informação e conhecimento que você vai enfrentar. Ainda na linha educacional, após o estudo formal em universidades, recomendo a você trabalhar numa consultoria de gestão.

Passar pelo menos uns cinco anos em consultoria vai lhe proporcionar uma valiosa ­rede de contatos de amigos e a prática necessária para enfrentar o duro mundo dos negócios.

2 - Trabalho numa empresa familiar de médio porte e sou um dos poucos executivos de fora da família. As vendas vão bem. O lucro, não. Há conflito entre os herdeiros, não há comunicação nem estratégia nem governança. A empresa tem tudo para dar certo, mas falta espaço para que os executivos consigam realizar um bom trabalho. O que fazer? Anônimo

confesso que a primeira resposta que me veio à mente foi: “caia fora!” Depois, pensando melhor, eu me acalmei. Tudo bem. Você pode ficar e tentar uma solução, mas por um tempo determinado. Se o resultado não começar a aparecer, aconselho que procure outra empresa. Se continuar assim, não vai dar certo. 

Um caminho possível para a empresa em que você trabalha é procurar o caminho para uma governança possível — um acordo de acionistas e uma negociação que possam acomodar as diferenças e fazer com que todos se organizem em torno de uma mesma estratégia.

Se um grupo de sócios majoritários puder encontrar um meio de fazer um acordo desse tipo com um bom escritório de advocacia, pode ser estabelecida uma organização interna para viabilizar a empresa. A partir daí, um conselho bem estruturado poderá direcionar e delegar o poder operacional ao presidente executivo.

No caso do alinhamento estratégico, algumas vezes as pessoas encontram mais facilmente pontos de concordância nos fins — ou seja, nos objetivos a ser atingidos — do que nos meios para chegar lá. 

Por esse motivo, procure estabelecer um sonho comum na equipe de executivos e sócios. Pode ser que o simples fato de todos concordarem num sonho os faça não dar tanta atenção às picuinhas do dia a dia, que consomem toda a criatividade e a disposição das pessoas. 

Nenhuma empresa merece esse tipo de coisa. Se nada for feito, a coisa pode piorar e a saída talvez seja a venda da empresa. Nesse caso, pode ser a melhor solução, seja para a companhia, seja para você.

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