Nicola Cotugno, presidente da Enel Brasil: reaproveitamento de materiais em benefício da comunidade (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 22 de novembro de 2018 às 05h22.
Última atualização em 23 de novembro de 2018 às 16h26.
Para a Enel, geradora e distribuidora de energia com atuação em nove estados brasileiros, a lógica dos sistemas elétricos é uma boa metáfora para uma estratégia de sustentabilidade eficaz: movimentos contínuos e cíclicos devem garantir que a energia se transforme permanentemente. Com essa premissa, a empresa desenhou um projeto de economia circular em parceria com um grupo de mulheres costureiras da comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo, área atendida pela Enel na região metropolitana do Rio de Janeiro. O pontapé teve origem no próprio processo de reestruturação da marca no país. Em 2016, a companhia incorporou a distribuidora Ampla, no Rio, e a Coelce, no Ceará. O necessário alinhamento de marca gerou um passivo que poderia passar despercebido: um volume grande de uniformes caracterizados com o logotipo das marcas, além de materiais plásticos, como banners de divulgação. O resíduo teria sido incinerado, não fosse a ideia de transformar o que até então era um passivo em fonte de renda para 18 mulheres moradoras de uma das regiões mais pobres do estado.
Com frequência, em razão de um grande número de eventos, a Enel compra brindes de diversos fornecedores: sacolas, bolsas, mochilas e cadernos. Dessa vez, todo o volume de tecidos e plásticos que seriam descartados se transformou em matéria-prima para a confecção desses produtos — e a mão de obra foi comunitária. O pedido da Enel elevou, claro, a demanda de trabalho das costureiras do Salgueiro — e também a economia da empresa com esse tipo de compra, já que o material dos brindes não teve custo. “O desafio está em buscar soluções inovadoras que gerem valor também para as comunidades nas quais atuamos”, diz Nicola Cotugno, presidente da Enel Brasil.
Estratégia semelhante foi aplicada no entorno da usina solar de Ituverava, que a Enel opera no interior da Bahia. Por causa da distância dos centros urbanos, boa parte do material necessário para construir parques solares como esse chega ao destino em bobinas e paletes de madeira. Finda a construção, porém, isso vira resíduo. A Enel decidiu aproveitar esse volume de madeira até então sem serventia como base para oficinas de reciclagem e carpintaria para a comunidade local. O resultado: no ano passado, 19 pessoas foram capacitadas por um grupo italiano de design e produziram cadeiras, mesas, bancos, camas e caixotes para vender na região. Desse modo, a empresa evitou o custo com aterros e as emissões de gás carbônico que o transporte desse material acarretaria, e a comunidade se beneficiou da renda dos próprios móveis reciclados.
Até 2030, a AES Tietê quer ter 50% de sua geração de caixa proveniente de fontes renováveis não hídricas. Para isso, investe na geração distribuída e na comercialização de certificados de energia renovável | Ana Paula Machado
A AES Tietê, uma das maiores companhias de geração de energia do Brasil, quer mostrar que investir em energia renovável é simples e está ao alcance de empresas de diferentes portes e setores. Um exemplo é uma parceria que a companhia firmou com a Drogaria Araujo, rede mineira de farmácias, para geração de energia solar. O projeto prevê a construção de uma usina solar com potência de até 5,3 megawatts para abastecer as 145 lojas da Araujo em Minas Gerais. O terreno onde será instalada a usina solar, uma área correspondente a 4,6 estádios do Mineirão, é capaz de abrigar 16 000 módulos fotovoltaicos. Ao gerar a própria energia, a Araujo deixará de emitir cerca de 1 000 toneladas de CO2 por ano. Seu consumo médio mensal de energia, de 930 megawatts-hora, é equivalente ao de 6 000 residências.
A parceria com a Araujo se enquadra no que o mercado chama de geração distribuída — a empresa que gerar sua energia assume um contrato com a distribuidora local e recebe um desconto na conta equivalente ao total produzido. “Esse projeto faz parte da estratégia mundial da AES para se tornar uma empresa cada vez mais renovável, com investimentos em energia solar e eólica, e provedora de mais tecnologia, como o uso de baterias”, diz Ítalo Freitas, presidente da AES Brasil, grupo do qual a AES Tietê faz parte. A companhia negocia atualmente com outras três empresas — entre elas uma rede de supermercados — um contrato similar ao que firmou com a Araujo.
Outra iniciativa de destaque da AES Tietê é a comercialização dos certificados de energia renovável, o REC (na sigla em inglês). Esses certificados comprovam a geração de energia por meio de fontes renováveis. Cada REC equivale a 1 megawatt-hora de energia limpa gerada e injetada no sistema elétrico. Multinacionais dos mais variados segmentos têm comprado o certificado de energia para evidenciar o uso de fontes renováveis, já que alguns fundos só investem em empresas que comprovem esse uso.
Atualmente, a AES Tietê possui duas usinas certificadas, a hidrelétrica de Água Vermelha, no estado de São Paulo, e o parque eólico Alto Sertão II, na Bahia. Após um ano da certificação, a companhia já comercializou quase 1 milhão de RECs, com contratos até 2023, para sete clientes, principalmente multinacionais que possuem políticas globais consolidadas em relação ao consumo de energia renovável. “A comercialização desses certificados é parte da estratégia de nossa companhia de chegar a 2020 com 50% do Ebitda proveniente de fontes renováveis não hídricas”, diz Freitas.
A catarinense Celesc oferece a clientes subsídios para a instalação de equipamentos para a geração de energia solar e para o aproveitamento do calor do fogão a lenha | Bárbara Libório
Subsidiando a compra de tecnologia limpa para seus clientes, a concessionária Celesc, que atua nas áreas de geração, transmissão e distribuição de energia em Santa Catarina, quer diminuir as emissões de carbono, ampliar a participação da energia renovável na matriz elétrica e gerar economia para seus clientes. A empresa investiu 11 milhões de reais em um projeto que, em 2017, beneficiou 1.250 consumidores residenciais do estado com um bônus de 60% do valor de um sistema fotovoltaico de geração de energia solar, além da substituição de lâmpadas incandescentes e fluorescentes por lâmpadas LED. Cada cliente investiu menos de 7.000 reais na instalação do sistema — que no mercado custa mais de 20.000 reais. “Além de incentivar o uso de energia limpa, o projeto permite que as residências reduzam a conta de luz”, afirma Regina Schlickmann, assessora de responsabilidade socioambiental da Celesc.
Ao todo, a economia estimada com a implantação do programa é de 3.500 megawatts-hora de energia por ano. Levando-se em conta a vida útil dos equipamentos, de 25 anos em média, a energia elétrica economizada é suficiente para abastecer 37.000 residências. Além disso, a iniciativa vai evitar a emissão de 292 toneladas de CO2 na atmosfera, correspondente ao plantio de 1.750 árvores.
Outro projeto, o Banho de Energia, instalou 1.000 sistemas de recuperação de calor para fogão a lenha em residências da região serrana de Santa Catarina — a região mais fria do país e que tem por tradição usar o fogão a lenha. O sistema permite aproveitar o calor da fumaça da chaminé para aquecer a água, que pode ser usada nos chuveiros e nas torneiras. Foram investidos quase 10 milhões de reais nesse programa, que proporcionou uma economia de energia superior a 1 500 megawatts-hora. Houve também uma redução no consumo de lenha e, consequentemente, na emissão de particulados (cinza e fuligem) na atmosfera. Agora, a segunda fase do programa prevê a instalação de mais 800 recuperadores de calor.
Em outra frente de atuação, a Celesc criou um programa para formar profissionais com foco em eficiência energética. O curso de eletricista predial recebeu um investimento de quase 500.000 reais no ano passado e capacitou gratuitamente jovens em situação de vulnerabilidade social, mulheres, consumidores de baixa renda e egressos do sistema penitenciário. “No final, conseguimos entregar para o mercado 17 mulheres, sete imigrantes e três egressos do sistema prisional”, diz Regina. “Foi a primeira edição do curso, mas a ideia é que ele tenha continuidade no próximo ano.”
Em parceria com a montadora BMW, a concessionária EDP colocou em operação o maior corredor de postos de recarga de carros elétricos da América Latina, ligando São Paulo ao Rio de Janeiro | Ana Paula Machado
Presente há mais de duas décadas no Brasil, a portuguesa EDP atua nas áreas de geração, distribuição, comercialização e, mais recentemente, transmissão de energia. Com 15 usinas hidrelétricas e uma termelétrica, é o quinto maior grupo privado do segmento de geração do Brasil, com 2,8 gigawatts de capacidade instalada. Na área de transmissão, tem quase 1 300 quilômetros de linha, divididos em cinco projetos em construção. A companhia opera em 12 estados no país e atende cerca de 2,5 milhões de clientes. Com um negócio bem diversificado, a EDP ingressou neste ano em mais um nicho: o de carros elétricos. Em parceria com a montadora BMW, inaugurou em julho o maior corredor de postos de carregamento para carros elétricos da América Latina, na Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. Para Miguel Setas, presidente da EDP Brasil, a parceria com a BMW é um movimento de liderança na transição para uma economia de baixo carbono. “Ligar as duas maiores metrópoles brasileiras com esse corredor elétrico constitui um marco significativo na adoção de uma tecnologia que marcará o futuro da mobilidade”, afirmou Setas.
Ao longo dos 430 quilômetros da Dutra, foram instalados seis pontos de recarga rápida de carros elétricos ou híbridos, dentro de postos de combustíveis Ipiranga. Os pontos de recarga estão posicionados a distâncias que variam de 55 a 96 quilômetros entre si, com o objetivo de assegurar total autonomia aos veículos elétricos. Segundo a EDP, são necessários 20 minutos para recarregar 80% da bateria de um carro elétrico, e cada carregador pode abastecer até dois carros simultaneamente. Pelas contas da EDP e da BMW, o proprietário de um carro elétrico deverá gastar apenas 25% do que gastaria com um carro a gasolina ou etanol no mesmo trecho.
Até o final deste ano, os pontos de carregamento serão de uso gratuito, enquanto a EDP estuda a melhor forma de cobrança. O valor ainda não foi definido. A previsão é que o carregamento só seja cobrado a partir de 2019.
Iniciativas como essa fazem parte da estratégia de inovação da EDP, que em 2015 assumiu o compromisso de investir 100 milhões de reais em projetos inovadores até 2020. A EDP traçou outras metas até 2020 — entre elas limitar em 25% a participação do carvão em seu portfólio de geração de energia e promover projetos de redução de emissões de CO2. Além disso, a empresa vai disponibilizar produtos e serviços de eficiência energética para diminuir o consumo em 100 gigawatts-hora de energia nos clientes em relação a níveis de consumo de 2014.
INTELIGÊNCIA PARA PROMOVER A CULTURA DE EFICIÊNCIA
A distribuidora Elektro está implantando redes inteligentes numa região de São Paulo. O sistema fornecerá informação de consumo em tempo real e permitirá melhor acompanhamento dos gastos | Ana Paula Machado
Trazer o cliente para mais perto da gestão do consumo de energia é a proposta da distribuidora Elektro, do grupo Neoenergia. A companhia investiu 110 milhões de reais na implantação de redes inteligentes em Atibaia, Nazaré Paulista e Bom Jesus dos Perdões, no interior de São Paulo. É a primeira iniciativa desse tipo na América do Sul. “Estamos caminhando para uma transformação: as distribuidoras passarão a ser administradoras do sistema elétrico. Esse projeto é um passo nessa direção”, diz Giancarlo Souza, presidente da Elektro. O modelo de operação se apoia fortemente em tecnologias digitais e em melhorias na rede elétrica. Os consumidores possuirão medidores inteligentes, que registrarão o consumo diário de energia, o que permitirá melhor acompanhamento e planejamento de seus gastos. Esses medidores inteligentes estarão conectados via internet com a distribuidora. A ideia é traçar uma meta de consumo para acompanhamento, o que contribuirá para a criação de uma cultura de eficiência no consumo de energia.
Para esse projeto, a Elektro firmou parceria com a finlandesa Nokia para fornecer a tecnologia de telecomunicação e ligar os equipamentos à rede de transmissão de dados. A empresa também fornecerá serviços, desde o projeto da rede até sua implantação, integração do sistema, operação assistida, manutenção e treinamento. Em dois anos, foram implantados 70.000 medidores na região. “A meta é que todo o grupo Neoenergia migre para essa rede inteligente até 2030”, diz Souza. Além da Elektro, que atua em São Paulo e Mato Grosso do Sul, o grupo Neoenergia opera a Coelba (Bahia), a Celpe (Pernambuco) e a Cosern (Rio Grande do Norte), levando energia a 34 milhões de pessoas.
O projeto prevê também a comunicação em tempo real entre os terminais e a distribuidora. “Com isso, poderemos diminuir em 80% as fraudes na região de Atibaia e melhorar em 50% os indicadores de qualidade para o fornecimento de energia”, diz Souza. Caso o cliente fique sem o fornecimento de energia, essa informação é repassada imediatamente à distribuidora. “Poderemos identificar quanto tempo esse consumidor ficou sem atendimento.”
Além dos relógios inteligentes, está prevista a instalação de 1.600 sistemas de geração solar em residências, tornando Atibaia a capital nacional da energia solar. Dentro do conceito de administradores do sistema elétrico, os medidores informarão a geração de energia de cada cliente. Essa informação vai ser repassada para a concessionária, que dará um desconto na conta desse consumidor equivalente ao que foi gerado.
A distribuidora de energia Eletropaulo, responsável pelo fornecimento em municípios do estado de São Paulo, mapeou metas para uma atuação sustentável — uma das principais é reduzir o desperdício no uso de energia | Maíra Teixeira
Em 2017, a distribuidora de energia Eletropaulo foi uma das companhias que apoiaram e participaram de um estudo inédito realizado para entender como as empresas do setor instaladas no país estão se comprometendo com a Agenda 2030 da ONU, além de analisar os principais impactos e contribuições que as operações do setor elétrico podem causar aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. “Incorporamos as conclusões às nossas metas estratégicas”, afirma Marcia Massotti, diretora de sustentabilidade da Eletropaulo, cujo controle foi adquirido pela companhia italiana Enel em junho, por mais de 7 bilhões de reais. A distribuidora, que atende 24 cidades no estado de São Paulo, criou um comitê interno específico para desenvolver e acompanhar as ações relacionadas ao tema.
Nos objetivos ligados à educação de qualidade, com foco na transformação social pela educação, a empresa estabeleceu uma série de projetos. Um deles tem como meta difundir a consciência sobre o uso de energia elétrica e água entre alunos e professores da rede pública de ensino. Em 2017, o programa Eletropaulo nas Escolas gerou uma economia de energia elétrica nas escolas suficiente para abastecer 5 825 famílias por mês. Cerca de 200 escolas foram atendidas pelo projeto, chegando a sensibilizar 200.000 jovens matriculados.
O consumo consciente e a produção responsável são outras vertentes tratadas seriamente pela companhia. O projeto Recicle Mais, Pague Menos, iniciado em 2013, já beneficiou 22.700 famílias. No ano passado, a cidade de Carapicuíba, na Grande São Paulo, e as estações de metrô República e Luz, na capital paulista, receberam pontos de coleta, nos quais os clientes residenciais trocam material reciclável por créditos na conta de energia do mês seguinte. No ano passado, o projeto recebeu o cadastro de 2 447 novos clientes e concedeu um bônus total de 202 000 reais, com a coleta de 1 400 toneladas de resíduos. “A reciclagem desses resíduos evitou que 2 954 toneladas de gás carbônico fossem liberadas na atmosfera e economizou energia elétrica, uma vez que a fabricação de produtos com material reciclado demanda menos energia do que os processos com matéria-prima virgem”, afirma Marcia.
Atualmente, a Enel realiza diagnóstico com 30 agricultores de hortas comunitárias sob as linhas de transmissão da Eletropaulo para identificar demandas desse público por capacitação. O objetivo, após o mapeamento, é desenvolver ações específicas para o desenvolvimento de vocações e que fortaleçam a geração de renda.
Para elaborar políticas de gestão ambiental mais assertivas, a Engie Brasil iniciou um mapeamento inédito da fauna e da flora no entorno de seus empreendimentos | Bárbara Libório
A francesa Engie atua no Brasil nas áreas de geração, transmissão e comercialização de energia. No segmento de geração, detém 6% da capacidade instalada no país, com um parque de 31 usinas, sendo 11 hidrelétricas, quatro termelétricas, duas pequenas centrais hidrelétricas, nove eólicas, três a biomassa e duas solares fotovoltaicas. Em leilão realizado em 2017, a empresa arrematou um lote de 1.050 quilômetros de linhas de transmissão, conectadas a cinco subestações no Paraná. Ao mesmo tempo que expande seus negócios, a companhia está preocupada em mapear a biodiversidade no entorno de seus empreendimentos. Para isso, concluiu em setembro do ano passado a primeira etapa de um projeto batizado de Matriz Biodiversidade, que fez uma radiografia da fauna e da flora próximas aos empreendimentos em cinco dos seis biomas brasileiros: Mata Atlântica, Pampa, Caatinga, Pantanal e Cerrado. “Esse diagnóstico vai permitir que nossas políticas de gestão ambiental sejam mais bem definidas”, diz Eduardo Sattamini, presidente da Engie Brasil.
A primeira etapa começou com um benchmarking das maiores geradoras de energia do país para avaliar suas políticas de sustentabilidade, e contou com uma avaliação preliminar do status de biodiversidade de 26 empreendimentos energéticos e suas áreas de influência. Descobriu-se, por exemplo, que há 107 espécies de aves na área de influência das usinas e cinco rotas de aves migratórias sobrepostas no entorno de quatro empreendimentos na Bahia, no Tocantins, em Goiás e no Rio Grande do Sul. “Analisar essas rotas e o estado das unidades de conservação próximas é importante para direcionar esforços para a conservação da biodiversidade e pensar em ações para mitigar o risco de extinção”, afirma Sattamini.
Em novembro, a empresa está iniciando a segunda etapa do projeto, cujo foco é um trabalho de campo para checar a consistência dos dados levantados, fazer contato com as organizações da sociedade civil que atuam na região para verificar a possibilidade de parcerias e fazer a valoração de bens e serviços obtidos dos ecossistemas, direta ou indiretamente. O conhecimento gerado pelo projeto possibilitará o desenvolvimento de ações estratégicas em parceria com outras empresas, órgão ambientais, instituições de ensino e pesquisa e outras entidades. “A ideia é mostrar quanto a sociedade se beneficia com os sistemas ambientais. Quanto um proprietário que tem terras ao redor da usina pode ganhar mantendo a floresta de sua propriedade em pé? Qual é o benefício que a sociedade tem com a preservação?”, diz Sattamini.
Da inspeção da rede elétrica com drones ao atendimento virtual, a Light investe em sistemas e algoritmos que ajudam a melhorar o serviço prestado aos consumidores | Bárbara Libório
O SAC 2.0 — uso de canais digitais no atendimento a clientes — pode não ser mais novidade, mas a concessionária Light, que leva energia elétrica a 10 milhões de consumidores em 31 municípios do Rio de Janeiro, tem encontrado novas maneiras de usar a tecnologia para melhorar a qualidade do serviço e o atendimento a seus clientes. De drones a algoritmos, as soluções trazem benefícios para a empresa e também para os consumidores. A tecnologia começa na inspeção da rede elétrica. A Light está usando drones para obter uma visão mais detalhada dos componentes das redes de distribuição e transmissão. A detecção de um defeito, que antes demorava até 2 horas, agora pode levar apenas 15 minutos. Além disso, os equipamentos reduzem o tempo de execução de inspeções.
Outra tecnologia que a Light tem instalado em suas linhas de distribuição são sistemas que permitem realizar a autorrecomposição de circuitos elétricos, ou seja, sem interferência humana. Em caso de interrupção no fornecimento de energia, sensores inteligentes ajudam a restringir o número de clientes que ficam sem luz na área atingida pelo defeito. Com isso, a Light conseguiu diminuir em 22% o tempo de restabelecimento de energia.
Ainda assim, se precisarem de atendimento, os clientes da Light podem escolher entre vários canais, como redes sociais, agência virtual, celular, call center e autoatendimento, além das agências físicas. Em 2011, 38% dos atendimentos da Light eram virtuais. Em 2018, esse índice subiu para 88%. “Nós também digitalizamos o call center com uma unidade de resposta humanizada, inteligente e customizada, que fornece inclusive uma previsão do tempo necessário para restabelecer o fornecimento de energia, informação que é de extrema relevância para o cliente”, diz Marco Vilela, diretor comercial da Light. Para o funcionamento dessa tecnologia, um algoritmo desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro analisa algumas variáveis, como a série histórica de incidentes, para informar a previsão de retorno de energia. O acerto das previsões fornecidas aos clientes chega a 63%.
Os algoritmos são usados também em outro tipo de atendimento: a cobrança. Às vezes, um cliente que paga sua conta regularmente pode, por algum motivo, atrasar o pagamento em determinado mês. O algoritmo consegue diferenciar um bom pagador, que atrasa uma conta eventualmente, de um devedor contumaz. “Isso é importante para nós, porque um bom pagador deve ser cobrado de uma forma diferente de um devedor contumaz”, afirma Vilela.