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"Precisamos ser mais globais na PSA"

O presidente mundial do grupo francês PSA, dono das marcas Peugeot e Citroën, conta como pretende tornar a montadora menos europeia - e qual o papel do Brasil

Varin, da PSA: parcerias em mercados emergentes e troca de executivos na matriz (.)

Varin, da PSA: parcerias em mercados emergentes e troca de executivos na matriz (.)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2013 às 18h54.

A recente crise que assolou as economias desenvolvidas ensinou uma dura lição às montadoras - contar com uma forte presença nos mercados emergentes tornou-se questão de sobrevivência. É com base nesse ensinamento que o francês Philippe Varin, que assumiu o comando da PSA em junho de 2009, pretende reposicionar a empresa daqui para a frente.

1) EXAME - O senhor definiu como meta fazer da PSA uma empresa mais global. Por quê?

Philippe Varin - O fato de termos dois terços de nossa receita vindos da Europa nos deixou em desvantagem durante a crise. Se tivéssemos uma posição mais forte nos mercados emergentes, teríamos sofrido menos.

2) EXAME - Essa decisão não é um pouco tardia numa indústria já bastante globalizada?

Philippe Varin - Estamos em mercados como Brasil e China há pelo menos 15 anos. Mas o esforço para ganhar musculatura nesses países foi menor em nossa companhia em comparação com os nossos concorrentes. Isso está mudando.

3) EXAME - De que forma?

Philippe Varin - Acabamos de firmar a segunda associação para produzir carros na China. Na Rússia, vamos iniciar a produção de novos modelos graças a uma parceria com a Mitsubishi. No Brasil, queremos aumentar nossa participação de mercado. Não temos um número mágico, mas certamente podemos fazer muito mais do que fazemos hoje. Até 2015, espero que metade das vendas venha de fora da Europa.

4) EXAME - A PSA nunca ultrapassou os 5% de participação de mercado no Brasil. Por que isso será possível agora?

Philippe Varin - Vamos investir 1,4 bilhão de reais nos próximos três anos para trazer mais produtos e ampliar a capacidade de produção. Trata-se de um montante equivalente ao total investido na última década inteira. Pela primeira vez, vamos vender automóveis adequados ao gosto do brasileiro, como a picape Hoggar, da Peugeot, e o compacto C3, da Citroën, que tem um estilo aventureiro, bem ao gosto local.


5) EXAME - Como a subsidiária local está se preparando para essa nova fase?

Philippe Varin - Nos últimos quatro anos, cerca de 1 000 pessoas, entre profissionais de design e engenheiros, passaram pelos centros técnicos no Brasil para identificar mercados e desenvolver novos produtos. Ao mesmo tempo, vamos continuar trazendo carros mais sofisticados desenvolvidos na Europa.

6) EXAME - O senhor mudou boa parte da diretoria da PSA ao assumir a presidência do grupo. Era necessário?

Philippe Varin - Construí parte da minha carreira na siderúrgica Corus, uma companhia realmente internacionalizada. A PSA basicamente mantinha executivos franceses em outros países. Não é o mesmo que ter uma administração global. Das 11 pessoas que se reportam a mim hoje, sete vieram de fora da PSA.

7) EXAME - A PSA pretende entrar no segmento de carros populares para crescer no Brasil?

Philippe Varin - Sim. Estamos trabalhando em escala global numa série de produtos voltados para mercados como o brasileiro.

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