- Últimas notícias
- Revista EXAME
- YPO - Líderes Extraordinários
- Exame IN
- Brasil
- Clima
- PME & Negócios
- Exame CEO
- ExameLab
- Bússola
- Casual
- Inteligência Artificial
- Ciência
- Economia
- Colunistas
- Esfera Brasil
- Exame Agro
- Inovação
- Marketing
- Melhores e Maiores
- Mundo
- Mercado Imobiliário
- Net Zero
- POP
- Esporte
- Seguros
- Tecnologia
- Vídeos
- Expediente
Por que Arminio Fraga está de volta à Gávea
Arminio Fraga está prestes a anunciar a recompra da Gávea, gestora que vendeu em 2010 para o banco JP Morgan — e que não vive seus melhores dias
Modo escuro
Arminio Fraga: "A recompra da Gávea é um sinal de comprometimento" (Oscar Cabral/Veja)
Publicado em 26 de novembro de 2015 às, 09h42.
São Paulo — Num ambiente como o mercado financeiro, em que tudo pode mudar em minutos, cinco anos são uma eternidade. Em novembro de 2010, o Ibovespa estava perto de bater sua máxima histórica. O índice beirava os 73 000 pontos (o recorde, de 73 516 pontos, havia sido atingido em maio de 2008, pouco depois de o Brasil receber o grau de investimento).
O número de investidores individuais na bolsa brasileira também bateu recorde naquele ano e 22 empresas lançaram ações no mercado — captando, ao todo, quase 150 bilhões de reais. Além disso, o PIB brasileiro cresceu 7,5%. Foi nesse ambiente que o banco JP Morgan comprou, por meio de seu fundo Highbridge, o controle da gestora Gávea, fundada em 2003 por Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central.
O objetivo, como declararam executivos do JP Morgan na época, era “acelerar o crescimento do banco” num mercado em expansão. Passados cinco anos, a situação mudou radicalmente. O Brasil piorou, o cenário internacional é outro e os sócios resolveram alterar o plano original. Fraga está recomprando a Gávea, mas a gestora que ele vai tocar é diferente da que foi vendida ao JP Morgan.
A nova Gávea terá duas áreas principais, uma responsável pela gestão de fundos multimercados e outra pela de fundos de private equity. Outros departamentos, como os de fundos de ações e imobiliários, serão transferidos ao JP Morgan. “Foi uma decisão pessoal. Quero me concentrar nos negócios centrais da Gávea”, diz Fraga. “Quando o Brasil reencontrar o caminho do crescimento, o segmento de private equity vai ganhar importância.”
A dúvida de investidores e executivos do mercado ouvidos por EXAME é se a Gávea terá a mesma relevância que já teve nesse setor. Desde junho do ano passado, cinco dos dez sócios responsáveis pelos investimentos de private equity da gestora pediram demissão. Segundo pessoas próximas a eles, o principal motivo da saída dos executivos foi financeiro: estavam insatisfeitos com a distribuição dos ganhos gerados pelos fundos da Gávea.
Reclamavam, principalmente, da falta de regras claras e da lentidão para aumentar sua participação. “A Gávea sempre foi conservadora”, diz um executivo da concorrência. Para Amaury Bier, sócio que assumiu o comando da área de private equity da gestora em agosto, “a insatisfação não tem fundamento objetivo”. “Nossa estrutura de remuneração é clara desde 2011 e pagamos em linha com o mercado. Mas queixas são comuns”, diz.
A principal forma de remunerar executivos nesse mercado é dar a eles uma participação nos lucros obtidos com a venda das participações em empresas. É possível que alguns desses profissionais tivessem decidido ficar na Gávea se o mercado estivesse numa fase melhor — e houvesse alguma perspectiva de os fundos darem bons retornos em dólar, a moeda sonante no mundo do private equity.
Com a desvalorização do real, porém, atingir a meta de retorno — e receber bônus — ficou bem mais difícil. A Gávea captou seu maior fundo de private equity, de 1,9 bilhão de dólares, em novembro de 2011, quando o dólar estava abaixo de 2 reais (hoje, está em torno de 4 reais).
Bier e Fraga dizem que a saída dos executivos foi motivada por questões particulares de cada um — Piero Minardi, por exemplo, um dos antigos sócios responsáveis pela área, tornou-se o principal executivo da gestora de private equity Warburg Pincus no Brasil (“na estrutura societária da Gávea, ele não tinha chance de virar o número 1”, diz Bier).
Para recompor a equipe, a Gávea contratou apenas duas pessoas: um analista e o executivo Marcelo Albuquerque, que fazia parte da área de investimentos próprios do banco Santander. Também promoveu quatro analistas a gestores. Além disso, Fabio Barbosa, ex-presidente do Santander e da Abril Mídia (que publica EXAME), tornou-se sócio conselheiro da Gávea e passou a integrar o comitê de private equity, com a função de auxiliar na gestão das empresas que recebem investimentos. “É preciso ser ainda mais cuidadoso na escolha das empresas agora. Não temos mais aquele vento a favor, que favorecia o crescimento”, diz Barbosa.
O grande acerto do private equity da Gávea foi o investimento na Arcos Dorados, dona da rede de lanchonetes McDonald’s, em 2007: o valor inicial aplicado foi multiplicado por 10 na abertura de capital, quatro anos mais tarde. O maior prejuízo foi o aporte feito na empresa de transportes aéreos BRA, que está em recuperação judicial.
Mas a empresa tem outros investimentos que dificilmente darão o rendimento esperado — como a companhia de sondas Odebrecht Oil & Gas e a fabricante de alimentos Camil. A expectativa de retorno está no fundo captado em 2014, que já fez um investimento e está em meio a um processo de aporte numa companhia aberta. Hoje, a área de private equity tem 9 bilhões de reais sob gestão, e outros 7 bilhões de reais estão em fundos multimercados.
Estrela
A negociação para a recompra da Gávea mostra como é complicado comprar — e manter — uma empresa fortemente vinculada a alguma estrela do mercado. Pelo acordo fechado com o JP Morgan em 2010, Fraga deveria permanecer por cinco anos na gestora, prazo que termina agora.
Se decidisse sair, é possível que a Gávea perdesse clientes. Como ele resolveu recomprar, o JP Morgan achou melhor aceitar, e os detalhes da transação estão sendo negociados (procurado, o banco não deu entrevista). O banco Credit Suisse viu-se numa situação parecida ao comprar a gestora Hedging-Griffo em 2006.
Luis Stuhlberger, sócio da Griffo e um dos melhores gestores de fundos do país, deveria permanecer no banco até 2015. Quando o prazo estava perto de terminar, negociou a criação de uma nova gestora, a Verde, que tem o Credit Suisse como sócio. O JP Morgan não deve virar sócio da Gávea, mas a recompra deverá ser paga com uma parcela das receitas da gestora, em alguns anos. “Essa recompra é um sinal de comprometimento, com o país e com a Gávea”, diz Fraga.
O JP Morgan, por sua vez, também está reavaliando sua participação em gestoras independentes e pode revender a Highbridge, adquirida em 2004. “Empresas de investimentos alternativos têm de ser capazes de tomar decisões rapidamente, o que é impossível numa instituição como o JP Morgan, que tem cerca de 240 000 funcionários”, afirma um executivo do banco. Isso não parecia ser um problema em 2010 — mas, como os brasileiros hão de atestar, tudo mudou de lá para cá.
Mais lidas em Revista Exame
Últimas Notícias
Na China, aumento da classe média incentiva liberação de sementes transgênicas
Há uma semana
Resistente a quedas: após crescer 50% na pandemia, a catarinense Oxford avança para outros mercados
Há uma semana
Branded contents
Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions
Com copos de plástico reciclado coletado no litoral brasileiro, Corona estreia no Primavera Sound
Com itens personalizados, Tramontina usa expertise para aproveitar alta dos presentes de fim de ano
Suvinil investe para criar embalagens e produtos mais sustentáveis
Inovação em nuvem e IA: a aposta da Huawei Cloud para o Brasil
Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.