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Piquet, o super corretor dos imóveis em Miami

Cristiano Piquet já vendeu mais de 500 milhões de reais em imóveis para brasileiros em Miami. O sobrenome famoso ajudou, é claro — embora seu grau de parentesco com Nelson Piquet não seja tão próximo assim

O corretor Cristiano Piquet: golfe e passeio de iate para conquistar os clientes  (Germano Lüders/EXAME.com)

O corretor Cristiano Piquet: golfe e passeio de iate para conquistar os clientes (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 15 de março de 2013 às 18h11.

São Paulo - Ter um sobrenome famoso pode até não fazer de ninguém um sucesso garantido nos negócios — mas que dá um bom empurrão, dá. O nome internacionalmente conhecido ajudou o corretor de imóveis Cristiano Piquet a se transformar num fenômeno. Ele é dono da Piquet Realty, a maior vendedora de imóveis para brasileiros nos Estados Unidos.

A empresa tem 80 corretores e, em seis anos de operação, estima-se que já tenha faturado 1 bilhão de reais negociando apartamentos e casas em Miami, Orlando e Nova York para a brasileirada — os apresentadores Roberto Justus, Amaury Junior e Otávio Mesquita fazem parte da clientela. Para aparecer, Piquet aproveita o nome da família.

Em seu site, ele aparece de macacão de piloto, ao lado de beldades dessas tão comuns nas pistas de corrida. Um pedaço do site é dedicado a Nelsinho, filho do tricampeão de Fórmula 1 Nelson, também piloto. Não importa que Cristiano não tenha grau de parentesco com os pilotos da família Piquet: tudo é feito para parecer que tem.

“Quando me perguntam, eu brinco que somos primos de 12º grau. Eu e o Nelsinho Piquet somos primos de consideração”, diz Cristiano, exibindo fotos com Nelsinho em Miami.

Logo se vê que o sonho de Cristiano sempre foi virar um Piquet da mesma linhagem dos “primos” famosos. Na adolescência, ele foi tricampeão brasileiro de kart. Em 2000, aos 23 anos, mudou-se para o Estados Unidos para tentar seguir carreira por lá. Chegou a correr pela Fórmula Dodge, um campeonato semiprofissional do país, mas desistiu por falta de patrocínio.

Em 2006, desempregado em Miami, recebeu o telefonema de um amigo brasileiro interessado em indicações de onde e como comprar um apartamento na cidade. Poucos dias depois, após receber outro telefonema, percebeu que havia um mercado pouco explorado. Decidiu se aposentar temporariamente das corridas para virar corretor. Como largou na frente, ninguém aproveitou tão bem quanto ele a febre imobiliária que veio a seguir.

Logo após a crise de 2008, o valor dos imóveis em Miami caiu 40%. Enquanto os americanos seguravam os gastos, os brasileiros aproveitaram. Atualmente, de cada dez imóveis vendidos na cidade, um é para brasileiros. Cristiano foi um dos primeiros a perceber o potencial desse mercado. E, além de usar o nome famoso, criou uma estratégia que se provou vencedora.

Cristiano teve Vicente Falconi, um dos maiores gurus de gestão do país, como conselheiro. Falconi, que é vizinho de seus pais em Belo Horizonte, ajudou a desenhar um plano para que Piquet tivesse condições de competir com os 100 000 corretores que já atuavam na Flórida. A ideia era privilegiar os brasileiros que quisessem comprar uma casa na praia ou um apartamento para investir — com preços médios de 1 milhão de dólares.


“Esses brasileiros frequentam as casas nos Estados Unidos dois meses por ano. Precisam de alguém para cuidar de tudo no resto do tempo”, diz Marcelo Tapai, advogado especializado em direito imobiliário, com clientes nos Estados Unidos.

Cristiano contratou seus irmãos Alexandre e Daniel e criou sete empresas de serviços, que oferecem assistência jurídica, decoração, aluguel de bens de luxo — como iates e aeronaves — e um serviço de concierge, tudo em português. “Recolhemos móveis quando há ameaça de furacão, compramos entradas para espetáculos, abastecemos a geladeira quando o cliente vai chegar”, diz.

Apresentação de luxo

Cristiano também capricha para impressionar os clientes. Sua empresa leva os interessados para conhecer os imóveis em um Rolls Royce. Se o cliente quiser, as casas no litoral podem ser apresentadas de dentro de iates e até mesmo em voos panorâmicos (afinal, para impressionar os ricaços, a casa tem de ser deslumbrante de qualquer ângulo).

Quando o negócio é fechado, o tratamento também é vip. “Oferecemos jantar, jogamos golfe ou damos a diária de um carro de luxo”, diz Cristiano. A euforia em torno dos imóveis de Miami é tamanha que Piquet já vendeu uma casa de 7 milhões de dólares em apenas três dias. 

Cristiano vai precisar lidar agora com o aumento da concorrência. Após uma longa recessão, os americanos voltaram a se interessar por imóveis na Flórida, e a previsão é que, em no máximo cinco anos, o preço das casas volte ao patamar pré-crise.

Em um mercado mais aquecido, é natural que o poder de compra dos brasileiros caia. Por isso, Piquet começou a diversificar a clientela — americanos e latino-americanos já respondem por metade das vendas.

O que o clã Piquet acha de tudo isso? “Tenho mais contato com ele do que com muitos primos de verdade”, diz Nelsinho Piquet, que já negociou com Cristiano. Esse mundo dá tantas voltas que a Piquet Realty atualmente patrocina Nelsinho — chegou a hora da parte famosa da família receber uma mãozinha do “primo” novo-rico.

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