Modelo Explorer II com o selo de certificação e a garantia após catalogação e revisão: segurança para os consumidores (Divulgação/Divulgação)
Ivan Padilla
Publicado em 19 de janeiro de 2023 às 06h00.
Estranho mercado esse da alta relojoaria. As peças de movimento mecânico de altíssima qualidade são feitas para durar muitas e muitas décadas. O problema acontece assim que os relógios saem da loja.
O setor de segunda mão sofre com informalidade, preços flutuantes, falsificações. Mas este ano de 2023 pode representar uma virada para essa indústria. A Rolex lançou um programa no fim do ano passado que deve trazer mais confiança para seus consumidores.
Trata-se de um selo de certificação que leva o nome de Certified Pre-Owned. A intenção é dar nova vida a máquinas do tempo feitas para durar muito tempo, o que vai ao encontro do conceito perpetual da marca, uma filosofia de busca pela excelência e compromisso de longo prazo com as gerações futuras. A certificação funciona da seguinte forma: qualquer pessoa que tenha um relógio Rolex, mesmo sem caixa e documentação original, pode procurar um distribuidor autorizado. A peça então será validada, terá autenticidade atestada e passará por uma revisão.
O certificado virá diretamente de Genebra, na Suíça, e dará uma garantia de dois anos para o comprador. O selo tem um design retrô, indicativo de que se trata de uma peça atemporal. Os relógios certificados serão vendidos de duas maneiras. Nas lojas, haverá um espaço separado destinado para as peças de segunda mão. Os relógios usados também poderão ser vendidos no e-commerce da loja autorizada — hoje a venda só é feita presencialmente.
O programa teve início no começo do ano nas butiques Bucherer em seis países europeus (Suíça, Áustria, Alemanha, França, Dinamarca e Reino Unido). No Brasil, a previsão de início é no segundo semestre. Todas as revendedoras autorizadas poderão fazer a certificação e a revenda das peças.
É simbólico que esse movimento tenha partido da maior marca de relógios de luxo do mundo. A Rolex teve em 2022 um market share de 28,8% do mercado de relógios suíços, segundo estudo da consultoria Luxe Consult com a Morgan Stanley.
Neste mês a marca subiu os preços entre 7% e 11% em relação a um ano atrás. O aumento se explica pela falta de componentes, pelo crescimento de custos de produção e pela alta demanda. As lojas da Rolex em geral não têm peças para venda imediata. Muitas vezes é preciso esperar na fila. Em muitas vitrines os poucos relógios expostos vêm com o aviso de que são apenas para demonstração.
Com isso, os relógios de segunda mão geralmente custam até mais caro do que os da loja — simplesmente porque não estão disponíveis.
A indústria em geral vive um ótimo momento. Em novembro passado, as exportações de relógios suíços representaram um total de 2,4 bilhões de francos, 10,9% mais em relação a 2021, segundo a Federação da Indústria de Relógios Suíços. Nos 11 primeiros meses de 2021, o setor exportou o equivalente a 22,8 bilhões de francos, 11,9% mais do que no ano anterior — que já havia sido o melhor ano da história.
Não se sabe ainda se o certificado da Rolex vai ajudar a reduzir os preços das peças que já estão circulando, até porque o serviço de revisão tem custo e os relógios passam agora a ter garantia. Mas certamente trará credibilidade para um setor do luxo cada vez mais pujante.
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