Revista Exame

Os campeões de 1997

Entre mais de 2 000 fundos, eles se destacaram pela regularidade de seu desempenho na segunda pesquisa anual realizada por EXAME

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 12h40.

Procure-os no topo das listas dos fundos mais rentáveis do mercado. Você provavelmente não vai achá-los lá (nem na lanterninha da lista). Para ser um dos melhores fundos da praça, não é necessário ser um campeão em rentabilidade. Também não é necessário ser grande. Talvez mais do que em qualquer outro negócio, no mundo dos fundos tamanho não é documento. Ao contrário. Muitas vezes, administradores de menor porte conseguem ter maior agilidade para trocar de posição do que os grandes. O que conta, aqui, é o administrador conseguir o melhor retorno para o grau de risco que assume em suas operações no mercado. É isso que garante ao cotista que ele não precisará perder o sono por causa de um administrador desvairado. Como diz o velho ditado, é de grão em grão que a galinha enche o papo.

Os administradores dos fundos laureados com cinco estrelas por EXAME fizeram isso melhor do que todos os outros (veja quadro). Conseguiram manter um nível de oscilação relativamente baixo nas cotas de seus fundos, sem com isso deixar de oferecer rendimentos acima da média do mercado. Nada mais confortável para o investidor do que saber que existe um guardião cuidando do seu dinheiro com o carinho que ele merece.

Realizada pelo segundo ano consecutivo, a pesquisa de EXAME, produzida em conjunto com o Ibmec de São Paulo, um dos centros de formação de profissionais de finanças mais dinâmicos do país, rastreou cerca de 2 000 fundos para chegar aos nomes dos 36 melhores fundos de investimento locais e offshore. Apenas os fundos que tinham no mínimo um ano de vida puderam participar do levantamento. O histórico é fundamental para calcular o índice de retorno e de risco de um fundo. Sem ele fica difícil medir as oscilações das cotas de forma que se possa chegar a conclusões confiáveis sobre o desempenho de cada um.

Nenhum administrador conseguiu brilhar nos fundos de risco e nos de renda fixa simultaneamente. Nos fundos de ações locais, três fundos se destacam: o BMG Ações, o Agenda Carteira Livre e o Ático Ações I, todos administrados por instituições que não atuam no varejo bancário. Os três integram a lista dos fundos de ações cinco estrelas pelo segundo ano consecutivo. O fundo BMG, administrado pelo banco do mesmo nome, de Minas Gerais, atua preferencialmente com investidores de grande porte. O Ático é administrado pela Ativa. O Agenda, pela corretora que, como no caso do BMG, lhe cedeu o nome. A Agenda e a Ativa são duas pequenas corretoras do Rio de Janeiro que se especializaram na gestão de fundos de ações.

Eles são acompanhados por fundos que, em sua maioria, também são administrados por pequenas instituições financeiras. Curiosamente, quase todas também são do Rio de Janeiro. A exceção é BFB, o banco comprado há dois anos pelo Itaú, que também administra o fundo que leva o seu nome. O BFB além de ter sede em São Paulo é controlado por um dos maiores grupos do país. É o único entre os grandes que conseguiu escrever seu nome na lista dos melhores administradores de fundos de ações locais. Nos fundos offshore de renda variável, quem se deu bem foi o Unibanco. O seu Umbrella Fund foi o único que obteve as cinco estrelas concedidas por EXAME.

Nos fundos de 60 dias de risco, aí incluídos os multiportfólios e os de derivativos, os gigantes da área de gestão de recursos, como o Bozano, o Chase e o Safra, levaram a melhor. E, nos fundos de investimento no exterior, que aplicam preferencialmente em títulos da dívida externa brasileira, quem se saiu bem foi o banco Patrimônio, associado ao Salomon Brothers, um dos maiores bancos de investimento dos Estados Unidos e um dos principais negociadores do mundo de títulos da dívida .

Nos fundos de renda fixa, de 30 e de 60 dias, o Banco do Brasil, mais uma vez, consagrou-se como um dos melhores administradores do país. No ano passado, três de seus fundos já haviam sido laureados com cinco estrelas, o BB Premium 60, o BB Fix 60 e o BB Fix 30. Agora, o BB brilhou novamente na lista da modalidade. Os fundos administrados por outros bancões lhe fazem companhia. Entre eles, destacam-se o BancoCidade, o Excel-Econômico, o Banestado, do Paraná, e o BMC, que aparecem agora pela segunda vez na lista da categoria. Também o Credibanco, controlado pelo The Bank of New York, figura com seus fundos na lista pelo segundo ano consecutivo. No ano passado tinha apenas um, o Credibanco Yield Plus. Em 1997, o Yield Plus brilhou de novo e ainda emplacou mais um fundo na lista, o Credibanco DI. O Noroeste seguiu o mesmo caminho. Com uma diferença. No ano passado, o banco paulista, recentemente comprado pelo espanhol Santander, já tinha dois fundos no ranking. Neste ano, manteve os mesmos dois.

Também aparecem na lista dos melhores fundos de 60 dias de renda fixa três administradores que vêm aumentando a sua participação na gestão de fundos: o Icatu e o Pactual, ambos do Rio de Janeiro. Entre os fundos de renda fixa offshore, quem subiu ao pódio foi o Matrix, de São Paulo. O Matrix, que integra o grupo dos administradores que estão ganhando musculatura na área de gestão de recursos, emplacou dois entre dois fundos cinco estrelas, um índice de aproveitamento invejável.

Fazer parte de uma lista de 36 nomes, entre mais de 2 000 fundos pesquisados, não é brincadeira. Ainda mais se os administradores estão entre os dez que já tinham subido ao pódio em 1996. Numa era em que a volatilidade dos mercados leva administradores consagrados à lona, conseguir obter um bom retorno para o fundo com uma taxa de risco relativamente baixa não é pouca coisa. Muita gente do mercado, que faz da agressividade a sua marca, deveria aprender com eles como se administra um fundo sem fazer com que suas cotas se comportem como uma gangorra. De nada adianta alternar ganhos altíssimos com prejuízos monumentais. O que os investidores gostam é disso, de caminhar para a frente, devagar e sempre, como acontece com os fundos de investimento cinco estrelas.

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