James Goodnight, presidente global da SAS: “Devemos nos perguntar o que precisa ser privado” (Divulgação/Divulgação)
Lucas Agrela
Publicado em 18 de junho de 2020 às 05h11.
Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 12h39.
O empresário americano James Goodnight é um dos pioneiros no mercado de análise de dados. Ainda em 1976, ele foi um dos cofundadores da SAS, empresa de tecnologia que atua nesse segmento, numa época em que o termo big data nem sequer existia. No cargo de presidente global há 44 anos, o executivo conduziu a empresa do zero a um faturamento de 3,1 bilhões de dólares em 2019. Em entrevista à EXAME, Goodnight falou sobre a importância da análise de dados para conter a pandemia.
Quais são os mercados que mais usam análise de dados?
A análise de dados é muito usada por bancos e seguradoras. Esses setores dependem de entender como os clientes se comportam, seus desejos e suas necessidades. Mas hoje o setor farmacêutico também tem usado a análise de dados para realizar testes de medicamentos e verificar se eles são seguros e eficazes.
Esse tipo de aplicação tem sido usado na pandemia?
Nos Estados Unidos, fornecemos a capacidade de análise de dados e inteligência artificial tanto para prever o pico da pandemia quanto para estimar a quantidade de leitos de hospitais e de UTI que são necessários. Também oferecemos aos governos um painel que centraliza as informações sobre o impacto do vírus em diferentes regiões.
Muito se fala sobre a necessidade de proteger os dados pessoais. Ainda existe privacidade?
Existe. Mas devemos nos perguntar o que precisa ser privado. Nos Estados Unidos, os dados médicos são muito regulados. Mas, do ponto de vista da saúde pública, é importante também saber quem foi contagiado e onde as pessoas moram para, por exemplo, investigar a evolução da epidemia.
Com mais dados e menos regras, seria mais fácil conter a doença?
Com certeza. Para isso, seria necessário estabelecer padrões globais para utilizar as informações para pesquisa e desenvolvimento.
Como a tecnologia pode ajudar as companhias a atravessar a crise?
Estamos em um momento de planejamento e otimização de recursos, e a tecnologia pode ajudar a realizar isso. A análise de dados pode até gerar previsões sobre quando a economia voltará ao patamar de antes, o que seria importante, por exemplo, para o mercado de hotelaria.