Revista Exame

O turismo se torna um aliado da biodiversidade

Grupo Cataratas e Grupo Rio Quente viram referência com soluções sustentáveis para problemas reais

Bruno Marques de Oliveira, presidente do Grupo Cataratas: aumento do número de onças-pintadas no Parque Nacional do Iguaçu (Leandro Fonseca/Exame)

Bruno Marques de Oliveira, presidente do Grupo Cataratas: aumento do número de onças-pintadas no Parque Nacional do Iguaçu (Leandro Fonseca/Exame)

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Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2017 às 05h04.

Última atualização em 18 de julho de 2018 às 16h09.

Os parques nacionais do Iguaçu, no Paraná, da Tijuca, no Rio de Janeiro, e de Fernando de Noronha, em Pernambuco, recebem 3,5 milhões de visitantes por ano. Os três parques são administrados pelo Grupo Cataratas, pioneiro na assinatura de contratos com o Estado para oferecer ao público experiências ligadas à natureza. O acordo com o poder público prevê a exploração de certas atividades econômicas nos parques, como a cobrança de ingressos e a venda de souvenires, em troca da administração das áreas.

Na prática, a concessionária absorve os gastos que seriam de responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, responsável pela gestão dos parques nacionais. “Aliviamos o caixa do governo para que o órgão se dedique à sua função principal, que é proteger a natureza”, diz Bruno Marques de Oliveira, presidente do Grupo Cataratas.

No Parque Nacional do Iguaçu, uma unidade de conservação com 185 000 hectares (maior do que a cidade de São Paulo, que tem 152 000 hectares), o limite de atuação do Cataratas, definido no contrato de concessão, não passa de 3% da área total. Além de controlar os serviços de bilheteria, o Cataratas realiza o atendimento aos visitantes oferecendo transporte interno, estacionamento, ambulatório e restaurante. É responsável também pela limpeza das áreas de visitação e pela gestão dos impactos causados pela presença do público. A ideia básica é tornar a experiência com a biodiversidade uma atividade lúdica, transformando visitantes e comunidade em aliados na conservação da biodiversidade.

“A regularização da atividade em -áreas protegidas contribui para a preservação da fauna e da flora locais”, afirma Marques de Oliveira. Como exemplo, ele cita o crescimento da população de onças-pintadas, espécie que está na lista de animais ameaçados de extinção. Em relação a 2014, houve um aumento de quase 40% no número desses animais no Parque Nacional do Iguaçu.

Outro aspecto positivo das concessões está nas receitas geradas pelo turismo para o município em que o parque está sediado e para as cidades no entorno. Um estudo realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro estima que o impacto do Parque do Iguaçu na economia local é superior a 40 milhões de reais por ano. “Nossas compras são regionais e vêm de 500 microempresas no entorno do parque”, diz Fernando Henrique de Sousa, diretor de sustentabilidade do Cataratas. “Compramos de tudo: das lâmpadas à alimentação vendida aos turistas.”


Grupo Rio Quente

Grupo Rio Quente, que explora águas termais em um complexo hoteleiro com parque aquático em Goiás, diminuiu de forma significativa o consumo de óleo diesel para gerar energia. Em 2016, a empresa queimou, para mover seus geradores, mais de 180 000 litros do combustível fóssil. Neste ano, até setembro, esse número havia caído para 11 000 litros.

“Antes, tínhamos de ligar os geradores entre as 19 e 21 horas para dar conta do horário de pico de demanda de energia nos hotéis. Agora, ligamos os equipamentos apenas em situações de emergência”, diz Ronaldo Pacheco, diretor de operações do Grupo Rio Quente.

A redução foi possível porque a empresa entrou no mercado livre de energia, que permite a negociação direta entre consumidores e empresas elétricas. Aberto somente para quem tem contratos mensais elevados de fornecimento de energia, esse mercado possibilita ao consumidor escolher de quem comprar energia.

Com acesso a melhores condições contratuais, como eletricidade mais barata em comparação com o mercado tradicional controlado pelas concessionárias, o Grupo Rio Quente pôde quase aposentar os geradores, que serviam para reduzir os custos no horário de alto consumo. “Além dos aparelhos de ar condicionado, que são necessários para aguentar o calor em nossa região, as bombas das piscinas dos parques também puxam muita energia”, diz Pacheco.

Outra medida que vai proporcionar um ganho relevante é a produção própria do cloro usado na limpeza das piscinas. Somente no Hot Park, parque de águas quentes do complexo, por exemplo, é necessário higienizar 13 piscinas e seis tobogãs com frequência.

Como o Grupo Rio Quente utiliza águas termais provenientes de 18 nascentes próximas, era fundamental encontrar uma forma de obter cloro que fosse economicamente viável e que não envolvesse o transporte, a manipulação ou a armazenagem de produtos químicos, para não trazer riscos ambientais.

Para obter cloro de forma sustentável, a empresa decidiu, então, investir 210 000 reais na compra de equipamentos para fazer a eletrólise — a separação dos elementos de um composto com o uso da eletricidade — de uma solução formada apenas por água e sal. Ou seja, para obter cloro para a limpeza das piscinas, basta usar água, sal e eletricidade. O custo para produzir 1 quilo de cloro por esse método equivale a 25% do preço de 1 quilo de cloro comum.

Desde que adotou esse processo, em fevereiro, o Grupo Rio Quente deixou de comprar 7,5 toneladas de cloro convencional. “Com a produção própria de cloro, acabamos com a dependência de fornecedores de produtos químicos”, diz Pacheco.

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