Revista Exame

Com o Redentor na arquibancada, Rio Open comemora a 10ª edição

Com jogadores de primeiro nível, organização impecável e uma vista de tirar o fôlego, o Rio Open completa dez anos de idade

Quadra central do Rio Open, no Jockey Club: belezas naturais (Carlo Wrede/Divulgação)

Quadra central do Rio Open, no Jockey Club: belezas naturais (Carlo Wrede/Divulgação)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 25 de janeiro de 2024 às 06h00.

De um lado, o Pão de Açúcar. Do outro, o Corcovado. Na frente, a Lagoa Rodrigo de Freitas. Com todo o respeito às cidades do circuito internacional de tênis, mas poucos torneios têm uma vista tão bonita quanto o Rio Open, realizado no Jockey Club, na Gávea. Com jogadores de primeiro nível, organização impecável e um cenário de tirar o fôlego, o campeonato carioca categoria ATP 500 está completando dez anos. A comemoração será à altura de seu breve, porém estrelado, histórico.

Nesta edição, que acontece de 17 a 25 de fevereiro, está confirmada a presença do espanhol Carlos Alcaraz, atual número 2 do mundo, e do veterano suíço Stanislas Wawrinka, vencedor de três Grand Slam.

A primeira edição do torneio teve início no dia 15 de fevereiro de 2014. Foi um começo arrasador. O campeão daquela edição foi o espanhol Rafael Nadal, então número 1 do mundo, que venceu o ucraniano Alexandr Dolgopolov na final. A lista de tenistas de primeiro escalão que passaram pelas quadras do Jockey inclui os espanhóis David Ferrer, Fernando Verdasco e Tommy Robredo, os franceses Gael Monfils e Jo-Wilfried Tsonga, o austríaco Dominic Thiem, o japonês Kei Nishikori, os croatas Marin Cilic e Borna Coric, os italianos Fabio Fognini, Lorenzo Musetti e Matteo Berrettini, o canadense Felix Auger-Aliassime, o argentino Diego Schwartzman e o atual campeão, Cameron Norrie.

O ATP 500 é uma categoria intermediária. Não distribui tantos pontos nem tem premiação tão alta quanto um Masters 1000 ou um Grand Slam, mas é maior que um ATP 250. Existe um número limitado de torneios ao longo do ano, definido pela Associação de Tenistas Profissionais. Um novo campeonato só pode ser realizado no lugar de algum outro.

Márcia Casz, diretora-geral do Rio Open e Lui Carvalho, diretor do Rio Open. (Peter Wrede /Divulgação)

O Rio Open só existe porque os organizadores do então ATP 500 de Memphis, nos Estados Unidos, desistiram naquele momento de realizar o torneio. Houve então um leilão. Quem levou foi a empresa brasileira IMX, que mais tarde virou IMM. Uma exigência era que as quadras fossem de saibro. O Rio Open hoje faz parte de um pequeno circuito na terra vermelha, que inclui os ATP 250 de Córdoba e Buenos Aires, na Argentina, e de Santiago, no Chile, todos em fevereiro.

“Foi um início muito desafiador”, lembra Márcia Casz, diretora-geral do Rio Open. “Estávamos vendendo um sonho, algo que ainda não existia. Mas o momento para o país era muito favorável, os olhos estavam todos voltados para cá.” Naquele ano o país sediou a Copa do Mundo de futebol. Dois anos depois o Rio de Janeiro recebeu os Jogos Olímpicos. A primeira empresa a acreditar no projeto foi a Claro, que hoje dá nome ao torneio. A Rolex, patrocinadora dos maiores torneios de tênis do mundo, foi outra marca presente desde o início. “Só existe uma chance de causar uma boa primeira impressão. E nós conseguimos”, diz Casz.

Rafael Nadal: campeão da primeira edição da competição (Divulgação/Divulgação)

Uma inspiração para o Rio Open foi Roland Garros, com seus charmosos bulevares arborizados com tendas de suvenires e gastronomia, conta Luiz Procópio Carvalho, diretor do Rio Open. “Estamos sempre vendo o que funciona aqui e em outros circuitos”, diz o executivo, que também é diretor dos torneios ATP 250 de Chengdu e Shenzen, na China, de Hong Kong e do Queen’s, na Inglaterra. Um aprendizado nesses anos foi aumentar a cobertura da área de ativações, uma proteção para os visitantes contra o sol forte e as chuvas implacáveis do verão.

Carvalho também é encarregado de descobrir talentos e negociar a presença de jogadores de ponta no Rio de Janeiro. Quatro anos atrás, o espanhol Carlos Alcaraz, então um iniciante desconhecido, recebeu um convite para disputar o torneio. Foi no Rio que ele ganhou seu primeiro jogo como profissional. Por contrato, ele vem participando do evento de lá para cá. O mesmo aconteceu com o norueguês Casper Ruud, que chegou a ser número 2 e é o atual número 11 do mundo. Na edição de 2017, também como jovem convidado, ele chegou às semifinais.

“Olhamos os atletas não só pelo ranking, mas com um olhar de produto”, conta Carvalho. “Procuramos jogadores com carisma, que se conectem com os torcedores, causem frisson na arquibancada.” Uma aposta para este ano é o jovem francês Arthur Fills, número 35 do mundo. Uma disputa entre Fills e Alcaraz seria a final dos sonhos para os organizadores neste ano de celebração? “Talvez entre Alcaraz e João Fonseca, um juvenil muito promissor. Meu sonho é que  um dia um brasileiro seja campeão do Rio Open”, afirma Casz.


Agito na cidade

O torneio ganha visibilidade internacional e incentiva o turismo no Rio de Janeiro

→ 600.000 torcedores já passaram pelas arquibancadas

→ 140 países exibiram até hoje o torneio pela televisão, em mais de 3.000 horas de transmissão 

A edição de 2023 movimentou 150 milhões de dólares na economia do estado do Rio de Janeiro, com 5.000 empregos diretos ou indiretos

Fonte: IMM, Deloitte Brasil.

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