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"O pagamento pelo celular não decolou"

Para a vice-presidente da consultoria Forrester Research, os smartphones estão mudando a forma como as pessoas fazem compras nas lojas, mas ainda não como elas pagam as contas

Sucharita Mulpuru: as compras por celular respondem por menos de 5% do comércio eletrônico nos EUA (Divulgação)

Sucharita Mulpuru: as compras por celular respondem por menos de 5% do comércio eletrônico nos EUA (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 7 de setembro de 2013 às 08h00.

São Paulo - Nos últimos anos, o sucesso das redes sociais deu margem a diversas previsões furadas sobre o impacto desses sites em diferentes mercados. Falou-se que o Facebook se tornaria o maior varejista global, num fenômeno chamado social commerce. A indiana Sucharita Mulpuru, vice-presidente da consultoria Forrester Research, tem sido uma voz sensata entre os que acompanham o setor.

“As redes sociais são um ambiente de diversão, não de compras. É como querer vender para as pessoas enquanto estão no bar com os amigos.” Em entrevista a EXAME, Sucharita falou sobre as tendências do varejo online.

1) EXAME - Uma tendência do mercado americano é a introdução de serviços de pagamento por celular, como Google Wallet e Square. Eles são promissores?

Sucharita Mulpuru - O Google Wallet serviu para mostrar que depender apenas de tecnologia não funciona. Quase ninguém nos Estados Unidos tinha celular compatível com o serviço quando ele foi lançado, em 2011. Para ter sucesso, as empresas precisam criar massa crítica no lado dos consumidores e no das lojas. O Square fez um trabalho melhor, mas está no início. O pagamento pelo celular ainda não decolou.

2) EXAME - O que falta para o pagamento móvel deslanchar?

Sucharita Mulpuru - Parece óbvio, mas, enquanto passar o cartão de crédito e digitar a senha for mais simples do que pagar pelo celular, as pessoas não terão motivos para mudar seus hábitos. 

3) EXAME - Qual o tamanho desse mercado hoje?

Sucharita Mulpuru - Ainda é uma participação tímida. As vendas anuais do varejo online nos Estados Unidos são de 262 bilhões de dólares. Desse total, as compras por celular respondem por menos de 5%, cerca de 13 bilhões de dólares. 

4) EXAME - Nos Estados Unidos, é crescente o número de clientes que vão às lojas e comparam os preços com a ajuda de aplicativos de smartphone. Até que ponto isso é uma ameaça ao varejo tradicional?

Sucharita Mulpuru - Alguns varejistas acharam que seus clientes passariam a comprar online pelo celular de dentro de suas lojas, que seriam transformadas em showrooms para as concorrentes online — daí a criação do termo “showroomer”. Até agora, não aconteceu. Pelo menos não em grandes proporções.

5) EXAME - Como a maioria das pessoas tem usado o celular?

Sucharita Mulpuru - Elas baixam aplicativos de comparação de preço para saber se estão pagando o preço justo. Também consultam sites de resenhas de produtos para saber a opinião de quem comprou. 

6) EXAME - A Amazon adiou o início das operações de comércio eletrônico no Brasil algumas vezes. A senhora tem um palpite do porquê? 

Sucharita Mulpuru - Se repetir a estratégia que usou para entrar em outros países, a Amazon deve começar comprando uma grande empresa para ganhar mercado. Meu palpite é que a Amazon também está com dificuldades em replicar o modelo de cadeia de suprimentos dos Estados Unidos, em que ela tem à disposição empresas de logística e distribuição robustas. 

7) EXAME - Qual sua impressão em relação ao comércio eletrônico no Brasil? 

Sucharita Mulpuru - O mercado é relativamente pequeno, de apenas 20 bilhões de reais, e a expectativa é que até 2017 ele possa chegar a 50 bilhões de reais. Mas são constantes as reclamações do quão terrível é a logística do país. Se o Brasil quiser ver o setor de comércio eletrônico se desenvolver nos próximos anos, terá de resolver seus problemas de infraestrutura.

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