Revista Exame

Visão Global | O número que Trump não quer ver

Nos Estados Unidos, a arrecadação com tributos decepciona enquanto a China se destaca como fonte de produtos piratas e Portugal enfrenta o envelhecimento

Donald Trump durante a sanção da reforma tributária em 2017: o amplo corte de impostos não gerou o aumento de receitas esperado | Doug Mills/The New York Times/Fotoarena /

Donald Trump durante a sanção da reforma tributária em 2017: o amplo corte de impostos não gerou o aumento de receitas esperado | Doug Mills/The New York Times/Fotoarena /

FS

Filipe Serrano

Publicado em 28 de março de 2019 às 05h06.

Última atualização em 25 de julho de 2019 às 16h38.

ESTADOS UNIDOS

Os impostos de Trump

Quando aprovou um amplo corte de impostos, no fim de 2017, o presidente americano, Donald Trump, dizia que a redução dos tributos estimularia um crescimento econômico tão espetacular que neutralizaria quaisquer perdas na arrecadação do governo. A lógica era: as empresas investiriam mais, empregariam mais pessoas, pagariam salários mais altos, e isso, por fim, aumentaria a arrecadação. Pois bem. Mais de um ano se passou e o resultado é que as receitas do governo americano subiram pouco. Passaram de 3,31 trilhões de dólares, em 2017, para 3,32 trilhões, em 2018. Isso num período em que a economia do país cresceu 3,1%, segundo as estimativas mais recentes — um dos melhores desempenhos desde o início dos anos 2000.

Além de a arrecadação não ter aumentado como Trump imaginava, ela foi  bem menor do que o esperado antes do corte de impostos. Na época, os economistas projetavam uma receita na casa dos 3,6 trilhões de dólares para 2018. “A não ser que alguém encontre outra causa para essa grande perda de arrecadação, os dados indicam que a reforma tributária reduziu as receitas do governo substancialmente”, afirmam os economistas William G. Gale e Aaron Krupkin num artigo recente. Para eles, os números desmontam a tese de que o corte de impostos se pagaria. Com as despesas em alta e as receitas estagnadas, será cada vez mais difícil para Trump convencer o Congresso a custear o muro na fronteira com o México.


CHINA

Líder em pirataria

Relógios falsificados na China: a pirataria chinesa na mira dos americanos | Felix Wong/Getty Images

Um dos temas de maior interesse dos Estados Unidos na negociação comercial com a China é o combate ao mercado de produtos falsificados, como relógios e bolsas. Segundo um extenso relatório publicado em março, a China e o território de Hong Kong são as maiores fontes de mercadoria pirata no mundo. Já as empresas americanas são as mais prejudicadas pela violação de propriedade intelectual. Ao todo, estima-se que o comércio internacional de artigos falsos chegue a 509 bilhões de dólares ao ano, ou 3,3% do total.


PORTUGAL

A população envelhece

Idosos em Portugal: um terço da população do país terá mais de 65 anos até 2045 | Raquel Maria Carbonell Pagola/LightRocket/Getty Images

A maioria dos países, incluindo o Brasil, enfrenta o desafio de lidar com o envelhecimento da população. Mas em poucos lugares do mundo a mudança é tão acentuada quanto em Portugal. Um estudo recente da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico estima que, de 2015 a 2045, a população do país em idade de trabalho deverá diminuir 26%. É a mesma variação do Japão, cuja população já vem encolhendo há dez anos. Enquanto isso, a expectativa é que o número de pessoas acima de 65 anos suba de 2,1 milhões para 3,1 milhões — um terço da população portuguesa.

Para o governo, a mudança preocupa porque desequilibra o sistema previdenciário. Portugal até vem fazendo reformas para lidar com a questão. Uma das medidas mais recentes foi adotar um cálculo para a idade de aposentadoria que considera a expectativa de vida. Com isso, a idade aumenta progressivamente, chegando a 69 anos em 2050. No entanto, para a OCDE, o país precisa fazer mais para evitar uma piora das contas públicas nos próximos anos.

Acompanhe tudo sobre:ChinaDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Portugal

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda