Revista Exame

"O Brasil será alvo de espionagem"

Ex-agente especial do FBI diz que o bom momento da economia brasileira e as perspectivas de crescimento podem atrair mais golpes e ataques virtuais ao país

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 11h39.

Os bons ventos da economia e o protagonismo recente alcançado pelo Brasil no cenário global podem ter também um lado ruim. É o que acredita o ex-agente especial do FBI e especialista em segurança Chris Swecker, para quem o Brasil é um país de poucos inimigos, mas cujas empresas deverão sofrer ataques de espionagem industrial cada vez mais frequentes.

1) Quais são as formas de ataque virtual mais comuns hoje e quais as mais graves?

Há duas formas de hacking ou de intrusão cibernética. Uma é roubar tecnologia, a chamada espionagem industrial econômica. A outra, que gera conflito entre países, é a ciberguerra, que tem o propósito de tentar desligar/apagar as telecomunicações, bancos, transportes e a infraestrutura e sistemas de defesa. Parar a internet é muito pior do que outro tipo de ataque do mundo físico. Muitos dos sistemas de defesa são dependentes dessas conexões e satélites.

2) O que aconteceria se houvesse uma guerra virtual?

Certamente o país que atacasse iria tentar apagar a infraestrutura do inimigo. Mas todos os governos e empresas estão trabalhando para duplicar sua infraestrutura. Não posso dizer que eles seriam bem-sucedidos hoje em apagar todos os sistemas, mas estou convencido de que poderiam desligar muitos deles nos Estados Unidos. O Brasil tem poucos inimigos, mas deve ser alvo mais frequente de espionagem industrial, porque a economia está crescendo.

3) Deveríamos nos preocupar menos com riscos de guerras nucleares e mais com a guerra cibernética?

Sim. A ciberguerra é uma abstração para a maioria das pessoas, que associam guerra a campos de batalha. Até pouco tempo, o assunto não recebia atenção, mas agora é mais frequente, porque alguns estão se sentindo vulneráveis.

4) Há alguma situação iminente em que podemos ver explodir algum conflito cibernético?

Tentativas de ataque ocorrem todos os dias. Há ministérios inteiros instruídos para lidar com isso, como na Rússia, na Coreia do Norte e na China. Eles não confirmam, mas acontecem, literalmente, algumas centenas de vezes por dia.

5) Os cibercriminosos avançam mais rápido do que a proteção oferecida pelas empresas de segurança?

Sem dúvida. Esse tipo de crime cresce entre 100% e 200% ao ano. As empresas de segurança fazem um bom trabalho, mas captam menos da metade dos vírus. E os usuários contribuem, deixando expirar o software de proteção.

6) Onde corremos mais risco de fraude: na internet ou nos pontos de venda?

É mais comum ter as informações roubadas em pontos de venda. Os criminosos adulteram as máquinas de cartões e capturam os números do cartão e os códigos de segurança. A mesma coisa acontece nos caixas eletrônicos. São perdas de centenas de bilhões em escala global.

7) Os bancos brasileiros são conhecidos por sua sofisticação tecnológica. O senhor concorda?

Eles perdem menos que os dos Estados Unidos e os do Reino Unido. Todo mundo sabe que a economia brasileira está muito forte. Você tem um ambiente com novas formas de fazer negócios e serviços bancários, pela internet e pelo celular. Esses novos ambientes trazem fraudes consigo, e as ameaças reduzem a confiança do consumidor.

Acompanhe tudo sobre:ConsultoriasEdição 0975FBIIndústriaIndústrias em geralServiços

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda