Carlos Augusto de Oliveira, da Certdox: “Enquanto eu estiver aprendendo, continuarei empreendendo” (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter
Publicado em 22 de agosto de 2024 às 06h00.
Fundadores de startups com 65 anos ou mais no Brasil são um público restrito — quase tão difíceis de encontrar quanto os unicórnios. De acordo com o relatório Founders Overview de 2024, representam apenas 3% do total. Mas é uma estatística que novos empreendedores querem mudar.
Carlos Augusto de Oliveira, fundador da Certdox, tecnologia focada em digitalizar processos operacionais antes dependentes de papel e motoboys, é um deles. “Nunca é tarde para começar algo novo”, afirma o engenheiro carioca.
Ele abriu a startup em 2020, aos 61 anos, após anos no mercado financeiro. A história começou nos anos 1990, quando ingressou no Banco Nacional, instituição tempos depois adquirida pelo Unibanco. Passou ainda por BankBoston e Itaú, antes de ser convidado, em 2013, por Henrique Meirelles, que tinha deixado havia pouco tempo a presidência do Banco Central.
A proposta era fundar o Banco Original, que se tornou o primeiro banco digital do país. “Foi como se eu tivesse empreendido. Foi preciso encontrar soluções para desenvolver um banco sem agência, desenhar a arquitetura e buscar inovações pelo mundo”, diz ele, que deixou o banco para criar o próprio negócio do zero.
A Certdox entrou em operação em plena pandemia, quando muitas empresas lidavam com os desafios da digitalização. “Nossos serviços visam desmaterializar, assinar e registrar documentos eletronicamente com a ajuda da IA, como registro de garantias imobiliárias, certificados com assinaturas digitais e operações de crédito no agro”, afirma.
Com sede em São Paulo, a startup possui 40 funcionários e fechou 2023 com faturamento de 5,5 milhões de reais, crescendo em torno de 80% ao ano. “Nós atendemos desde bancos até fintechs de crédito e o setor agro”, diz ele, com uma base de clientes como Porto, Creditas, Galápagos e Banco Rodobens.
A abertura da startup foi antecedida por uma série de cursos para entender a dinâmica de uma fintech. “A chave para empreender, principalmente após os 50 anos, é ter uma mente aberta ao novo e estar disposto a repensar conceitos antigos”, conta Oliveira, aos 65 anos. “Enquanto eu estiver aprendendo, continuarei empreendendo.”