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Da Redação
Publicado em 23 de dezembro de 2011 às 16h17.
A dona-de-casa Fátima da Silva, moradora do bairro de Nova Liberdade, em Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana de Recife, vivia uma realidade comum entre as famílias de comunidades carentes do país. Por um lado, não pagava a conta de energia graças à ligação clandestina. </p>
Por outro, sonhava com o dia em que pudesse assistir à novela em paz, sem as interrupções provocadas pela instabilidade da ligação irregular. Diante dessa situação, restavam duas escolhas aos executivos da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), empresa do grupo Neoenergia, holding do setor elétrico formado por Previ, Iberdrola e Banco do Brasil.
A primeira era cumprir suas obrigações contratuais e cobrar do governo a regularização da rede clandestina. A segunda, mais difícil, era sair das salas refrigeradas da sede da companhia, em Recife, para percorrer as ruas sem calçamento da periferia e tentar resolver o impasse ouvindo os moradores.
Ao escolher a segunda opção, a Celpe criou programas que já beneficiaram mais de 140 000 famílias carentes e combinam consumo racional de energia com geração de renda. Em contrapartida, os beneficiados sentem-se responsáveis pela regularização das ligações elétricas -- pagas em condições de financiamento especiais.
O inovador, nesse caso, é a ação baseada no diálogo. Esse jeito de se relacionar com a sociedade começou com a privatização da empresa, em 2001, quando a nova direção decidiu incorporar a responsabilidade empresarial ao dia-a-dia dos negócios.
De lá para cá, a Celpe vem tomando medidas pouco comuns em meio à busca de redução de gastos de outras empresas -- investiu mais de 30 milhões de reais para adotar redes elétricas protegidas e evitar acidentes e danos causados às árvores centenárias na região central de Recife. Em Fernando de Noronha, a empresa gastou em treinamento e infra-estrutura para que a Usina Termelétrica Tubarão cumprisse rígidas normas ambientais para obter a certificação ISO 14 001.
As ações sociais da empresa são vistas quase como uma extensão de seu código de ética. O objetivo do código é disseminar princípios que devem ser seguidos tanto pelo presidente quanto pelo técnico responsável pelo conserto do poste na rua em que vive dona Fátima -- que hoje faz questão de pagar sua tarifa de energia.