Revista Exame

“Mesmo antes da Copa, já faltam hotéis”, afirma Arne Sorenson

Para o presidente global da rede Marriott, o Brasil precisa começar a construir novos empreendimentos imediatamente caso queira evitar o caos hoteleiro

Arne Sorenson, da Marriott: “Hoje não há nenhum hotel sendo construído em São Paulo” (Stephen Chernin/Getty Images)

Arne Sorenson, da Marriott: “Hoje não há nenhum hotel sendo construído em São Paulo” (Stephen Chernin/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de maio de 2012 às 06h00.

São Paulo - Muitos brasileiros se preocupam com a qualidade dos serviços que o país vai oferecer quando sediar os grandes eventos esportivos — a Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada em 2016. A causa apontada é o aumento da demanda com a chegada dos turistas.

Na opinião do americano Arne Sorenson, presidente mundial da rede de hotéis Marriott, não vai ser preciso esperar 2014 para ver o esgotamento do setor hoteleiro. “A falta de quartos de hotel disponíveis já afeta o país”, diz ele.

1) EXAME - O preço das diárias de hotel no Brasil está cada vez mais alto. Por quê? 

Arne Sorenson - Em uma frase: porque faltam quartos de hotel. É a velha lei da oferta e da demanda. Como não há quartos livres em número suficiente, os preços sobem. O mais grave é que a situa­ção pode piorar. São Paulo é hoje a sétima no ranking das cidades com as hospedagens mais caras do mundo, mas não me surpreenderá se, em pouco tempo, chegar ao primeiro lugar, ultrapassando as líderes Nova York e Tóquio. 

2) EXAME - A falta de hotéis no Brasil é uma questão que afeta apenas São Paulo?

Arne Sorenson - Não, de forma alguma. São Paulo e Rio de Janeiro são as cidades com mais demanda, especialmente de pessoas em viagens de negócios. Mas também faltam hotéis em Manaus, Belém e nas capitais do Nordeste.

3) EXAME - Por que houve um descasamento tão forte entre demanda e oferta no setor hoteleiro?

Arne Sorenson - Pelos nossos cálculos, não há nenhum hotel de alto nível em construção em São Paulo. De certa forma, o setor foi prejudicado pelo boom imobiliário. Nos últimos anos, as construtoras se concentraram nos mercados residencial e comercial, deixando o setor hoteleiro um pouco de lado.

Isso ocorreu porque os juros para financiar a construção de hotéis eram mais altos. O Brasil tem uma situação atípica. Aqui, 80% dos hotéis são propriedade de empresários que investiram recursos próprios.

4) EXAME - Ou seja, o problema está no financiamento? 

Arne Sorenson - Aos poucos, o mercado está mudando e estão aparecendo novos parceiros para investimentos. Os bancos estão se acostumando com essa modalidade e as taxas de financiamento estão caindo.

Mas, para que não haja um grande problema durante os eventos, novos hotéis precisam começar a ser construídos neste ano. Acredito que isso vai acabar acontecendo. Só não sei se será na quantidade necessária.

5) EXAME - No lado da oferta, faltam novos hotéis. Mas, no lado da demanda, o que elevou a procura por hospedagem?

Arne Sorenson - Depois de ter boa alimentação, saúde e educação, uma das prioridades das pessoas é viajar. Foi exatamente isso o que aconteceu no Brasil.

6) EXAME - Qual é sua expectativa para os próximos anos?

Arne Sorenson - Estamos vivendo os primeiros estágios dessa evolução do mercado interno. A demanda por hotéis novos não vai acabar depois dos eventos esportivos. Muito pelo contrário.

7) EXAME - Os brasileiros também estão enchendo hotéis no exterior...

Arne Sorenson - É verdade. Estamos em contato com o governo americano. Sem a necessidade de visto, o número de brasileiros que visitam os Estados Unidos poderá dobrar em poucos anos e chegar a 3 milhões por ano.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaDados de BrasilEdição 1015EntrevistasHotéisHotelariaMarriott

Mais de Revista Exame

Linho, leve e solto: confira itens essenciais para preparar a mala para o verão

Trump de volta: o que o mundo e o Brasil podem esperar do 2º mandato dele?

Ano novo, ciclo novo. Mesmo

Uma meta para 2025