David Hertz: impacto na vida de mais de 3,6 milhões de pessoas (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de ESG
Publicado em 14 de setembro de 2023 às 06h00.
Última atualização em 14 de setembro de 2023 às 06h39.
Em 2005, na Favela do Jaguaré, em São Paulo, o chef David Hertz encontrou o propósito do seu trabalho na gastronomia. “Comecei a me questionar qual era o meu propósito e encontrei nas favelas um lugar de criatividade, inovação e potência. Quando descobri o conceito de negócios de impacto, acreditei no modelo para desenvolver pessoas”, afirma. Nesses 18 anos, o empreendedor social já impactou mais de 3,6 milhões de pessoas, entre as que foram capacitadas e as que receberam refeições doadas por meio da ONG Gastromotiva, fundada por ele.
A ONG alcançou alguns marcos, como a profissionalização de empreendedores e a transferência de sua metodologia de ensino para outras localidades, como El Salvador, México e a fundação do restaurante-escola Refettorio Gastromotiva, no Rio de Janeiro, onde os alunos dos cursos e renomados chefs convidados cozinham refeições que são servidas a pessoas em situação de vulnerabilidade social. Outro marco é o início do engajamento das empresas brasileiras a partir da pandemia de covid-19. “Até então, apenas companhias internacionais tinham apoiado a Gastromotiva, mas a aceleração das práticas ESG reforça a ideia de auxiliar as comunidades no entorno das operações”, diz Hertz.
Atualmente, a organização está presente em 33 municípios de nove estados. “Hoje montamos cozinhas solidárias em áreas muito vulneráveis do Brasil, e não apenas nos grandes centros.” A ONG também trabalha com complementação da cesta básica. Para Hertz, a Gastromotiva seguirá evoluindo se as companhias tiverem interesse no combate à fome e na profissionalização de pessoas de grupos socialmente minorizados.
“Estamos sempre em busca de recursos e de formas de alavancar o projeto. Diminuímos para dois terços o alcance das cozinhas solidárias, mas na capacitação há uma procura maior. A gastronomia tem impacto direto na mitigação das desigualdades e agrega valor para todos os envolvidos.”
O trabalho da Gastromotiva tem como base os princípios da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU), e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2, 5 e 8, de fome zero e agricultura sustentável, igualdade de gênero, e trabalho decente e crescimento econômico. Com isso, Hertz participa de eventos como o Fórum Econômico Mundial, em Davos.
Como próximos passos, a Gastromotiva testa projetos pilotos na Amazônia e para o fomento da floresta em pé. “Estamos, com parceiros de tecnologia e outros setores, trabalhando no combate à fome e na produção de alimentos que valorizem a biodiversidade. Um exemplo é um restaurante com um coletivo de mulheres de 13 etnias”, diz Hertz.