Stefano Volp: situações de dores, fragilidades, abusos e violência (Victor Vieira/Divulgação)
Julia Storch
Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 05h53.
“O que é ser homem para você?” Essa foi uma das perguntas mais difíceis que o escritor Stefano Volp ouviu de um amigo. Ainda que a resposta tenha sido rápida, ela não expressava o que o escritor realmente pensava. “As explicações que vieram na ponta da língua eram muito rasas. Falei sobre a masculinidade estar ligada à coragem, honra, força, e isso, de repente, pareceu muito pouco para mim”, conta o autor carioca. A frase reverberou na mente do escritor e foi respondida em 2020 no formato de sete contos compilados em um livro. Um homem que nunca derramou lágrimas, violência paterna, virilidade e sexualidade são alguns dos temas abordados por Volp em Homens Pretos (Não) Choram.
Com passagens autobiográficas, os contos também trazem relatos de conhecidos. “Enquanto homem negro, comecei a discutir muitas questões sobre sexualidade e luto [o pai de Volp faleceu na pandemia], por exemplo. O interessante é que as histórias da comunidade das pessoas pretas se repetem muito”, comenta. Lançado por meio de financiamento coletivo e com 1.000 cópias vendidas, o livro ganha agora uma nova edição pela editora HarperCollins, com três textos inéditos. “Nesses contos novos eu falo, por exemplo, de situações de abuso e sobre relacionamentos virtuais. Situações a que estamos suscetíveis o tempo todo.”
A segunda edição recém-lançada tem endosso de personalidades como Emicida e Jeferson Tenório, vencedor do Prêmio Jabuti em 2021, que assina o prefácio. Ainda que a publicação tenha atingido diversos públicos, de mulheres negras e brancas a homens heterossexuais, para Volp o debate sobre masculinidade ainda é um tabu entre os homens. “É muito difícil você chegar para um amigo e falar sobre suas dores, conversar sobre o que é ser frágil e o que é ser homem. Essa conversa praticamente não existe.”
Em julho, durante a Bienal do Livro de São Paulo, o autor lançará outra publicação. Desta vez, Volp fará sua estreia no gênero de thriller psicológico, mas manterá o protagonismo de homens em posições de vulnerabilidade. “Continuarei falando sobre masculinidades negras. Nesse livro, escrevi sobre um protagonista preto que vai desvendar um mistério, o assassinato do melhor amigo em uma cidade pacata no litoral sul do Rio de Janeiro.”
Para o autor, a publicação trará um novo olhar para o gênero, com um protagonista que não é imbatível nem invencível. “Parece que existe um pacto de que os homens precisam parecer o mais fortes possível, e reproduzimos muitos padrões da indústria cultural.” Livro a livro, Volp tenta desmantelar padrões, mas para ele “ainda temos um longo caminho pela frente nessa discussão”.
Brasil sobre tela
Nascido na Itália no final do século 19, Alfredo Volpi emigrou para São Paulo ainda criança. No novo país, ele teve uma produção artística focada no imaginário brasileiro. Agora, mais de 100 obras do artista, como o registro do trabalho artesanal, as festas populares (com as famosas bandeirinhas), os temas religiosos, paisagens e a arquitetura colonial, serão apresentadas no Masp na exposição Volpi Popular. A mostra dá início às comemorações do bicentenário da Independência do Brasil, eixo da programação anual do museu paulistano.
Memórias da estrada
Da bateria do Nirvana para os riffs de guitarra e os vocais do Foo Fighters, Dave Grohl guarda histórias de mais de 30 anos de carreira no mundo da música. Agora, com a autobiografia O Contador de Histórias, o americano revela episódios pouco conhecidos, como a inesperada e rápida parceria com Iggy Pop, quando Grohl ainda estreava nos palcos com a banda de punk Scream, a insegurança no início da carreira e o resgate das composições da adolescência até a reinvenção como fundador do Foo Fighters.
A máfia retorna às telonas
Em comemoração aos 50 anos de O Poderoso Chefão, a célebre trilogia retorna aos cinemas com som e imagem remasterizados | Julia Storch
Foram necessários três anos de trabalho e mais de 4.000 horas para consertar manchas nos rolos e rasgos nos negativos, 1.000 horas de uma rigorosa correção de cores e mais de 300 caixas de filmes examinadas para encontrar a melhor resolução possível para cada quadro de cada um dos três filmes de O Poderoso Chefão. Meio século após a estreia do longa dirigido por Francis Ford Coppola, Michael e Vito Corleone retornam aos cinemas com nova cara. “Tenho muito orgulho dos filmes, que definiram o primeiro terço de minha vida criativa”, disse o diretor.
Além do cinema, os filmes serão disponibilizados em 4K HDR pela primeira vez no formato digital, em todas as plataformas de streaming. “Com este tributo ao 50o aniversário, estou especialmente feliz de O Poderoso Chefão 3 — Desfecho: A Morte de Michael Corleone estar incluído, pois capta a visão original de Mario Puzo e a minha ao concluir definitivamente nossa trilogia épica. Também é gratificante comemorar esse marco com a Paramount ao lado dos fãs que amam a trilogia há décadas, das gerações mais jovens, que ainda a consideram relevante hoje, e daqueles que a descobrirão pela primeira vez”, afirmou Coppola.