Revista Exame

"Luxo não é só para rico"

Um dos maiores consultores mundiais em mercado de luxo explica por que o Brasil virou um dos países mais cobiçados pelas grandes grifes

Branchini: "O consumo de luxo cresce no país a uma taxa de quase 20% ao ano" (--- [])

Branchini: "O consumo de luxo cresce no país a uma taxa de quase 20% ao ano" (--- [])

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 12h32.

Presidente da associação das empresas de luxo da Itália, que reúne grifes como Salvatore Ferragamo, Valentino e Gucci, o consultor Armando Branchini afirma que o Brasil tem um potencial de crescimento nesse mercado superior ao de China e Rússia. Às vésperas de viajar para o Brasil para dar uma palestra sobre o assunto, ele concedeu a seguinte entrevista a EXAME de seu escritório em Milão.

1 - Qual a importância do Brasil para a indústria de luxo mundial?
É um mercado importantíssimo. O país responde por 1% do consumo mundial desse segmento, mas o mercado de luxo vem crescendo a uma taxa de quase 20% ao ano. China e Rússia já são mercados de luxo importantes, com 3% do consumo mundial cada um e potencial de crescimento ainda alto, porém abaixo do brasileiro e do indiano.

2 - O senhor notou mudanças no Brasil desde que começou a visitar o país, há 15 anos?
Sim. O número de consumidores sofisticados cresceu dramaticamente. Essas pessoas não pertencem mais somente às famílias tradicionais, às muito ricas.

3 - Então, luxo não é só para ricos?
Definitivamente não. Além do consumidor de luxo que chamamos de "absoluto", aquele que consome praticamente tudo de altíssimo nível, há os que compram com menos freqüência e os que compram uma vez ou outra. Esses dois perfis são muito importantes, pois formam um contingente enorme de pessoas que em algum momento vão exercer seu bom gosto.

4 - Além dos grandes países emergentes, que outros mercados estão despontando no setor de luxo?
O Oriente Médio, em geral, tem crescido fortemente nos últimos cinco anos e deve continuar assim. Nos países asiáticos, especialmente Coréia do Sul, Cingapura e Malásia, a indústria do luxo segue a mesma tendência.

5 - Qual é o grande objeto de desejo do segmento de luxo atualmente?
O conceito de luxo vem sendo atrelado cada vez mais à liberdade. Liberdade de escolha, de fazer o que se quer com o tempo. As mulheres têm buscado bem-estar e qualidade de vida em spas sofisticados, por exemplo, enquanto os homens estão comprando helicópteros e jatinhos.

6 - Esses desejos mudam de tempos em tempos?
Sim. Na década de 70, as mulheres queriam jóias e viagens a resorts. Os homens prestavam mais atenção em carros e sapatos de luxo. Nos anos 80, as mulheres passaram a cobiçar estilistas famosos e viagens para conhecer novas culturas, enquanto os homens queriam barcos e relógios. Na década de 90, as mulheres buscaram as cirurgias plásticas, e os homens passaram a valorizar casas mais luxuosas e hotéis sofisticados.

7 - Quais são os maiores desafios do momento para as empresas que trabalham com esse público?
Os executivos de negócios de luxo têm de saber gerir os ativos intangíveis da companhia. Precisam criar e gerir a marca e os valores atrelados a ela, criando uma identidade de estilo e sabendo comunicar essa identidade. Igualmente fundamental é passar aos clientes o que eu chamo de conceito de escassez. Ou seja, que aquele produto que a pessoa está comprando não é para todos, mas para poucos.

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