Revista Exame

Por que os Jogos Olímpicos de Paris serão os mais inclusivos da história

Com cerimônia de aberura no Rio Sena e mesma quanridade de atletas homens e mulheres, Olimpíada tenta inclir valores como inclusão, equidade e mobilidade

Rio Sena: pela primeira vez a cerimônia de abertura dos Jogos será fora de um estádio (James O'Neil/Getty Images)

Rio Sena: pela primeira vez a cerimônia de abertura dos Jogos será fora de um estádio (James O'Neil/Getty Images)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 21 de dezembro de 2023 às 06h00.

Última atualização em 21 de dezembro de 2023 às 07h52.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) destaca como valores a excelência, o respeito, a amizade, a determinação, a igualdade e a inspiração. Os Jogos Olímpicos de Paris, que acontecerão entre 26 de julho e 11 de agosto, parecem estar incorporando novos atributos, como inclusão, diversidade e mobilidade. A começar pela cerimônia de abertura.

Pela primeira vez a festa de inauguração da maior das competições esportivas não será dentro de um estádio. Com direção artística do premiado Thomas Jolly, a cerimônia acontecerá no rio Sena. De 140 a 170 barcaças transportarão as delegações nacionais, de acordo com o site oficial do Comitê Olímpico Internacional. O desfile dos atletas percorrerá um trecho de 6 quilômetros, entre a ponte Austerlitz e o Trocadéro, bem pertinho da torre Eiffel, onde acontecerão os shows finais.

Os barcos serão equipados com múltiplas câmeras para que telespectadores do mundo todo possam ver os competidores de perto. Espera-se que cerca de 500.000 pessoas acompanhem de perto a cerimônia. A grande maioria de graça. Cerca de 80 telas gigantes estarão espalhadas por Paris para transmitir a cerimônia. No Parc de la Villette ficará o Club France, uma fan zone com 200 horas de ação esportiva transmitidas ao vivo. O parque terá capacidade para receber entre 50.000 e 100.000 pessoas todos os dias.

É a terceira vez que Paris sediará uma Olimpíada. A capital francesa sediou o evento em 1900 e 1924. A única cidade que recebeu três edições dos Jogos foi Londres (1908, 1948 e 2012). De um século para cá, muita coisa mudou. Para melhor, na maioria dos casos. E certamente em dimensões. Os Jogos de 1924 foram os primeiros a contar com uma Vila Olímpica, ainda que muitos atletas tenham se hospedado em hotéis. Já a vila de agora poderá acomodar 15.000 pessoas. Além de Paris, cidades como Marselha, Châteauroux, Lille e até a ilha de Taiti serão palco de competições olímpicas.

Em 1924, os 3.080 atletas vinham de 45 países, sendo 27 europeus. Em 2024, a Europa deixará de ser o continente com mais competidores. Um século atrás, a predominância era absolutamente masculina. Apenas 135 competidoras participaram. No ano que vem, pela primeira vez na história, haverá o mesmo número de homens e de mulheres, em um total de 10.500 atletas.

Mais de 13 milhões de ingressos à venda

O mundo está globalizado. Em 1924, cerca de 600.000 espectadores estiveram presentes nos Jogos. Não existem estatísticas de quantos eram do exterior. Desta vez, estão à venda quase 10 milhões de ingressos para visitantes de todo o mundo — 13,5 milhões se incluirmos os Jogos Paralímpicos, que não existiam em 1924.

Paris se organizou para este momento. Simon Kuper, articulista do Financial Times, comparou o investimento de uma sede de Jogos Olímpicos aos preparativos de um casamento. O planejamento é estressante, a cerimônia é tensa. Mas depois que os hóspedes vão embora você fica com uma casa nova.

Quem esteve na capital francesa nos últimos meses provavelmente sofreu com o trânsito causado pelas obras. A maior parte das 68 novas estações de metrô serão inauguradas antes da abertura dos Jogos. As áreas de restrição a veículos aumentaram consideravelmente, abrindo espaços para ciclovias e cafés ao ar livre. E para os pedestres. Cerca de 65% das jornadas na cidade acontecem a pé.

A economia local está em alta. O desemprego na cidade está na faixa de 6,7%, a menor taxa dos últimos 15 anos. Falta mão de obra em restaurantes e na hotelaria. Com o Brexit, a capital tornou-se o principal destino em investimentos estrangeiros na Europa. A exemplo do que acontece em Copenhague e Amsterdã, Paris está se tornando uma cidade de negócios bilíngue.

A consequência — e uma das preocupações da atual administração — tem sido a gentrificação. O custo de moradia quadruplicou desde 2000. Um dos principais patrocinadores desta Olimpíada é o grupo LVMH, o maior conglomerado de luxo do mundo. Paris está linda, pronta para sediar a mais espetacular Olimpíada da história e para uma nova vida no pós-evento. Para quem será a cidade é a questão que fica.

Acompanhe tudo sobre:OlimpíadasParis (França)Diversidade1258

Mais de Revista Exame

Linho, leve e solto: confira itens essenciais para preparar a mala para o verão

Trump de volta: o que o mundo e o Brasil podem esperar do 2º mandato dele?

Ano novo, ciclo novo. Mesmo

Uma meta para 2025