Nancy: “Engajar as pessoas em inovação é fácil. O desafio é criar ferramentas para isso” (Gustavo Lourenção/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 11h39.
No começo deste ano, a Whirlpool, maior fabricante de eletrodomésticos do mundo, passou a se dedicar a projetos inovadores de alcance global que vão além do foco original da companhia. Em visita ao Brasil, Nancy Tennant, principal executiva de inovação da multinacional, diz que é necessário extrapolar e criar não apenas novos produtos mas também novos negócios.
1) EXAME - Parte das empresas que investem em inovação se concentra em seus próprios setores. por que a Whirlpool decidiu ampliar as pesquisas para áreas que não têm nada a ver com seu foco original?
Nancy Tennant - O Google e as empresas de tecnologia, que desde o primeiro dia de funcionamento são inovadoras, sempre mantêm aberto o leque de atuação. As companhias tradicionais seguem outro caminho, embora ambas almejem aumentar as possibilidades de faturamento e lucro.
2) EXAME - Como assim?
Nancy Tennant - A maioria das empresas tradicionais se empenha em reduzir custos e tentar tudo para poupar alguns dólares em suas atividades principais. Após passar por essa etapa, se dão conta de que só isso não é suficiente. Ao consultar a história da inovação, veremos que a maioria das companhias um dia percebe que há possibilidades de alto crescimento fora de seu core business.
3) EXAME - Isso já está acontecendo com a Whirlpool ?
Nancy Tennant - Sim. Desde o primeiro semestre deste ano estamos investindo em 15 projetos globais de inovação com a proposta de criar novos modelos de negócio e possivelmente novos setores de atuação para a Whirlpool, como geração de energia. Não posso dar detalhes, mas, por exemplo, um dos grupos recebeu a tarefa de pensar em como podemos usar a água de uma forma que jamais fizemos. Projetos como esse podem resultar em um nicho de atuação.
4) EXAME - É difícil convencer a direção de uma multinacional a investir tempo e dinheiro em algo tão fora de sua atividade principal?
Nancy Tennant - Não. Ao contrário, em geral a direção é bastante receptiva a novas possibilidades de cumprir suas metas de crescimento e resultados.
5) EXAME - Não há limitação para as pesquisas?
Nancy Tennant - Não pensamos em limites porque isso contradiz a própria ideia de inovação. No entanto, é claro que seria difícil se propuséssemos sair completamente do escopo, como passar a desenvolver bicicletas.
6) EXAME - Como é liderar a inovação numa companhia do tamanho da Whirlpool?
Nancy Tennant - Numa empresa que já tem 99 anos, há duas ações importantes nessa tarefa. A primeira é mudar os velhos sistemas de gerenciamento orçamentário engessados, que não preveem gastos com ideias novas. A segunda é atrair as pessoas para a inovação.
7) EXAME - Tem sido fácil?
Nancy Tennant - Não precisamos forçar as pessoas a inovar, as pessoas querem fazer isso. O desafio é abrir um espaço para que inovem e certificar-se de que todos os sistemas internos permitam que isso ocorra. Na Whirlpool, adotamos um amplo sistema de envio de sugestões. É importante comunicar aos funcionários que eles são ouvidos e que existem equipes dedicadas à execução de novas ideias.