Revista Exame

As 5 dicas de Nath Arcuri, da Me Poupe!, para você, futuro empreendedor

Como crescer quando seu negócio tem apenas você? preparei uma lista de cinco lições que gostaria de ter recebido quando me vi “Solta no mundo e sem crachá”

Como única ou único funcionário de sua empresa, você continua tendo chefe. O nome dele é cliente. É ele quem vai pagar seu salário (Akinbostanci/Getty Images)

Como única ou único funcionário de sua empresa, você continua tendo chefe. O nome dele é cliente. É ele quem vai pagar seu salário (Akinbostanci/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2021 às 05h49.

Última atualização em 21 de junho de 2021 às 11h04.

Eu me lembro como se fosse hoje. Diante da gerente do RH, carteira de trabalho na mão, dia de dar baixa na carteira. Fazia 20 dias que eu tinha pedido demissão para me dedicar à maior loucura da minha vida: ter um negócio cuja única funcionária até então era eu mesma. 

— A partir de agora eu só assino a carteira dos outros — afirmei enquanto assinavam a minha, com a certeza de que aquele era um caminho sem volta. E foi. De 2016 a 2021 assinei mais de 40 carteiras de trabalho. 

Faz cinco anos e seis meses que essa cena no balcão do RH aconteceu, e os 24 meses seguintes foram, sem dúvida, os mais desafiadores até aqui. 

Para esta minha coluna de estreia aqui na ­EXAME, preparei uma lista de cinco lições que eu gostaria de ter recebido quando me vi “solta no mundo e sem crachá”. Se fizer diferença para você, recomende o texto para outros sofredores, digo, empreendedores que você conhece. 

Recado importante da Nath: isso pode doer. Mas eu prefiro lhe contar a verdade do que deixar você se estrepar lá na frente. 

1 → Tenha uma reserva de emergência

Se você não se planejou para empreender e não tem uma reserva de emergência que lhe garanta pelo menos um ano de sobrevivência sem precisar tirar dinheiro da empresa, reduza seu padrão de vida pela metade.

“Como assim, Nath? Não consigo!” Eu não disse que ia ser fácil. Eu disse que seria preciso. 

Você tem dois caminhos. O primeiro é o otimista sonhador, que acredita que tudo vai dar certo e prefere não contar com as imprevisibilidades do negócio que está começando. O segundo é o otimista realista, que acredita que tudo vai dar certo e prefere se proteger contra as imprevisibilidades que certamente acontecerão. 

O primeiro tipo, o otimista sonhador, continua vivendo no mesmo lugar, saindo para os mesmos lugares, comprando as mesmas coisas e age como se nada estivesse acontecendo e como se o dinheiro fosse aparecer como mágica. “A gente dá um jeito.” É assim que ele pensa. E depois, quando o tombo vem, ele arranja um culpado. 

O segundo tipo, bem mais “tedioso”, muda de casa, aluga o quarto vazio para terceiros para ter uma renda extra, troca o carro por um mais econômico, muda os filhos de escola, renegocia as dívidas por juros mais baixos e parcelas menores, toma medidas necessárias para reduzir o padrão de vida porque sabe que os próximos meses podem ser difíceis e que qualquer reserva financeira agora vai ser fundamental no futuro. 

Eu tomei o segundo caminho e não me arrependo. 

2 → Tenha uma meta de clientes e conquiste-os pelo coração.

Você vai descobrir (se é que já não descobriu) que como única ou único funcionário de sua empresa você continua tendo chefe. O nome dele é cliente. Seu cliente é quem vai pagar seu salário.

Faça-o feliz, arranque os maiores sorrisos dele, conquiste-o todos os dias com tanto ou mais empenho do que o empregado na época das paqueras da adolescência. Nada vale mais para quem está começando um negócio do que uma base de clientes fiéis e apaixonados. 

3 → Pague um salário baixo para você e entenda que você é um custo de sua empresa até que ela dê lucro.

Se hoje você pega um pouco do lucro de sua empresa todo mês e acha que está abafando, sinto muito dizer isso assim, logo na nossa primeira conversa: você está abafando... o seu negócio, impedindo-o de crescer.

 

Sem saber, você se transformou em um ou uma parasita de seu negócio e ele não vai ficar saudável enquanto você não parar de “chupar o sangue dele” como se fosse um carrapato. 

4 → Separe sua conta PF da PJ.

Ou seja, nada de receber Pix de cliente na conta física. Sua empresa precisa ser tratada como empresa, não como um novo emprego. Busque um banco onde você consiga ter as duas contas interligadas e não pague cestas bancárias desnecessárias. Já existem vários bancos que oferecem conta de pessoa física e jurídica sem tarifa.

5 → Se você não sabe ou não gosta de vender ou se redes sociais são um mundo muito difícil para você, seja bem-vinda ou bem-vindo ao mundo dos negócios.

Aqui neste universo paralelo você terá de se desenvolver naquilo que já faz bem e terá de estudar e fazer o básico daquilo de que não gosta até que possa pagar por alguém que o faça. Outra forma de encurtar etapas é fazer parcerias ou estabelecer remunerações agressivas por sucesso.

Exemplo: você pode oferecer uma comissão de 20% de sua margem de lucro por venda extra feita a partir de uma nova rede social gerenciada por um profissional da área. Muitos empreendedores quebram porque querem ser donos de 100% de algo que vale pouco, quando deveriam estar mais preocupados em ser donos de 90%, 70% ou 60% de algo que vale muito. 

Algumas dessas cinco lições eu levei um bom tempo para aprender e elas me custaram alguns meses (e milhares de reais) de crescimento. Espero que você voe mais depressa do que eu. 

Com amor, Nath Arcuri.  

(Divulgação/Divulgação)


(Publicidade/Exame)

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