(Julia Jabur/Exame)
Rodrigo Caetano
Publicado em 15 de dezembro de 2022 às 06h00.
O documento final da COP27, a conferência climática da ONU que, em 2022, foi realizada no Egito, trouxe um alívio. Os países signatários do Acordo de Paris mantiveram o compromisso de buscar o piso da meta estabelecida no acordo, de manter o aumento da temperatura global em 1,5 grau Celsius até o final do século. Havia a preocupação de que países como a Índia e a China conseguissem apoio para abandonar esse número em favor de uma meta menos ambiciosa, de 2 graus Celsius, o teto da meta do Acordo de Paris.
Apesar do alívio, a dificuldade de chegar a consensos climáticos no campo da geopolítica, mesmo diante de consequências catastróficas, se apresenta como o maior desafio para o combate às mudanças climáticas. O processo, ainda que constante, é lento. Essa constatação aumenta o peso do setor privado nos esforços de descarbonização da economia.
Trata-se de uma questão fundamental para evitar as maiores consequências do aquecimento global. E força outra constatação, até meio óbvia: sem a colaboração dos setores mais poluentes, inclusive os de combustíveis fósseis, será impossível atingir qualquer meta estabelecida nas COPs.
“Quando a gente vê mineradoras entrando na pauta das mudanças climáticas, percebe que o setor empresarial está comprometido de verdade com a agenda”, afirma Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil, braço da Organização das Nações Unidas que congrega empresas com agenda forte ESG.
O próximo ano deve marcar uma virada de pensamento, em que a abordagem de investidores e ambientalistas em relação aos grandes poluidores será mais propositiva e menos restritiva. Ainda que a bússola da transição energética se mantenha apontada para o fim do petróleo, a busca por soluções que partam da “velha economia” ganhará força. O ESG vai chegar aos grandes poluidores.
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