Revista Exame

O Brasil entra no roteiro do turismo global

A escolha para sediar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada abriu caminho para o Brasil realizar uma série de competições e feiras de negócios do circuito esportivo internacional

Rumo ao topo: é cada vez maior o número de grandes torneios mundiais realizados no Brasil, como a regata Volvo Ocean Race (Oskar Kihlborg/Getty Images)

Rumo ao topo: é cada vez maior o número de grandes torneios mundiais realizados no Brasil, como a regata Volvo Ocean Race (Oskar Kihlborg/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2011 às 19h08.

São Paulo - Ainda faltam três anos para a Copa do Mundo de 2014 e cinco anos para a Olimpíada de 2016, mas o Brasil já avança no campo dos grandes eventos esportivos. O país está ganhando ingresso definitivo no roteiro global, tanto como sede de competições das mais diversas modalidades quanto como organizador de congressos e feiras especializados em esportes.

Um levantamento realizado a pedido de EXAME pela Sport+Markt, consultoria de pesquisas e negócios do esporte, revela que, ao longo deste ano, o Brasil será sede de 140 competições de abrangência continental ou mundial, ante 23 realizadas no ano passado.

“Não há dúvida de que esse crescimento impressionante está em grande parte relacionado com a aproximação dos dois maiores eventos esportivos do mundo”, diz Cesar Gualdani, sócio da consultoria.

O número de congressos e feiras internacionais especializados também vem crescendo — serão oito neste ano, o dobro da quantidade realizada em 2006, antes da escolha do Brasil como sede da Copa e da Olimpíada.

Ensaio geral

O Rio de Janeiro já conquistou o posto de principal sede de eventos esportivos internacionais no país — serão 24 neste ano. Em seguida vem São Paulo, com 23.

Além de competições com grande repercussão de mídia, como a Liga Mundial de Vôlei e a Maratona do Rio, a cidade está organizando eventos em modalidades menos conhecidas, como o Sul-Americano de Pentatlo Moderno, a Copa Continental de Tiro Esportivo, o Sul-Americano de Golfe e as classificatórias do Panamericano de Hóquei na Grama.

O Rio tem sido escolhido pela estrutura herdada dos Jogos Panamericanos de 2007 e também pelo prestígio de futura sede olímpica. Um símbolo da nova fase foi a realização, em julho, da quinta edição dos Jogos Mundiais Militares, promovidos a cada quatro anos e considerados um dos dez maiores eventos esportivos do mundo.

A preparação começou com três anos de antecedência e ficou a cargo de um comitê presidido por um general. Os investimentos para a realização foram de 1,4 bilhão de reais. A competição militar foi considerada o primeiro grande ensaio geral para a Olimpíada.


E deu tudo tão certo que a delegação brasileira conseguiu até ficar com o inesperado primeiro lugar geral — levou 45 das 459 medalhas de ouro em disputa.

A Sport+Markt estima um crescimento de 30% a 40% no número de competições e eventos esportivos internacionais que ocorrerão no Brasil em 2012. Um dos já confirmados é a Volvo Ocean Race, regata mais tradicional do mundo. Sua volta ao país, em março do próximo ano, em Itajaí, no estado de Santa Catarina, será a única parada da competição na América do Sul.

Federações e atletas estão se mobilizando para tirar o máximo proveito do momento de efervescência. “A Copa e a Olimpíada têm grande efeito catalisador”, diz Amir Somoggi, diretor da área de esporte da consultoria BDORCS. “A onda precisa ser aproveitada para fazer os patrocinadores se interessarem mais por outros esportes além do futebol.”

A expectativa é que a experiência com a Copa e os Jogos Olímpicos contribua para que os eventos esportivos passem a ser explorados com mais profissionalismo no país e sejam associados a opções de turismo, gastronomia, hospedagem e compras. É o que vem acontecendo com o MMA (Mixed Marcial Arts), também conhecido como “vale-tudo”.

O planejamento do UFC Rio, torneio com os maiores lutadores do mundo no final de agosto, envolveu a venda de pacotes para fãs no Brasil e no exterior a preços de 1 540 a 5 525 reais, com opções de transporte e alimentação.

“A ideia é que as pessoas vivam uma experiência única de turismo, algo que só a paixão pelo esporte pode proporcionar”, diz Jonathas Abrahão, diretor da 4BTS, agência que vendeu os pacotes do UFC.

O amadurecimento gradativo desse mercado também já se reflete no setor de feiras e congressos de esportes. Recentemente, o prédio da Bienal, em São Paulo, habituado a receber obras de arte, sediou o Brazil Sports Show, que ganhou ares de megaevento com a fusão de cinco feiras específicas.

Ao longo de quatro dias, 67 000 pessoas passaram pelo local, atraídas por palestras, venda de produtos e exibições de modalidades como futebol freestyle, tae kwon do, queda de braço e ginástica olímpica. No final de novembro, o Rio de Janeiro sediará a Soccerex Global Convention, um dos principais eventos sobre futebol do mundo.

A Federação Internacional de Futebol (Fifa) pela primeira vez montará um estande no evento, tendo como anfitrião o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke — mais um indício de que o Brasil se tornou a bola da vez no cenário internacional dos eventos do esporte.

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