Paulo Sales e Sérgio Moura, copresidentes do Grupo Moura: prioridade para materiais recicláveis (Duda Carvalho / Maúna Produtora/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2019 às 05h32.
Última atualização em 7 de novembro de 2019 às 10h02.
Os 6.000 funcionários da Baterias Moura produzem cerca de 10 milhões de baterias por ano, um volume 30% maior do que o produzido há três anos. O número faz da empresa pernambucana a maior fabricante de baterias da América do Sul e, com esse porte, todos os índices são superlativos — inclusive os não desejados, como a geração de resíduos no processo produtivo. Na tentativa de amenizar o impacto no meio ambiente, a Moura, que já recicla 100% de suas baterias, iniciou em 2018 um programa de redução do resíduo a zero. A meta é eliminar o envio de lixo a aterros sanitários até 2023. Desde o começo do programa, a empresa deixou de destinar 550.000 quilos de resíduos aos aterros. Com isso, já atingiu 94% da meta traçada. “Não apenas obtivemos números relevantes já no primeiro ano de implantação do programa como também estabelecemos outras metas robustas, alinhadas a padrões internacionais”, afirma Sérgio Moura, copresidente executivo do Grupo Moura. “A consciência da nossa responsabilidade nos leva a procurar a cada ano ser mais sustentáveis”, diz Paulo Sales, também copresidente do grupo.
A maior parte do lixo na companhia era gerada durante o transporte das baterias. Os produtos eram acondicionados em plásticos e transportados em paletes de madeira, que depois eram descartados. A empresa decidiu, então, fazer uma campanha de conscientização envolvendo fornecedores, distribuidores e clientes de grande porte para a reutilização dos materiais. “É uma ação que só funcionou porque tivemos o apoio de toda a cadeia”, diz Arnolfo Menezes, diretor de sustentabilidade. Apenas com essa ação, foram economizados 500.000 reais por ano.
Depois de utilizados na linha de produção, materiais como plástico, papel e papelão passam por limpeza e revitalização — tudo feito dentro da própria Moura — e retornam ao ciclo fabril. Além disso, a compra de novos materiais dá prioridade a produtos recicláveis, seja para uso administrativo, seja para a produção. “Agora estamos buscando soluções para materiais com proporções menores, como papel higiênico, para zerar nossa remessa de lixo aos aterros”, afirma Menezes.
Além da gestão dos resíduos, a Moura busca obter melhorias em suas instalações. Desde 2015, o grupo desenvolve um programa de eficiência energética com a meta de diminuir em 20% o consumo até 2022 — até agora, foi alcançado um índice de 10% de redução. “Estamos produzindo mais baterias com menos energia”, diz Menezes. Desde o início do programa, a empresa conseguiu economizar 15 milhões de reais em energia.
A volvo tem programas para ensinar o motorista a dirigir de forma mais econômica, avisar a hora de trocar uma peça do caminhão e monitorar a frota pelo celular | Michele loureiro
Criar uma conexão com os clientes é um dos objetivos de qualquer marca. E essa tem sido uma forte aposta da subsidiária brasileira da montadora sueca Volvo, com sede em Curitiba. É uma conexão baseada não só em marketing, mas principalmente em sustentabilidade: visa ajudar seu público a ter mais eficiência na manutenção dos veículos e a reduzir o consumo de combustível.
Na área de ônibus e caminhões, os destaques são o Volvo Connect, um aplicativo gratuito para smartphones que possibilita ao gestor da frota ter acesso às principais informações de cada veículo, e o I-Coaching, um treinador virtual que ajuda o motorista a dirigir de forma mais econômica e segura. Há também o Volvo Recomenda, um serviço que conecta o ônibus à central da Volvo e, quando chega a hora de trocar alguma peça, envia um e-mail ao gestor da frota.
A empresa atingiu a marca de 1 milhão de caminhões, ônibus e equipamentos de construção conectados no mundo, sendo 80.000 na América Latina. “Com o uso inteligente dos dados gerados pelos veículos, podemos, por exemplo, programar manutenções com precisão absoluta, evitando o desperdício de peças, lubrificantes e outros insumos, e consequentemente preservando o meio ambiente”, diz Wilson Lirmann, presidente do Grupo Volvo América Latina. Essas soluções vêm num bom momento, com sinais de retomada das vendas — que aumentaram 55% na área de caminhões, de janeiro a setembro deste ano, e dobraram na área de ônibus, segundo a Anfavea, associação dos fabricantes de veículos.
A sustentabilidade tem a ver com o resultado, e é pensada desde o início da fabricação. “Escolhemos materiais mais leves, sempre priorizando a segurança e um consumo menor”, diz Alexandre Parker, diretor de responsabilidade corporativa e institucional do Grupo Volvo América Latina. Internamente, a empresa superou, com um ano de antecedência, as metas de redução de consumo de energia fixadas para 2020 pelo programa Defensores do Clima, da ONG Rede WWF. Para isso contou com a ajuda do programa de inovação, que já recebeu dos funcionários mais de 300.000 ideias, boa parte relacionada à sustentabilidade.
O que falta é alinhar os parceiros. “Na Europa já há concessionárias com emissão neutra de CO2. Por aqui os desafios são maiores”, diz Parker. A cadeia de fornecedores também entra na lista das tarefas a cumprir. Os fornecedores diretos são rigorosamente auditados e a grande maioria tem certificação ISO 14001, mas não é fácil monitorar os indiretos, que são a continuidade da cadeia.