Priscilla Veras, da Muda Meu Mundo: 30.000 produtores estão sendo impactados (Muda Meu Mundo/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 25 de abril de 2024 às 06h00.
Até os alimentos chegarem à nossa mesa, eles passam por muitas mãos. E, por vezes, quem produziu está lá no final da cadeia, mal tendo acesso aos dividendos do que plantou.
A cearense Priscilla Veras conheceu o quadro de perto quando trabalhava para uma ONG pela América Latina.
A experiência revelou que muitos produtores viviam em situação de pobreza, realidade que deseja transformar com a Muda Meu Mundo, fundada com a sócia Lais Xavier.
“Tem produtor que ganha 30% do preço que o consumidor paga no final, porque a cadeia é muito complexa”, diz. “São produtores que não conseguem aumentar suas produções, que têm uma série de dificuldades porque são invisíveis. Não acessam crédito, não se comunicam com as grandes redes de supermercado, nem com a indústria nem com bancos.”
A startup entra para criar uma nova dinâmica, com um marketplace unindo as pontas entre pequenos produtores e médios e grandes varejistas. Em operação desde 2019, a plataforma transacionou cerca de 10 milhões de reais. Em paralelo, a Muda Meu Mundo adiciona outras camadas, de capacitação das famílias e eficiência na produção a cuidados financeiros e acesso a crédito. Está presente hoje no Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná, e vai atender 30.000 produtores até o final do ano. O crescimento é acompanhado por rodadas de investimento como a de 833.000 reais da Sororitê, rede de investidoras que apoia startups criadas por mulheres. O sonho de Veras é voltar a passar pela América Latina — agora com a Muda Meu Mundo. “Queremos, nos próximos anos, nos tornar a principal tecnologia na mão de todo produtor de comida.”