Revista Exame

A hora das energias renováveis

Na catarinense WEG, fabricante de motores elétricos, os equipamentos para a geração de energias renováveis ganham cada vez mais espaço

Harry Schmelzer Jr., presidente da WEG: empresa investe pesadamente nas áreas de pesquisa e desenvolvimento (Raphael Günther/Exame)

Harry Schmelzer Jr., presidente da WEG: empresa investe pesadamente nas áreas de pesquisa e desenvolvimento (Raphael Günther/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2019 às 05h30.

Última atualização em 21 de novembro de 2019 às 08h00.

Responsável por uma produção global superior a 16 milhões de motores elétricos ao ano, a catarinense WEG vem aumentando a oferta de equipamentos no setor de energias renováveis. Com soluções para usinas eólicas, solares e de biomassa, entre outras, a área de energia foi a que mais cresceu dentro do grupo em 2018, tanto no mercado brasileiro quanto no externo. “Mais de 60% de nossa receita na área de geração, transmissão e distribuição de energia está ligada a fontes renováveis”, diz Harry Schmelzer Jr., presidente da empresa.

A WEG começou a fornecer equipamentos para o setor eólico nos Estados Unidos ainda na década de 90, quando essa fonte de energia tinha pouca relevância no Brasil. Em 2013, passou a fabricar o aerogerador completo dentro do país e, de lá para cá, forneceu 308 unidades, com capacidade para uma geração de 650 megawatts de energia. Para 2020, a companhia planeja lançar aerogeradores mais potentes, que prometem reduzir quase à metade o custo do megawatt instalado usando praticamente a mesma quantidade de recursos. “O rotor do nosso novo aerogerador tem 147 metros de diâmetro. É uma peça com o tamanho de uma vez e meia o campo do Maracanã rodando e coletando energia”, diz João Paulo Gualberto da Silva, diretor de novas energias da WEG.

Segundo ele, em comparação com o modelo anterior, o novo equipamento produzirá 82% mais energia a um custo apenas 29% maior. Neste ano, a produção dos aerogeradores menos potentes foi descontinuada pela WEG. A empresa quer aproveitar o período de baixa demanda para fazer a transição para o novo modelo. Os novos aerogeradores deverão ser produzidos no Brasil e também na fábrica da WEG na Índia, país com um mercado potencial para a energia eólica quatro vezes superior ao brasileiro.

Também com foco em fontes renováveis, a WEG acaba de lançar uma solução para a geração de energia elétrica a partir da gaseificação de resíduos sólidos urbanos. A tecnologia permite a construção de usinas para transformar o lixo urbano em gás combustível e é destinada sobretudo a municípios de pequeno e médio porte. Além de reduzir a necessidade de aterros sanitários, possibilita a geração de até 5 megawatts de energia por usina. Na WEG, cada vez mais as inovações estão associadas a produtos sustentáveis. Em 2018, 44% de seu faturamento foi obtido com produtos lançados nos últimos cinco anos, a maioria com foco na redução do impacto ambiental. “Nossas soluções têm uma relação direta com uma economia alinhada ao desenvolvimento sustentável”, afirma Schmelzer.


PÁS EÓLICAS CADA VEZ MAIS ECOLÓGICAS

A Aeris Energy reviu o modelo de produção, reduziu o uso de insumos e passou a utilizar materiais que provocam menos impacto no meio ambiente  | Bruno Toranzo

Fabricante de pás para geradores de usinas eólicas, a Aeris Energy, do Ceará, utiliza insumos como plástico, espuma, resina e tintas. São materiais que exercem impacto no meio ambiente, uma vez que sua composição química dificulta ou até mesmo impossibilita a reciclagem. Ciente disso, a Aeris vem investindo em tecnologia para reduzir ou substituir os principais insumos. E tem conseguido avanços significativos. De 2017 para 2018, a utilização de espuma na fabricação das pás eólicas caiu 45%. A de tintas diminuiu 25%. E houve uma redução de 17% no consumo de plástico no processo produtivo. “Tornamos mais eficiente nosso método de produção. Além disso, buscamos cada vez mais usar insumos de origem natural”, afirma Marcos Hatori, diretor de sustentabilidade da Aeris.

Um exemplo de inovação adotada é a substituição do plástico por uma manta de fibra de coco, uma fruta abundante na Região Nordeste. Obtida da casca do coco, a fibra é um produto renovável e biodegradável, diminuindo os impactos ao ser descartada. Ainda está longe o dia em que a empresa poderá dispensar o uso de plástico, mas a fibra 100% natural vem ganhando espaço — o total utilizado desse material pela Aeris na fabricação de pás aumentou de apenas 300 quilos em 2017 para 5,3 toneladas no ano passado.

A eficiência no uso das matérias-primas não contribui apenas para a preservação do meio ambiente, é boa também para os negócios — as matérias-primas correspondem a 70% do custo de produção das pás. Na reciclagem, o desafio da Aeris é evitar a contaminação dos materiais que podem ser direcionados para a coleta seletiva. Por exemplo, a resina em contato com o papel faz com que ele não possa ser reutilizado. “Criamos o residômetro, uma ferramenta de monitoramento dos resíduos, e treinamos os funcionários da linha de produção sobre as melhores práticas de coleta seletiva”, diz Hatori. Com os dados proporcionados pelo residômetro, a Aeris monitora com precisão o volume de resíduos gerados. No ano passado, em comparação com 2017, a empresa diminuiu em 30% a quantidade os resíduos não recicláveis. O volume de resíduos perigosos gerado caiu 56%.

Outro avanço é a redução do volume de água gasto na produção de cada pá eólica. Até outubro deste ano, com a otimização dos processos, houve uma redução de 20% em relação ao mesmo período de 2018. Como a fábrica da Aeris fica numa região de escassez hídrica, no complexo industrial e portuário do Pecém, cuja água captada é proveniente de açudes, o bom uso desse recurso é crucial para a sustentabilidade dos negócios.

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