Dua Lipa: caipirinha, samba e funk no Rio de Janeiro (Alexandre Schneider/ABA/Getty Images)
Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais
Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 06h00.
Dua Lipa, Shawn Mendes, Kim Kardashian e príncipe William estão entre os mais de 9 milhões de visitantes internacionais que devem passar pelo Brasil até o fim do ano, marca histórica para o setor, segundo a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur). O país já superou, de longe, os 6,8 milhões de turistas estrangeiros de 2024.
Dados do World Tourism Barometer (“Barômetro Mundial do Turismo”), da ONU Turismo, mostram que o Brasil lidera o crescimento global de viagens internacionais, com alta de 45% nas chegadas entre janeiro e setembro. O índice supera destinos como Vietnã e Egito (21%), Etiópia e Japão (18%). O aumento ocorre em um cenário de retomada mundial: mais de 1,1 bilhão de turistas circularam pelo planeta nos nove primeiros meses do ano, cerca de 32 milhões a mais que em 2024.
O impacto aparece também nas receitas. Entre janeiro e setembro, o gasto de estrangeiros cresceu 12%. Nos dez primeiros meses de 2025, visitantes movimentaram 6,617 bilhões de dólares — mais de 35 bilhões de reais —, uma alta superior a 10% na comparação anual, segundo o Banco Central. A atividade volta a se aproximar de setores tradicionais de exportação. Argentinos, chilenos e americanos foram os que mais apareceram por aqui em 2025.
A reputação internacional também avançou. No Global Soft Power Index 2025, da consultoria Brand Finance, o Brasil ocupa a 31a posição entre 193 nações. “O índice mede a influência real e a capacidade de atrair turismo, investimentos, negócios e talento”, diz Eduardo Chaves, diretor-geral da Brand Finance Brasil. “Antes de comprar a passagem, o viajante compra a imagem do país. Quando a percepção melhora, o fluxo cresce.”
A alta do turismo resulta ainda de fatores econômicos, estruturais e geopolíticos. O câmbio favorável aumentou a competitividade do destino, a malha aérea recebeu novas rotas, e investimentos em infraestrutura ampliaram a oferta. A Embratur reorganizou sua estratégia de promoção internacional com o uso de dados, e segmentos como turismo comunitário, de negócios e de práticas sustentáveis ganharam espaço, impulsionados por eventos como a COP30.
“Em economias modernas, o valor de uma nação não se mede só pelo PIB, mas pela capacidade de inspirar, atrair e influenciar”, afirma Chaves. Para ele, o desafio agora é transformar essa visibilidade em ganho estrutural e reposicionamento global. “Isso depende de coordenação entre turismo, cultura, diplomacia, comunicação e indústria criativa. Sem integração, o ‘Brasil na moda’ tende a ser apenas mais um ciclo.” O mundo voltou a olhar para o país — resta saber se esse interesse será convertido em legado econômico, reputacional e geopolítico.