Embarcação espaçosa: beach area, cinco suítes para até dez passageiros, closet, banheiro com duas pias e jacuzzi (Divulgação/Divulgação)
Daniel Salles
Publicado em 24 de setembro de 2020 às 05h55.
Última atualização em 11 de fevereiro de 2021 às 16h21.
Cristiano Ronaldo anda obcecado — e agora não é só com o próprio corpo. Como bem sabem seus 237 milhões de seguidores no Instagram, a nova adoração do camisa 7 é sua mais recente aquisição, que lhe foi entregue recentemente. Falamos do Grande 27 Metri, tido como o iate mais inovador da marca italiana Azimut e com o qual o jogador andou singrando a costa sul da França na companhia dos filhos e da mulher, Georgina Rodríguez — se o casal estava disputando para ver quem posta mais fotos com a embarcação como cenário, quem ocupa a dianteira é a modelo, com 21 milhões de seguidores no Instagram.
Pois esse mesmo iate do Cristiano Ronaldo pode ser encontrado — e também comprado — por aqui. A EXAME visitou a primeira unidade da embarcação fabricada pelo estaleiro brasileiro da Azimut, o único fora da Itália. Inaugurado há uma década, está localizado em Itajaí, em Santa Catarina, e se espalha por quatro galpões que somam 20.000 metros quadrados. Mais de 300 iates e megaiates, dos mais variados valores, já foram confeccionados no local. Até o final de agosto, quando foi entregue para o comprador, um empresário paulista cuja identidade não é revelada, o primeiro 27 Metri verde-amarelo estava ancorado, em fase final de testes, na marina da cidade.
O modelo se diferencia pelo uso desmedido da fibra de carbono como material estrutural. Conhecida por dar forma aos carros de Fórmula 1, é mais leve do que a matéria-prima normalmente usada pelos estaleiros, a fibra de vidro, utilizada, no caso, só para a confecção do casco, por se dar melhor com a água. O peso a menos permitiu ao designer italiano Stefano Righini tirar do papel um iate com 27 metros de comprimento e 350 metros quadrados de área. É uma dimensão que só os barcos com mais de 30 metros de comprimento costumam ter. “Pode parecer uma diferença pequena, mas, quanto mais compacto o barco, mais fáceis as manobras e maior o número de regiões nas quais ele pode navegar”, explica Francesco Caputo, diretor comercial da Azimut na América Latina.
A leveza da fibra de carbono também permitiu que Righini não economizasse no uso do vidro — quem tiver a oportunidade vai reparar que as janelas das suítes e das salas vão quase do chão ao teto. De quebra, deixa a embarcação mais estável e menos sedenta por combustível — o fabricante sustenta que o 27 Metri gasta metade do diesel de um iate similar feito só de fibra de vidro. Ripas de madeira teca são o piso da maioria dos ambientes, a começar pela chamada beach area, uma plataforma de 7,5 metros quadrados afixada na parte traseira. Acionada, mantém-se quase no nível do mar e pode acomodar um ombrelone e duas espreguiçadeiras, por exemplo. Suspensa, encobre uma garagem capaz de abrigar um jet ski ou um barco de apoio. Já o lounge do convés, geralmente a área mais frequentada em embarcações desse tipo, se espalha por 35 metros quadrados. Muito sol? O toldo com acionamento automático dá conta do recado.
Andares são três, desconsiderando a cabine do piloto, encapsulada entre o térreo e a cobertura. Esta dispõe de uma churrasqueira instalada ao lado de uma máquina de gelo e de um balcão com três bancos altos. Completam o ambiente uma mesa para oito pessoas, similar à da varanda do térreo e à da sala de jantar, duas espreguiçadeiras e uma jacuzzi para cinco pessoas. Quantas suítes? Cinco, para o conforto de até dez passageiros. A menor tem 13,5 metros quadrados; a máster, quase o dobro do tamanho, closet e banheiro com duas pias. De mármore, claro, como as das quatro outras suítes.
A decoração é assinada pelo arquiteto italiano Achille Salvagni, que revestiu as paredes internas com chapas de mogno com três tipos de acabamento e privilegiou formas redondas. Em formato de caracol, a escada interna ganhou degraus de pedra ônix, com iluminação interna. Convém esclarecer que o mobiliário pode ser alterado ao gosto do comprador.
O preço do brinquedo: 10 milhões de dólares, o equivalente a 55 milhões de reais. Na Itália, desde que o modelo foi lançado, em 2018, foram vendidas cerca de 30 unidades. No Brasil, estão sendo confeccionadas mais duas — nenhuma nasce sem dono. A segunda será entregue ainda em setembro; a terceira, em março de 2021. Se fosse importado, o iate custaria 50% mais, em razão dos impostos.
É de concluir que o setor enfrenta mares tranquilos. “O mercado brasileiro de iates já estava aquecido antes da pandemia e foi fortalecido agora”, diz Davide Breviglieri, CEO da Azimut no Brasil. A explicação: o surto viral e as restrições a viagens internacionais ainda no horizonte incentivam viagens locais. Se para o setor de cruzeiros a tormenta está longe do fim, para a Azimut os ventos sopram a favor. A expectativa da filial brasileira é terminar o ano com um faturamento de 250 milhões, um aumento de 25% em relação a 2019, o melhor resultado até aqui.