Melhor Transporte_MRSlogistica
Da Redação
Publicado em 16 de agosto de 2018 às 11h13.
Última atualização em 17 de agosto de 2018 às 19h50.
Detentora da concessão da malha sudeste, a MRS Logística tem uma rede não muito extensa: apenas 1 643 quilômetros, que cortam 105 municípios nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Enquanto isso, outras ferrovias no Brasil contam com mais de 10.000 quilômetros e, no mundo, há redes com mais de 30.000 quilômetros. Já em densidade de tráfego, a medida do volume de carga transportado por quilômetro, a empresa opera uma das dez maiores ferrovias do mundo. No ano passado, transportou 83.400 toneladas por quilômetro, mais que o dobro da média nacional.
Pelos trilhos sob gestão da MRS passam um terço da carga ferroviária brasileira e 26% das exportações do país. “Hoje, transportamos em um trimestre o que duas décadas atrás transportávamos em 12 meses”, diz Guilherme Mello, presidente da MRS. Em 2017, a empresa faturou pouco mais de 1 bilhão de dólares e teve um lucro de 158 milhões. Apesar do ano difícil — o lucro caiu quase 10% em termos reais —, a MRS despontou como a melhor empresa de transporte por seu conjunto de indicadores.
Mello atribui o bom desempenho a investimentos contínuos em automação e em renovação da malha e da frota. Em 2017, a MRS recebeu 15 novas locomotivas. Neste ano, vai receber 300 vagões, além de ter aprovado, em julho, a compra de outros 200. Até dezembro, o investimento da empresa deverá chegar perto dos 750 milhões de reais. Parte desse valor está sendo aplicada em testes de um sistema de inteligência artificial batizado de Trip Optimizer — software que permite uma condução semelhante à dos pilotos automáticos nas aeronaves. “Ele auxilia o maquinista nas decisões de frenagem, para não desperdiçar diesel e alcançar a condução ótima”, diz Mello.
A MRS tem 800 locomotivas e 19.000 vagões, que consomem 1,5 milhão de -reais em diesel por dia de operação. Segundo Mello, o sistema de inteligência artificial será crucial para diminuir essa conta. “Nos últimos quatro anos, tivemos redução de mais de 15% no consumo de combustível com a adoção de softwares que garantem maior produtividade.” Ele se refere, especialmente, a uma tecnologia chamada CBTC, sistema de controle que permite aos trens trafegarem em intervalos menores, mantendo a segurança da operação graças a um monitoramento eletrônico mais preciso. Pioneira no mundo ao adotar o sistema, a MRS reduziu a 3 quilômetros o intervalo entre os trens — antes eram 9 quilômetros. Isso a ajudou a bater recordes de produção. De 2007 a 2017, o volume de carga deslocado por suas locomotivas cresceu 35%, para 171 milhões de toneladas.
Em países como Estados Unidos e China, 45% da carga transportada passa por ferrovias. No Brasil, a fatia é de apenas 20%, índice que mostra que as ferrovias têm muito espaço para crescer. No caso da MRS, é possível elevar o volume transportado melhorando alguns pontos. “Temos 1.200 interrupções no caminho, entre passagens de pedestres, de carros, passagens ilegais e propriedades rurais, que obrigam o trem a diminuir a velocidade para operar com segurança”, diz Mello.
Outra frente de trabalho é a recalibração do mix de produtos. Há alguns anos, mais de 90% da carga que passava pelos trilhos da MRS correspondia a minério de ferro, carvão e coque. Em 2017, a fatia caiu para 70%. “É importante captar outras cargas com potencial para o transporte ferroviário, como a agrícola, e diversificar essa matriz.” Essa diversificação seria positiva não somente para a MRS mas também para a economia do país, pois reduziria os fretes e tornaria os produtos mais competitivos.