O discurso de empoderamento feminino fez bem ao negócio do paranaense Douglas Salvador. Ele é dono do Clube do Malte, uma loja virtual de cervejas artesanais cujo negócio mistura receitas de vendas avulsas e de assinaturas — a clientela paga uma mensalidade para receber kits selecionados pela empresa. Desde a fundação do negócio, em 2009, para cá, a fatia de clientes mulheres subiu de 10% para 34%. 

Em mais de uma década no ramo, Salvador ouviu muitos mitos sobre a relação entre mulheres e álcool. Um dos principais é o de que as mulheres teriam preferência por sabores mais suaves. Uma análise atenta aos dados do Clube do Malte mostra o contrário. As campeãs de vendas entre elas são as cervejas lupuladas, como as IPAs, amargas e com alto teor alcoólico. Elas representam 39%  das vendas, quase o dobro de rótulos Pilsen, mais leves (22%). “Nosso público feminino é formado por mulheres decididas, empoderadas e inteligentes”, diz Salvador. “Elas compram uma cerveja potente e encorpada.” 

Por que os números da Clube do Malte são importantes

As descobertas sobre hábitos de consumo de mulheres levaram Salvador a entender a relevância do Dia das Mães para o negócio. Em 2022, a loja virtual faturou 733.800 reais na data, alta de 90% desde 2019. No período, Salvador aposta na combinação de ofertas sazonais com ações de fidelização, como o envio de cartas de filhos para mães para associar o hábito cervejeiro ao Dia das Mães — “Ia te mandar uma cesta de café da manhã, mas achei mais legal uma cesta de cerveja, né? Mais a sua cara”, dizia uma elas. Em outra frente, a empresa deu descontos em assinaturas de kits. 

Neste ano, o Clube do Malte deve repetir a estratégia e, em paralelo, trabalhar melhor o marketing digital para atrair mais clientes mulheres. A previsão é que cresçam 16% as vendas de Dia das Mães, para 850.000 reais. No ano, a meta de Salvador é ter receitas de 16 milhões de reais. No que depender dele, muito disso virá do público feminino.