Revista Exame

O clube de charutos de Catherine Petit, diretora-geral da Moët Hennessy e Chandon Brasil

Catherine Petit, diretora-geral da Moët Hennessy e Chandon Brasil, aprecia fumar charuto em boa companhia — e de preferência com um espumante

Catherine Petit: hábito como ferramenta de networking (Leandro Fonseca/Exame)

Catherine Petit: hábito como ferramenta de networking (Leandro Fonseca/Exame)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 19 de janeiro de 2023 às 06h00.

Última atualização em 23 de agosto de 2024 às 17h07.

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"O charuto faz parte das coisas boas da vida. Para mim, dá para comparar o charuto com um bom vinho ou champanhe. O charuto envelhece, tem cheiro, alguns são mais leves, outros mais fortes, e há um mundo de harmonização com bebidas”, conta a francesa ­Catherine Petit, diretora-geral da Moët Hennessy e Chandon Brasil, sobre seu hábito. Ao ingressar no mercado de bebidas, Petit passou a se interessar ainda mais pelos charutos, que são degustados acompanhados de uísque, conhaque e até mesmo champanhe e espumante.

Em 2016, quando assumiu o posto de negociação da Moët Hennessy com países do continente africano, Petit encontrou nos charutos uma ferramenta de networking. “Os ambientes de negociação são bem masculinos, e muitos negócios são feitos em volta de charutos e bebidas”, conta. “Ao participar dessas reuniões, decidi que também ia fumar. Meu maior cliente acabou virando amigo. Festejamos uma boa venda bebendo Hennessy e fumando charuto. Sempre que nos encontramos em Paris ele leva um charuto para mim”, diz.

Além de acompanhar momentos de celebração, o hábito serve como uma pausa na rotina corrida. Para fumar um charuto é necessário tempo. Para parar, escolher um cigarro e a bebida que vai acompanhá-lo. E, claro, fumar. “É um processo que dura de 1 a 2 horas. O que para mim é uma coisa rara atualmente”, comenta.

No comando de 17 marcas de bebidas no Brasil, não seria difícil para Petit escolher uma bebida para combinar com os charutos. “As pessoas falam que você pode harmonizar qualquer bebida com charuto. Algumas confrarias adoram combinar com espumantes, o que é ótimo para nós”, conta, rindo. “Mas eu aprendi a fumar charuto bebendo conhaque, na África. Também gosto de misturar com uísque.” Para a executiva, as notas de madeira, couro e especiarias dos destilados combinam perfeitamente com o perfume dos charutos.

Além das bebidas que acompanham o trago, nesses momentos Petit prefere estar na companhia de amigos. Para ela, muitas parcerias foram feitas em torno da fumaça. É o caso da confraria feminina ­Czarine. “O lounge da Czarine foi criado por mulheres, pois há muitas tabacarias reservadas para homens. Agora temos um espaço somente para mulheres. Sou uma apoiadora de causas femininas”, diz.

Para a executiva, a relação com os charutos também tem traços de nostalgia. O pai de Petit costumava fumar à noite, antes de colocá-la para dormir. “Sempre fiquei interessada pela fumaça e tenho um nariz bem sensível. Meu pai me deixava tragar às vezes, quando eu tinha por volta de 12 anos. Não era uma rotina, mas acabei gostando”, comenta.

 

Catherine Petit (Leandro Fonseca/Exame)

 

A executiva também guarda histórias de viagens que permeiam o universo da tabacaria. Na Nigéria, a LVMH trabalha com distribuidores. Um deles, conta Petit, é rei de uma tribo, um homem muito poderoso e silencioso. Durante sua primeira visita, ela ficou impactada com as diferenças culturais em relação à França. “Tivemos uma discussão um pouco séria sobre importação. E lembro muito bem que tomamos uma garrafa­ inteira de conhaque, e a conversa teve a duração dos charutos. No final ele me disse: ‘Você é uma mulher de confiança’. No dia seguinte ele me mandou no hotel uma figura de ouro para trazer sorte. Isso me marcou muito.”

Países produtores de charutos, como Cuba e Trinidad, também estão na lista de viagens de lazer da executiva. Por lá, há um festival de degustação de charutos de uma semana. “Nunca fui, mas está nos meus planos”, comenta. Em Salvador, recentemente Petit conheceu a marca nacional Dona Flor. “Acho muito legal ter uma indústria de charutos brasileiros, como Chandon, que é um espumante brasileiro.” A marca que ela mais aprecia é a cubana Romeu e Julieta. “Como nas bebidas, existe um mundo de possibilidades. Além dos grands classiques temos as edições limitadas, charutos feitos com folhas envelhecidas, e por aí vai.”

A Chandon, uma das marcas sob o comando de Petit, apresentou no ano passado o novo rótulo Chandon Névoa das Encantadas, inspirado na Serra das Encantadas, no Rio Grande do Sul. O espumante premium, apenas de uva chardonnay, é elaborado sem intervenções, uso de açúcar e de aditivos. “Ingressar no universo dos charutos é como se iniciar nos vinhos, em que você passa a estudar sobre safras e assemblages”, diz a executiva.


Cortar, acender, puxar

Cinco dicas para quem deseja entrar nesse universo

→ Mente aberta
“Não tenha preconceito com o cheiro do charuto”

→ Saber escolher
“Comece a fumar charutos mais leves para treinar o paladar”

→ selecionar boas bebidas
“Harmonize com bebidas. Recomendo espumante, claro!”

→ Provar e provar
“Vale experimentar novidades, como marcas nacionais”

→ Ter boas companhias
“Vá ao Czarine Lounge, com uma adega aconselhada por Walter Salles, o maior conhecedor de charutos do Brasil”

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