Revista Exame

Na Moura, soluções caseiras reduziram o consumo de água

Na Baterias Moura não foi preciso ir muito longe para encontrar as melhores práticas para diminuir o consumo de água e as emissões de gases de efeito estufa

Sérgio Moura, Paulo Sales (copresidentes) e Edson Viana Moura (presidente do conselho): área de sustentabilidade recebe até 25% do total de investimentos  (Tiago Lubambo/Exame)

Sérgio Moura, Paulo Sales (copresidentes) e Edson Viana Moura (presidente do conselho): área de sustentabilidade recebe até 25% do total de investimentos (Tiago Lubambo/Exame)

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2018 às 05h34.

Última atualização em 23 de novembro de 2018 às 13h32.

Olhar para as melhores práticas existentes dentro de casa e disseminá-las por todo o grupo. Essa estratégia tem dado certo na Baterias Moura, fabricante pernambucana de baterias automotivas. Até 2013, para produzir cada peça, a Moura gastava, em média, 13,5 litros de água. Neste ano, reduziu o consumo de água a 7,5 litros e diminuiu em 31% as emissões de carbono. Para isso, analisou e comparou processos nas dez unidades do grupo para corrigir áreas que tenham impacto direto em sustentabilidade, replicar o aprendizado nas outras e consolidar um novo padrão.

Na gestão da água, a Moura apostou em um projeto de reúso de efluentes, desenvolvendo dois sistemas de tratamento da água usada na lavagem de baterias, última etapa da produção. Ela é reutilizada em sistemas de refrigeração, na lavagem de plástico no setor de reciclagem, na limpeza do piso da fábrica e na irrigação de jardins. No total, foram investidos 10 milhões de reais na criação dos sistemas, e a meta para os próximos anos é alcançar 50% de redução no consumo de água.

Em outra frente de atuação, a Moura lançou em 2009 o programa Carbono Zero, com metodologias internacionais de gerenciamento de gases de efeito estufa. Mapeou as áreas que precisavam de atenção e substituiu o óleo BPF, combustível derivado do petróleo, por gás natural, além de adquirir equipamentos com maior eficiência energética. No sistema de logística reversa, fez um trabalho em parceria com outras empresas para otimizar o transporte das baterias antigas e reduzir as emissões de carbono. Resultado: hoje, a Moura recicla 100% da sucata de bateria, reduzindo o risco de contaminação do meio ambiente por chumbo.

Ações como essas não custam pouco. Nos últimos cinco anos, a Moura dedicou à área de sustentabilidade de 20% a 25% do total de seus investimentos. Grandes somas foram usadas para adequar as linhas de produção. “Na hora de comprar um equipamento novo, levamos em conta sua eficiência e seu alinhamento com nossas metas”, diz Arnolfo Menezes, diretor de metais e sustentabilidade da Moura.

O próximo padrão a ser trabalhado é a busca da certificação de zero resíduo industrial. O índice de reciclagem de materiais já subiu de 87% em 2017 para 92% neste ano. E qual é o propósito de todas essas iniciativas? Garantir a perenidade de uma empresa já sexagenária — a Moura foi fundada em 1957. “Nossos clientes querem um produto de qualidade, feito por gente que gosta do que faz — e que quer continuar na atividade por muitos e muitos anos”, diz Edson Viana Moura, presidente do conselho da empresa.


INOVAÇÃO A SERVIÇO DA SUSTENTABILIDADE

Recebendo em torno de 50.000 sugestões de funcionários por ano, a montadora Volvo fomenta a cultura de inovação para buscar soluções que possam melhorar sua operação ou mesmo gerar novos negócios | Marília Marasciulo

Na montadora sueca Volvo, há uma relação direta entre inovação e sustentabilidade. Em busca de soluções para desafios que vão da economia de energia na operação diária a melhorias nas áreas-chave de conectividade, eletromobilidade e automação, a empresa considera que inovação pode ser algo simples. Por isso, estimula os funcionários a compartilhar suas ideias — e tem recebido em torno de 50.000 sugestões por ano.

Em geral, são propostas de pequenas adaptações para melhorar a rotina de trabalho. Em seu conjunto, porém, elas ajudam a fomentar na empresa a cultura de inovação — que está por trás, por exemplo, do projeto de aterro zero, que começou a ser desenhado há uma década e envolve mudanças na concepção de produtos. “Eles agora têm de partir da premissa de aterro zero”, diz Carlos Ogliari, vice-presidente de RH e assuntos corporativos do Grupo Volvo na América Latina. Dos materiais hoje usados na fabricação dos veículos, 96% são recicláveis. O restante é destinado a tratamentos em empresas homologadas. A cada ano são geradas 5.000 toneladas de resíduos.

A cultura de inovação também possibilitou o desenvolvimento de um caminhão autônomo para atender à demanda de um cliente do setor sucroalcooleiro que precisava de uma solução para reduzir a perda de 12% de sua produção anual de cana por causa do esmagamento de brotos pelas rodas dos caminhões que trafegam nos canaviais durante a colheita. Desenvolvido por engenheiros no Brasil, o novo caminhão autônomo elimina, sozinho, 4% dessa perda. Ele é programado para reconhecer as curvas de nível do terreno por um sistema de GPS, que garante uma precisão de 2,5 centímetros — margem impossível de ser alcançada quando o veículo é manobrado por um condutor — e permite que seja operado mesmo à noite. O primeiro lote de caminhões equipados com a nova tecnologia foi entregue ao cliente em meados deste ano. E, embora tenham sido criados para atender à plantação de cana, os veículos podem ser adaptados para outras demandas do agronegócio.

No ano passado, outra iniciativa de destaque na Volvo foi uma série de ações para comemorar os 30 anos de seu programa de segurança no trânsito. O Memorial da Segurança no Transporte, um museu aberto em 2016 em Curitiba, já recebeu mais de 20.000 pessoas e está entre os mais visitados da cidade. Além de aprender sobre a história da segurança no trânsito, o público pode simular a sensação de capotamento de um veículo em alta velocidade. “São experiências que funcionam como alerta”, diz Ogliari.

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